segunda-feira, novembro 27, 2006

Nas últimas semanas aconteceu...





Dia 12 - Mais um magnifico concerto de Patricia Barber, na Aula Magna. O som não estava no seu melhor no inicio mas depois melhorou. Claro que ela fez questão de falar comigo outra vez...









Dia 22- Para a Carolina um dia muito importante, o pisar o palco pela 1ª vez, para a sua apresentação de piano. Quem sabe se um dia não vai pisar a Aula Magna....














Dia 24 - O aniversário do nascimento de um Amigo que merecia, não só, a nossa presença, apesar da tempestade que assolava o continente, mas uma surpresa que agradou muito, não só a ele mas a todos os presentes: a magnifica Silvia, acompanhada sem máqua, com a viola ( sim!! ainda é a mesma) do Viegas.















Prá semana há mais....ou não....

quarta-feira, novembro 22, 2006

Esta banda ainda vai dar que falar....

http://www.youtube.com/watch?v=46WtdAmDeWg

http://www.youtube.com/watch?v=fQRyeFwXP5g

Para quem não acompanhou o inicio da carreira desta banda, aqui fica uma prova, que as nossas bandas de rock, nos anos 70 e 80 não se ficavam atrás no estilo e forma de apresentação.

segunda-feira, novembro 20, 2006

Afinal quando é que nasceu o "bullying"?

"Dois estudantes liceais japoneses suicidaram-se este fim-de-semana depois de serem vítimas de bullying, revelou hoje a polícia numa altura em que no Japão há um repúdio da opinião pública contra as humilhações, ofensas, agressões e intimidações nas escolas" 13/11/2006.

Um rapaz de 14 anos enforcou-se, por ter sido roubado por colegas....uma rapariga saltou de um 8º andar ao ser gozada por ser muito baixa...

Isto é estranho...digo eu. Das duas uma: Ou os jovens de agora são umas florzinhas de estufa e não aguentam nada, ou a malta do meu tempo, nascida nos 60's e 70's aguentava tudo...até iamos à tropa....!
Este tão mediático fenómeno do "Bullying" será tão novo como nos querem fazer querer, ou agora é que lhe estão a dar atenção, porque nasceu o CCTV?

Quem nunca gozou com o gordo, com o coxo, com o caixa d'oculos, com o marrão, com a mamalhuda, com os apelidos esquisitos... sei lá...tantos nomes feios...que atire a 1ª pedra.

Desde já informo que não aceito, práticas de violência, como enfiar a cabeça do colega na sanita, espancar e coisas parecidas. Mas deixem-me explorar mais o assunto por outras vertentes:

Se durante o ciclo básico e liceal tal comportamento é ou deverá ser reprovado, porquê a entrada na universidade, tem a sua secular prachadela, e já é aceite?Será uma zona preparatória, para o que virá de pior?
Quando havia o SMO (serviço militar obrigatótio), quem por lá passou, sabe bem que tipo de bulling por lá se fazia...e já não estamos a falar de miúdos.
Quando se entra numa empresa, qual é a primeira coisa que nos acontece? O bullying! Porque não temos uma roupa assim ou assado, porque a colega não sabe falar ao telefone ou enviar um fax...

Como se de um passe de mágica se tratasse, deixa de ser bullying, lembrarmos ao árbitro o percurso profissional da sua mãe, chamarmos corrupto, à boca cheia a qualquer autarca, sem o visado ser julgado, ou simplesmente ter um programa de TV onde se escarna de orelhas grandes estaturas pequenas, sopinhas de massa, etc.

Não procurei na história, mas a criança Jesus, moradora em Nazaré, como seria ela tratada pelos seus amigos?
A coisa a que chamam "bullying", não será uma coisa que é comum a todos os mortais, simplesmente por que não aceitamos o nosso semelhante com os seus defeitos ou virtudes?
O Hitler era um maluco pelo "bullying"?

