sexta-feira, dezembro 23, 2005

Uma história de Natal

Morreu há dois meses, na Escócia, o último soldado que protagonizou em 1914 (se não erro) uma bela e verídica história de Natal.
No dia de 25/12 desse ano as explosões e os silvos das balas nas trincheiras de ambos os lados acalmaram.
Depois..., param.
A certa altura, alguns soldados, receosos e desarmados, começaram a sair pacificamente das trincheiras. Primeiro, Alemães, logo depois Aliados.
Confraternizaram, jogaram à bola, alguns até desertaram.
A guerra parou por ali, durante uns dias.
Encheram de preocupações os respectivos Estados-Maiores.
Em suma, viveram em pleno o Espírito do Natal.
Nos anos seguintes a guerra prosseguiu, impiedosa, durante toda a quadra natalícia. 13 milhões de pessoas morreram naquela que afinal durante tão pouco tempo foi chamada de «a Grande Guerra».
Ficou esta história, que merece ser lembrada.
Um Santo Natal para todos
Pedro

quinta-feira, dezembro 22, 2005

UM GRANDE MARY & CHRISTMAS, Lda

O Natal é, e será sempre, a Grande reunião da Familia e Amigos. Esta é a minha pedra angular, para esta época. Sei ( e vocês também) que um sem número de pessoas, que pelas trapaças do "destino", têm um Natal sem Familia ou Amigos. Espero que o meu "destino" nunca me dê essa "prenda" num Natal futuro.

A todos os que contribuiram de forma tão generosa para o crescimento do nosso PIB os meus agradecimentos.
A empresa Mary & Christmas, Lda também deseja aos seus consumidores um SANTO NATAL.

Se tiverem que conduzir, neste Natal, façam-no com respeito por vocês e pelos que vos amam, evitando, catástrofes, como presenciei hoje na A2, em que houve algúem que não vai passar o Natal com os seus.



Um Grande e Forte Beijo a todos



TOBECAS

quarta-feira, dezembro 21, 2005


Camões, grande Camões, quão semelhante
Acho teu fado ao meu, quando os cotejo!
Igual causa no fez perdendo o Tejo
Arrostar co sacrílego gigante:

Como tu, junto ao Ganges sussurrante

Da penúria cruel no horror me vejo:
Como tu, gostos vãos, que em vão desejo,
Também carpindo estou, saudoso amante:

Ludibrio, como tu, da sorte dura
Meu fim demando ao Céu, pela certeza
De que só terei paz na sepultura:

Modelo meu tu és... Mas, oh tristeza!...
Se te imito nos transes da ventura,
Não te imito nos dons da Natureza.

Manuel Barbosa du Bocage, n. em Setúbal, morreu em Lisboa (no Bairro Alto) há precisamente 200 anos.
Natália Correia, entre outros, considerou-o o 2º maior poeta português.
Neste soneto Bocage compara as suas desventuras com as de as de Camões, que reconhece como modelo. E as semelhanças são muitas: Ambos cruzaram o cabo da Boa Esperança e andaram pelo oriente, eram boémios, briguentos, tiveram muitos amores e morreram quase na miséria.

Um Feliz Natal a todos!



Olá amigos!
Venho desejar a todos um Santo e Feliz Natal, cheio de saúde, amor, paz e felicidade.
Por muito repetidas que sejam, estas palavras, todos os anos, não consigo achá-las corriqueiras. Muito pelo contrário, cada vez lhes sinto mais o sentido. A importância da sáude é inconcebível, até ao dia em que ela falta. A importância do amor é esquecida, até que a solidão invade a nossa vida e lhe retira todo o sentido. A importância da paz é desleixada, até os problemas se instalarem na nossa vida, até ao conflito humano global bater à nossa porta e instalar-se no nosso país. A importância da felicidade é esquecida, por acharmos sempre que podemos deixar para "amanhã" o esforço que temos de fazer ou as coisas que temos de abdicar para abraçar o "outro" ou para conquistar aquilo que na realidade desejamos.
Por isso, meus amigos, o meu desejo é mesmo sentido.
Já agora, deixem-me acrescentar, que desejo também que este reencontro de amigos não seja em vão e que seja mais uma prenda no nosso sapatinho, todos os anos. E, à falta de melhor, porque o TEMPO ainda não faz parte dos desejos de Natal, que os nossos encontros no blog sejam um pretexto para irmos falando.
Mesmo assim, deixem-me desejar, igualmente, que o ano de 2006 seja preenchido com momentos bons e CHEIO DE TEMPO para a família, para os amigos e, acima de tudo, para nós próprios.
E, para todos nós, religiosos ou não, se formos crentes, que este Natal seja um renascimento do nosso espírito, nas águas da nossa Fé.
Um agradecimento especial ao Tobecas, pela persistência em reunir os amigos e pô-los a falar.
E um bem-haja ao Pedro por nunca estar calado, mostrando, assim, ser um verdadeiro actor do mundo.