Como remate final e prontinho a ouvir as vossas opiniões, deixo esta:
Não será que nos está na massa do sangue, gozar, tratar mal aos que nos saem dos padrões?
É com muita educação, aos nossos filhos ( A minha Carolina já diz mal a torto e a direito do Sporting ou do Porto, apesar das minhas repreensões) que se consegue deixar este comportamento, mas no nosso ADN deve ser uma coisa natural. Porque me dá tanto gozo contar anedotas de Jeovás? Porque sim? Ou porque nos dão cabo da campaínha?

sábado, novembro 18, 2006

Para amenizar

Estas dedico aos Zés
- Clapton & Knopfler: I Shtot The Sheriff
Layala
Same old blues
Wonderfull Tonight
Sultans of Swing
Money for nothing, (com uma sofisticada baterista, numa versão que melhora a monotonia e pobreza da versão original).

quinta-feira, novembro 16, 2006

«Aumento da violência nas escolas reflecte crise de autoridade familiar»

Notícia da Lusa, de 10/11/2006
«Especialistas em educação reunidos na cidade espanhola de Valência defenderam hoje que o aumento da violência escolar deve-se, em parte, a uma crise de autoridade familiar, pelo facto de os pais renunciarem a impor disciplina aos filhos, remetendo essa responsabilidade para os professores.
Os participantes no encontro "Família e Escola: um espaço de convivência", dedicado a analisar a importância da família como agente educativo, consideram que é necessário evitar que todo o peso da autoridade sobre os menores recaia nas escolas.

"As crianças não encontram em casa a figura de autoridade", que é um elemento fundamental para o seu crescimento, disse o filósofo Fernando Savater.
"As famílias não são o que eram antes e hoje o único meio com que muitas crianças contactam é a televisão, que está sempre em casa", sublinhou.
Para Savater, os pais continuam "a não querer assumir qualquer autoridade", preferindo que o pouco tempo que passam com os filhos "seja alegre" e sem conflitos e empurrando o papel de disciplinador quase exclusivamente para os professores.
No entanto, e quando os professores tentam exercer esse papel disciplinador, "são os próprios pais e mães que não exerceram essa autoridade sobre os filhos que tentam exercê-la sobre os professores, confrontando-os", acusa.
"O abandono da sua responsabilidade retira aos pais a possibilidade de protestar e exigir depois. Quem não começa por tentar defender a harmonia no seu ambiente, não tem razão para depois se ir queixar", sublinha.
Há professores que são "vítimas nas mãos dos alunos"Savater acusa igualmente as famílias de pensarem que "ao pagar uma escola" deixa de ser necessário impor responsabilidade, alertando para a situação de muitos professores que estão "psicologicamente esgotados" e que se transformam "em autênticas vítimas nas mãos dos alunos".
A liberdade, afirma, "exige uma componente de disciplina" que obriga a que os docentes não estejam desamparados e sem apoio, nomeadamente das famílias e da sociedade."
A boa educação é cara, mas a má educação é muito mais cara", afirma, recomendando aos pais que transmitam aos seus filhos a importância da escola e a importância que é receber uma educação, "uma oportunidade e um privilégio".
"Em algum momento das suas vidas, as crianças vão confrontar-se com a disciplina", frisa Fernando Savater.
Em conversa com jornalistas, o filósofo explicou que é essencial perceber que as crianças não são hoje mais violentas ou mais indisciplinadas do que antes; o problema é que "têm menos respeito pela autoridade dos mais velhos".
"Deixaram de ver os adultos como fontes de experiência e de ensinamento para os passarem a ver como uma fonte de incómodo. Isso leva-os à rebeldia", afirmou.
Daí que, mais do que reformas dos códigos legislativos ou das normas em vigor, é essencial envolver toda a sociedade, admitindo Savater que "mais vale dar uma palmada, no momento certo" do que permitir as situações que depois se criam.
Como alternativa à palmada, o filósofo recomenda a supressão de privilégios e o alargamento dos deveres.»
Fernando Savater n. 21/6/1947 em San Sebastian, é um dos mais importantes ou populares filósofos da actualidade. Catedrático de Ética na Universidade do País Basco, tem produzido uma prolífica, notável e reconhecida obra escrita - filosofia; ensaios; artigos de intervenção cívica, social e cultural; narrativa e teatro -.
P.S. Esta notícia foi também divulgada no Público aqui.

sexta-feira, novembro 10, 2006

Por falar em mortos... Trissomia 21 e referendo ao aborto

«O meu testemunho
Tanto para os que me conhecem melhor, e já sabem um pouco da minha vida, como para os que não, passo a explicar... Tenho 36 anos e sou mãe de três crianças. Uma de onze, outra de seis e a última de dois.
A última nasceu com Trissomia 21 (síndrome de Down - vulgo Mongolismo).
Soubemos isso no ínicio da gravidez, o que nos fez passar por determinadas situações dolorosas, difíceis e muito "estranhas"....
Este tornou-se para mim num assunto "delicado" e incrível.
Sempre fui leve em relação ao assunto do aborto, até me ver na situação.
Como já disse, nós soubemos da deficiência da nossa filha Leonor às 16 semanas de gravidez.
Foi um enorme choque, como devem calcular... Imediatamente após a notícia, foi-nos IMEDIATAMENTE comunicado pelo médico que poderíamos abortar e teríamos de decidir até às 24 semanas...
Por lei eu podia "abortar".
De repente, sem mais nem menos, estava nas minhas mãos a vida de alguém... No que quer que eu decidisse a lei apoiava-me, tal como a maioria da sociedade... Édesconcertante este sentimento... Poder "anular" uma vida à vontade, sabendo que toda a gente me entende e apoia (mesmo que não concorde).
Tudo isto porque ela não é normal...; é diferente, tem um atraso mental que nunca a vai deixar tirar um curso superior, casar e ter filhos... Por estas razões eu posso matá-la. A sociedade apoia, paga e assina por baixo!!!
Achámos (o Zeca e eu) que temos os filhos para ELES serem felizes (e não nós -Pais - como muita gente acha).
A felicidade é relativa e não passa obrigatoriamente por cursos superiores nem casamentos. Além de que, aprofundando o assunto, estas crianças mongolóides são tão mais descomplicadas que naturalmente são felizes.
Fiquei radiante quando me apercebi e me consciencializei de que dos meus três filhos uma já ia ser feliz... aos outros dois eu ainda tinha muito que os ajudar... E isso deu-me imenso conforto!!
A mongolóide era certamente a feliz!!! Que bom e maravilhoso ter essa certeza!

Quantos de vocês têm essa segurança em relação aos vossos filhos ditos normais?
Bom, isto tudo para dizer que apesar de não desejarmos uma criança deficiente, não querermos, não nada, nunca (apesar de neste caso a lei dizer que sim) pensámos em matá-la!
Além de matar, viver uma vida de família em cima de uma morte seria muito duro para nós, e uma grande cobardia em relação àquela criança na minha barriga que não pediu NADA.
Com olhos em bico ou não, mais lenta ou não, eu não posso matar a minha filha!!!

NÃO TENHO ESSE DIREITO, independentemente de haver quem ache que sim.
A minha vida vai mudar? Sim.
Vou estar enfiada em terapias? Sim.
O coração dela está bem? não sei
.Os outros orgãos? Não sei.
Ouvirá bem? não sei.
Verá bem? não sei.
Vocês sabem antes dos vossos filhos nascerem?
Têm certezas?
A partir desse momento e desses meses, a história do aborto tornou-se tão clara para mim que gostava que lessem para ver se concordam...
Estou um pouco cansada destes mail's todos muito técnicos (apesar de válidos), cheios de leis e palavras difíceis, quando no fundo tudo se trata de RESPEITO À VIDA.
Se é das 10 semanas ou 12 ou 24. Se é despenalizar ou liberalizar, se é psd, pp, ps, ou bloco, se, se, se... A pergunta que nos vão fazer é, (esqueçam o que os a favor chamam "despenalização" e os contra "liberalização"):
- Qualquer mulher (pobre ou rica, com ou sem problemas) se não quer ter um filho pode matá-lo até às 10 semanas de idade?