Um beijinho da Tuxa e família (Diniz, Íris e Gonçalo)

terça-feira, dezembro 13, 2005

«Quando o real ultrapassa o absurdo»


No passado dia 10 comemorou-se o 57º aniversário da Declaração Universal dos Direitos do Homem.
O Governo, muito apropriadamente, decidiu assinalá-lo com uma reverente recepção de estado ao Senhor Primeiro Ministro da República Popular da China e sua comitiva.
Não contesto a necessidade da visita. Não posso é aceitar o timing escolhido, nem o mutismo cobarde das nossas autoridades.
É evidente que o dinheiro fala mais alto, mas não se compreende que o Governo Português, que prestavelmente ofereceu os seus bons ofícios para pressionar os seus parceiros comunitários no sentido do fim do embrago europeu de venda de armas à China - que dura desde o massacre de Tiannamen -, não tenha aproveitado o pretexto e a data, e o imperativo de consciência de quem se diz interprete de um estado de direito, para, ao menos para consumo interno, apelar por sua vez aos nossos distintos convidados para a necessidade de uma significativa melhoria no que respeita a tão sensível e importante questão.

Para além de um imperativo ético, o respeito dos direitos humanos na China constitui um problema económico. São as miseráveis condições de produção industrial no Império do Meio - típicas do capitalismo mais selvagem, que não respeitam o Homem nem a natureza - que sustentam o avassalador, mas frágil, crescimento da China e que a tornam um modelo insusceptível de competição...
Mas faltava a cereja em cima do bolo na actuação vergonhosa deste Governo - a assinatura de acordos, pasme-se, de cooperação na área da Justiça.
Ao ler esta entrada http://grandelojadoqueijolimiano.blogspot.com/2005/12/quando-o-real-ultrapassa-o-absurdo.html , imperdível, no blogue Grande Loja do Queijo Limiano, nem queria acreditar. Mas é verdade, está lá, obscenamente divulgado no portal do Governo: http://www.portugal.gov.pt/Portal/PT/Governos/Governos_Constitucionais/GC17/Ministerios/MJ/Comunicacao/Notas_de_Imprensa/20051212_MJ_Com_China.htm
O âmbito de tais acordos abrange «...situações como a entrega de documentos relativos a procedimentos penais, a solicitação de interrogatórios e inquirições, o envio de documentos, antecedentes criminais e de elementos de prova, a entrega temporária de pessoas que se encontram detidas para fins de realização de acto de investigação, (...) visitas de responsáveis ou de funcionários dos Ministérios da Justiça dos dois países, visitas de estudo de profissionais do direito...»

É realmente para afirmar «Quando o real ultrapassa o absurdo»

Ver p.e. «Christian Church Leader Arrested and at Risk of Torture For Possession of Religious DVDs» http://www.amnesty.org.uk/news/press/15836.shtml
ou

http://web.amnesty.org/library/Index/engASA170042001?OpenDocument&of=COUNTRIES%5CCHINA
ou ainda
http://news.bbc.co.uk/1/hi/world/asia-pacific/4491026.stm