Sim ou não?
Podem ou não?
Comecei a pensar: há tanta gente que tem pena destas mulheres... eu também tenho... elas não queriam engravidar... não têm dinheiro... não têm casa... são drogadas... têm 15 anos... Qual a solução?
Matar o filho, claro!
É efectivamente uma solução, que tanta gente apoia e está pronta a pagar essa morte do seu próprio bolso.
Lembrei-me depois, no seguimento deste raciocínio, que há outras mães nessas condições...
Lembram-se da mãe da Joaninha?

Aquela mãe que matou a filha de 5 anos e que está presa? E que Portugal INTEIRO se revoltou contra ela?
Mas ela, coitada, também não tinha condições de ter a Joaninha... Perdeu o emprego, não conseguia ajudá-la... e achou que para ela ter uma vida assim, mais valia matá-la; no fundo era um acto de amor e proteger a sua filhota de sofrer....
E dentro do mesmo contexto, achou bem. Matou-a. Provavelmente ela não deu por nada, tal como os bebés na barriga, e acabou-se o problema.

São dois casos idênticos, mas vocês reagem de maneira diferente... É engraçado... num revoltam-se... noutro, ainda estão a pensar nas pobres mães que não os podem criar.
QUAL É A DIFERENÇA????
A diferença é que vocês viram a cara da Joaninha na TV, sentiram-se "atingidos e sensibilizados", e o bébé de 10 semanas não o viram.

É mais fácil matar quem não se conhece a cara.
É cobardia.
O coração bate em ambas.
Pensem bem... duas mães que matam os seus filhos pela mesma razão. Exactamente. Uma pode e deve ir para a cadeia... outra nem pensar... coitadinha. Além de que isto tudo é secundário.

A mãe, lamento, não está em causa no referendo, ao contrário do que nos impigem.
O que está em causa é o filho.
Pode-se matar ou não?
É sobre ele que vamos decidir.
Há quem lhe chame "despenalização", eu (Bita) chamo MATAR.
Vocês consideram que a vida de um ser humano tem valor menor do que a dignidade da mãe?
Acaso assassinar um ser humano inocente e indefeso não seria um crime maior do que o estupro sofrido pela mãe?
O aborto não é um direito da mulher.
Ninguém tem direito de decidir se um ser humano vive ou não vive, mesmo que seja a mãe que o acolheu no seu ventre.
A mulher tem o direito de decidir se concebe ou não. Mas desde que uma vida foi gerada no seu seio, é outro ser humano, em relação ao qual tem particular obrigação de o proteger e defender.
Meus queridos amigos, gostava que quem ainda não pensou no assunto, pensasse.
Vamos brevemente decidir sobre a ética do nosso País. Sobre se podemos ou não abortar livremente até às 10 semanas.
Segundo alguns, quase toda a Europa já aborta, matando as suas crianças... só Portugal é que está atrasado.
Fico radiante por o nosso atraso ser bom em algumas situações. E tal como fazemos com os nossos filhos, dos colegas da escola devemos copiar os bons alunos e não os maus.
Temos de saber o que devemos trazer de exemplo da Europa e o que NÃO DEVEMOS copiar. Além de que muitos deles já estão arrependidos das decisões tomadas, mas agora é tarde demais para voltar atrás.
Nós é que estamos SUPER ATRASADOS!!!