News of the world: - Christmas, a palavra proscrita

em : http://www.zenit.org/english/
«Code: ZE05120304
Date: 2005-12-03
Christmas Making a Comeback
Annual Battle Starts With Victories
WASHINTON, D.C., DEC. 3, 2005 (
Zenit.org).- Christmas, it seems, is no longer a taboo word. This Tuesday, the Washington Times reported that U.S. House Speaker Dennis Hastert told federal officials that the tree on the West Lawn of the Capitol will be renamed the "Capitol Christmas Tree." In recent years it has gone under the name of the "Holiday Tree." Calling a Christmas tree a Christmas tree has become a hot issue in many communities, the article noted. In Boston last week the city's Web site referred to a tree erected on Boston Common as a "holiday tree." After protests and threatened lawsuits, Mayor Thomas Menino announced it would be referred to as a Christmas tree, a change also implemented on the city's Web site. The regular battle over Christmas decorations, carols and terminology started in early November, in a number of countries. The controversy got off to a start in the United States when Wal-Mart defended its practice of greeting people with "Happy Holidays" instead of "Happy Christmas." The company came in for strong criticism from Bill Donohue, president of the Catholic League for Religious and Civil Rights. In a press release dated Nov. 9 Donohue also criticized a Wal-Mart statement which claimed that Christmas was a composite of ancient traditions, made up of elements such as Siberian shamanism, Celt and Goth customs, and the worship of Baal. Donohue called for a boycott of the retail giant. The dispute quickly finished. Donohue announced two days later that Wal-Mart was withdrawing its statement about the origins of Christmas, as well as making some changes to its Web site. The company will, however, maintain the "Happy Holidays" greetings. In Australia, defenders of Christmas successfully reversed last year's defeats. Victoria state Premier Steve Bracks gave his official backing for public schools to have Nativity scenes, carols and other celebrations, the Herald Sun reported Nov. 21. The newspaper noted that last year several schools banned Nativity scenes and carol singing for fear of offending non-Christian children. PC gone crazy "Those who don't wish to participate don't have to, and those who wish to celebrate in their own way can do so," said Bracks. He added: "Even those from other faiths, of course, accept Christian celebrations and the government is keen to ensure there are no bans on any of these sorts of activities." The Catholic Archdiocese of Melbourne's vicar general, Monsignor Les Tomlinson, said bans on Nativity scenes and Christian themes were political correctness gone crazy, reported the Herald Sun. And in Sydney, the Lord Mayor, Clover Moore, announced a stronger Christian message in this year's celebrations, the Sydney Morning Herald reported Nov. 24. Last year's efforts were heavily criticized for being both low-key and not Christian enough, the paper said. For its part the Archdiocese of Adelaide organized a ceremony to bless figures destined for Nativity scenes, noted a press release Nov. 27. Archbishop Philip Wilson is importing the custom started by Pope John Paul II in Rome. The Holy Father used to invite Italian children to bring the figures from their Nativity scenes for a special blessing. Since 2003, the special blessing has been held in Adelaide on the first Sunday of Advent. "This is a wonderful tradition," said Archbishop Wilson, "reminding children and parents during the hectic Christmas period of the significant message of hope, peace, tolerance and forgiveness in the story of God incarnate in a baby born to a poor couple sheltering in a stable." Guilty feelings? Conflicts over Christmas celebrations are a theme of a recently published book. In "The War on Christmas," published by Sentinel, journalist John Gibson describes how restrictions on Christmas have increased in the United States, in spite of the fact that the population is overwhelmingly Christian. In schools Christmas trees are now commonly referred to as friendship trees, giving trees, or holiday trees. Children cannot hold Christmas parties, but instead have winter parties. Some schools, Gibson relates, have even banned the traditional colors of red and green in their zeal to change Christmas into a winter celebration. According to Gibson the majority of those in the forefront of banning Christmas are "liberal guilt-wracked Christians," aided by assorted secularists, humanists and cultural relativists. And organizations such as the American Civil Liberties Union (ACLU) provide the legal back-up. Often local officials will receive threatening letters objecting to any public display of Christmas. Faced with high legal costs if a court action results, school and municipal authorities are quick to comply, banishing any mention of Christmas. Gibson argues that the liberal mentality that seeks to eliminate Christmas regards religion as a completely personal activity that should be rigidly confined to private practice. But, curiously, it is only Christianity that is the target. Celebrations of Jewish, Hindu or Muslim feasts are not regarded as a threat, but as a welcome sign of cultural diversity. By contrast, any public display of Christian symbols or feasts is held to be culpable of excluding other groups, or imposing beliefs. The book gives ample space to a number of examples where Christmas symbols have been eliminated. In Covington, Georgia, in 2000 the school board was prevented from putting the word "Christmas" in the calendar, to identify the vacation period. ACLU lawyer Craig Goodmark argued that the use of "Christmas" in the calendar to describe the December vacation would be unconstitutional and conveyed a hostile message to non-Christian families. Seeing red The following year, in the Texas town of Plano, the elementary schools set about banning any possible Christmas symbols. The December holidays had already been deprived of their title of Christmas holidays, and the Christmas party renamed as a winter party. In 2001 school authorities prohibited students from writing "Merry Christmas" on the cards they gave to fellow students. And for the winter party the cups, plates and napkins could not use the red and green colors, as they were deemed to be Christmas symbols. Last December the Oklahoma town of Mustang saw a dispute over the content of the Christmas pageant at the local elementary school. For the last two decades the school had celebrated a pageant that included a Nativity scene, and also references to Kwanzaa (an African-American cultural festival) and Hanukkah (the Jewish Feast of Lights). But fears over possible legal action were raised. As a result, the superintendent of schools, Karl Springer, gave the order to remove the Nativity scene from the pageant, but the other, non-Christian, religious elements were allowed to remain. Gibson states that underneath the annual tussles over Christmas lurks a war against Christians. "It's open season on the constitutional rights of Christians," he writes. Defenders of the war on Christmas contend they are upholding the U.S. Constitution. This is incorrect, Gibson maintains, as what they are seeking to impose goes far beyond what the Supreme Court has determined. The Supreme Court, in fact, has never declared that a Christmas tree is unconstitutional or that the singing of carols should be prohibited. Likewise, it has never said that using the word "Christmas" on a public document is unconstitutional. Still, campaigners regularly declare these symbols should be banned because they violate the separation of church and state. The book concludes by noting how a reaction to the anti-Christian campaigns is now under way. An early gift for fans of Christmas.»

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Ter amigos é bom! E ter amigos com paciência de santos é mesmo muito bom!!!

Mais uma tentativa, para ver se resultou a lição do Pedro. Depois de saber utilizar esta "coisa" vou marcar presença mais vezes...Se isto resultar, hoje só quero fazer um desafio: Neste advento cada um de nós vai tentar contactar outro de quem não sabe há muito. Valeu?
Vou só experimentar se isto pegou.
Henriqueta

Ter amigos é bom! E ter amigos com paciência de santos é mesmo muito bom!!!

Pois é verdade, pessoal!Eu não sou loira... mas sou burra. Só agora, com explicações telefónicas do Pedro, consegui aqui entrar. Aliás, já entrava para bisbilhotar e ter algumas informações dos mais persistentes.Tentei diversas vezes, mas... nada. Agora vou recuperar o tempo perdido e têm de me aturar mais vezes. Acho que estas coisas das novas tecnologias são um espanto. Mas acho que ainda percebo menos disto do que do mistério da Santíssima Trindade!!! Enfim... lá vou aproveitando o que posso.
Agora um ar mais sério: Neste tempo de Advento pensei algumas vezes que seria bom recuperarmos o jogo ao amigo invisível. Ao menos para pensarmos uns nos outros e também para rezarmos uns pelos outros. Se, os que estamos por aqui mais perto nos encontrássemos um serão para rezarmos juntos???
Por hoje é tudo.
Abreijos (como diz o Pedro) para todos.
Henriqueta

Olá, cá estou eu

Até que enfim!!!

Fé e política

Esta reflexão, de além Atlântico, parece-me interessante para iluminar o nosso quintal, deixando-nos umas interrogaçõezitas no ar:
O texto é de frei Beto, famoso teólogo Dominicano brasileiro.
«Fé e Política
(...) O Brasil é caso raro de formação de militantes políticos a partir da fé cristã. Isso se deve às Comunidades Eclesiais de Base, às pastorais populares, à Teologia da Libertação. A novidade é que jamais houve a tentação desses cristãos formarem um partido confessional, com o é, na Itália, o PDC, Partido Democrata Cristão.
Política, Estado ou partido não pode ser confessional, segregando quem não professa a mesma fé. Este o erro dos partidos comunistas oficialmente ateus: professavam uma confessionalidade às avessas, elevando a descrença à condição de critério de ingresso em suas fileiras. Ficavam excluídos os revolucionários dotados de convicções religiosas. E também o povão, visceralmente religioso.

A laicidade das ferramentas políticas é uma conquista importante da modernidade. O que não significa relegar a fé à esfera privada. Como propõe o Movimento Nacional Fé e Política, deve-se saber articular a crença com a ideologia, o espaço eclesial com o político, sem que um queira invadir ou excluir o outro. Para os cristãos, a fé é a luz que os orienta em suas opções éticas e em seu projeto de sociedade centrado no princípio evangélico de que "todos tenham vida e vida em plenitude" (João 10, 10).
(...)
O Movimento Fé e Política, fundado no início dos anos 80, é atípico: não tem filiados nem burocracia e, no entanto, multiplica-se Brasil afora em inúmeros núcleos. São militantes de partidos, sindicatos, movimentos populares, ONGs, entidades do terceiro setor, que se interessam por equacionar sua vocação cristã com os desafios políticos. Aos encontros cada um chega por conta própria e a hospedagem é na casa do povo da região, convivência que facilita o intercâmbio e reduz os custos.

Por que Profetismo e Poder? Todos os profetas bíblicos foram políticos. Isaías atuou, no século VIII a.C., na corte de quatro reis de Judá: Ozias, Joatão, Acaz e Ezequias. Os primeiros doze capítulos de seu livro tratam, de modo especial, da arrogância e da hipocrisia dos governantes. Jeremias, no século seguinte, assessorou o rei Sedecias, que mais tarde o prendeu. Morreu exilado no Egito. Amós, talvez anterior a 750 a.C., denuncia a injustiça social e o terrorismo internacional.

É lamentável que os textos proféticos sejam tão atuais. Como temos evoluído pouco! Vejamos alguns exemplos: "Como se transformou em prostituta a cidade fiel! Antes era cheia de direito e nela morava a justiça; agora está cheia de criminosos! A sua prata se tornou lixo, o seu vinho ficou aguado. Seus chefes são bandidos, cúmplices de ladrões; todos gostam de suborno, correm atrás de presentes, não fazem justiça ao órfão e a causa da viúva nem chega até eles" (Isaías 1, 21-23).

Jeremias conclama a corte do rei de Judá: "Pratiquem o direito e a justiça. Libertem o oprimido da mão do opressor; não tratem com violência nem oprimam o imigrante, o órfão e a viúva; e não derramem sangue inocente" (22, 3). Amós não é menos incisivo: "Vendem o justo por dinheiro e o necessitado por um par de sandálias; pisoteiam os fracos no chão e desviam os pobres do bom caminho! Pai e filho dormem com a mesma mulher, profanando assim o meu nome santo. Diante de todos os altares eles se deitam sobre roupas penhoradas e no templo de seu deus bebem o vinho dos juros" (2, 6-8)

in http://www.adital.com.br/site/noticias/20207.asp?lang=PT&cod=20207

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Algumas notícias pessoais

Olá amigos,
Fico satisfeito por este blog continuar bem de saúde e com bastante actividade.
Estou a escrever para vos dizer que já nasceu o meu filho, e que podem ver umas (poucas) fotos dele em www.rafaelpedro.blogspot.com. (sim, eu sei que é o bébé mais bonito do mundo :)
Aproveito para indicar o blog da Teté (só tem alguns quadros e pouco mais):
www.depoisdocaos.blogspot.com
E o meu:
http://www.livejournal.com/users/limusine/ (este então é que não tem nadinha de jeito!)
Um abraço
JP
PS: não me esqueci das fotos dos MV que prometi publicar, mas ainda não tive tempo de fazer o scan.

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Sobre a pena de Morte nos EUA e outras divagações

A minha opinião sobre a existência (e a sua validade) da pena de morte em alguns estados dos "Unidos da América", é sempre confusa. Se estou a ver um daqueles filmes made in Volywud, tipo a Última Caminhada ou a Última Dança, é inevitável, mesmo sabendo que o personagem é culpado, não ter uma esperançazita que o governador à última da hora, se decida pelo perdão. Será o que me causa esse sentimento de compaixão, é ver o sentimento de arrependimento minutos antes da "liquidação"? Mas e se soubermos que fulano, matou x mulheres e ainda não contente, as violou?? Mesmo sabendo que se tornou cristão convicto, arrependidissímo, a nossa desculpa já é mais dificil, não é? E sempre a eterna questão... e se uma das mulheres fosse a nossa??
Se colocarmos a questão no mundo animal, o dente por dente, olho por olho, funciona na perfeição. O que come... acaba por ser comido. Sei que estamos um pouco acima do restante mundo animal ( estaremos??), mas por vezes não nos dá na real gana, a vontade da vingança, perante aquele que nos faz ou tenta fazer mal?? O que valerá, encarcerar um condenado à prisão perpétua, se além da reclusão, tem toda uma série de regalias e actividades?. A dor da perda de um ente querido, é enorme, como já todos sabem, mas se essa perda for provocada por outrem, não pediremos um pouco mais, além da reclusão?

À parte das penas capitais, por homicidio voluntário ( Pedro, ajuda aí...é a única maneira de ser condenado à morte?), e se alguém conduzir uma dessas armas com rodas e volante, vulgo automóvel, e que provoca um acidente com vitimas mortais, por negligência da boa conducta que um conductor deve ter, é equiparado ao mesmo individuo que entra num 7/11 e dispara contra quem lá está?, Não deveria ser??
Agora imaginem esta..........
E se um homem com muito poder, mesmo muito, mandar uns milhares de soldados sob o seu comando, para um lugar onde as condições são tão adversas que morrem que nem tordos, com uma falsa ameaça de armas de destruição massiva...é intocável, não é?
Veredito: Homicidio não voluntário. Pena: +4 anos como Presidente dos "Unidos da América".

Agora digam de Vossa justiça.

Bom fim-de-semana

Os bons selvagens...

Kenneth Boyd, condenado à morte nos estados da Carolina do Norte e do Sul, foi esta madrugada o milionésimo ser humano a ser institucionalmente assassinado pelos EUA, desde que o United States Supreme Court, em 1976, reintroduziu a possibilidade da pena de morte, numa controversa decisão que marcou um enorme retrocesso civilizacional.

Tal possibilidade foi acolhida em 38 dos 50 estados que integram a potência dominante. Uma clara maioria, portanto.

E em pleno sec. XXI, quando, em 1829, Victor Hugo, talvez o mais egrégio filho da França (e um dos meus heróis) , escreveu O último dia de um condenado, impressionante, belíssimo e imperdível libelo contra a pena de morte.

Confesso que, por mais que admire ou tenha amizade por alguém que por acaso defenda a pena de morte, ou a liberalização do aborto, não consigo evitar um involuntário aperto no estômago e uma certa condescedência íntima, fundada numa pontinha de desprezo por essa pessoa.

Sinto, e penso, que lhe falta um pouco de humanidade...

Nas ideias que defende existe um défice de civilidade, que reputo frustrante.

Reconheço que a maior parte dos defensores da liberalização do aborto são movidos por um impulso generoso. Trata-se, porém, de uma generosidade obtusa, que defende uma parte - a mãe -, inegavelmente fraca (numa grande parte das vezes), contra outra, ainda mais fraca e sempre sem alternativas - o bébé.

Ora, a civilização caracteriza-se, entre outras coisas admiráveis, por promover e consagrar mecanismos de defesa dos mais fracos contra os mais fortes - e os nascituros são, de todos, os mais fracos e os que carecem de maior protecção.

É essa a génese da Justiça, enquanto instituição humana que visa resolver os conflitos dos cidadãos e garantir a defesa dos princípios e bens que considera mais importantes (a liberdade, a vida e integridade física, a dignidade, a igualdade de oportunidades, a propriedade, etc.).

Criando regras objectivas e iguais para todos, provendo um árbitro isento e impedindo a justiça privada, as sociedades afastam a lei da selva (do mais forte) e tentam assegurar a todos os necessários meios de defesa.

Tais regras, porém, têm de ser eminentemente justas, sendo que podemos aferir a justiça e a civilidade de uma sociedade pelo tipo de regras que a regem e pela forma como tais regras são aplicadas.

Uma sociedade tem, naturalmente, o dever de se proteger a si própria, afastando os que atentam contra ela e garantindo a inviolabilidade e a respeitabilidade da lei. Por isso penaliza os crimes.

Porém, a sociedade não se pode vingar, sob pena de se tornar ela própria uma parte num conflito interno (nos conflitos externos é parte, mas para os resolver temos a diplomacia, e a guerra).

Ao vingar-se, a sociedade agacha-se, perde o bom senso e a objectividade, e reduz-se à contingência humana do simples indivíduo. Sendo melhor não o torna melhor. Torna-se, com ele, e como ele, extremamente limitada.

É por isso que, amando e admirando profundamente os E.U.A.
e reconhecendo que prefiro o respectivo império a qualquer outro (tremo só de pensar em ver a China ainda totaliária como potência dominante),
Não posso deixar de afirmar que os nossos generosos polícias de além Atlântico são, ainda, meio selvagens.

Com efeito:
- Admitem a pena de morte;
- Não censuram veementemente (penalmente) o aborto;
- Aceitam o livre porte de armas, admitindo a auto-defesa, verdadeira génese da justiça privada.

(Aliás, numa tendência extremamente preocupante, a pouco e pouco a guerra começa a ser literalmente feita por empresas privadas, como aconteceu recentemente no Iraque.)