Votem contra a morte.
Não se abstenham, é uma vergonha.
Na dúvida, escolham a VIDA!
Tenham tomates para dizer a vossa opinião em público.
E mais, acabou-se o modernismo de "eu sou contra, mas cada um sabe de si".
NÃO! Se é contra, explique e convença os outros. Abra-lhes a mente.
Vocês têm essa obrigação, de ajudar os indecisos, e quem não vê nem entende, a entender.
E não metam isto nas mãos dos católicos. Este assunto da vida tem a ver com Budistas, Católicos, Ateus, etc... é um assunto de ética moral da mais simples...
Desde que nascemos que aprendemos: - Não se mata. Matar é mau.
Chega de estar tudo no seu canto a opinar e os políticos a decidir se matamos ou não os nossos filhos
.E vocês, Pais (homens) , mais do que ninguém, falem!
Alguém vos perguntou se podem matar os vossos filhos? Vocês nem têm voz.
A mulher decide tudo sozinha! (coitadinha)
Desculpem se me exalto na escrita, mas realmente acho que andamos todos a brincar às leis e com a vida das pessoas...»
Bita Almeida Lupi Belo

quinta-feira, novembro 09, 2006

(ainda) O Culto dos mortos

«Enchem-se de gente os cemitérios num deprimente cortejo de vaidades.
O culto dos mortos é a outra face de quem passa os dias a atropelar os vivos.
Matamos os próximos com egoísmos e ambições sem limite.
E depois erguemos-lhes túmulos de luxo enfeitados com flores importadas.

Os mortos não existem em lado nenhum.
Só há pessoas ainda a viver na História e pessoas a viver já para lá da História.
É estupidez crassa converter em jazigos de família as campas onde se decompõem os
restos das pessoas que partiram;
e deixar multidões a viver sem tecto e sem afectos.

Morrer é simplesmente nascer para novas dimensões; como o nascer já foi morrer
para as acanhadas dimensões do útero materno.
Na vida nada se perde; tudo se transforma.
Felizes as pessoas que vivem abertas a esta boa notícia de Deus
e fazem das suas vidas um dom para os demais.

No cristianismo de Jesus não há culto dos mortos.
Os relatos fundadores aí estão a gritar desde o princípio: Porque procurais
nos túmulos aquelas aqueles que vivem em dimensões outras que nem os olhos viram
nem os ouvidos ouviram? Quem agir sem ter em conta este grito continua a ser pagão.

Igrejas com culto dos mortos são agências funerárias disfarçadas onde tudo gira em
redor dos mortos. Tirem às paróquias o culto dos mortos e pouco restará.
A originalidade da Igreja frente ao paganismo é aceitar perder a vida pela vida.
E assim testemunhar que só há ressuscitados no ressuscitado Jesus!

Quem quiser fazer memória dos familiares e amigos que já passaram deste limitado
útero que é o planeta ao infinito Oceano de paz e de liberdade que é o Deus Vivo fonte
de todo o ser-viver não tem que ir a correr meter-se num cemitério ou numa igreja.
Convide e sente os pobres à sua mesa.

Mesas partilhadas com os pobres onde cada qual é tratado como irmão e como
amigo têm tudo de Eucaristia e de vida celebrada. Revelam e anunciam que outro
mundo é possível e querem-no realidade todos os dias e em toda a terra. São por
isso mesas fecundamente conspirativas.

Experimentem e verão como no decorrer duma refeição assim a vida de cada qual
conhecerá surpreendente transformação.
No final sentimo-nos bem mais humanos do que no começo. E com vontade de acolher e
de abraçar até os inimigos. Sinal claro de que vivem os que tínhamos por mortos.»
Padre Mário (Padre da Lixa) - 01.Nov.2006

domingo, novembro 05, 2006

Os cemitérios

A propósito dos recentes roubos e actos de vandalismo em cemitérios, o Bispo de Viseu, D. Ilídio Leandro afirmou, em notícia divulgada pelo semanário Sol:
«A simplicidade é um valor a defender na vida e no espaço de acolhimento aos mortos.»
«A melhor forma de celebrar as pessoas amadas é estimando-as em vida e não através de objectos decorativos de cariz religioso
«Não venero os cemitérios. A permanente visita a lugares de mortos não ajuda à crença na ressurreição e a manter a esperança na vida», ensina D. Ilídio Leandro, respeitando, no entanto,«os sentimentos das pessoas que procuram olhar para os seus entes queridos mantendo uma relação afectiva através de objectos», mas não deixando de sublinhar «...que a melhor forma de celebrar as pessoas amadas é cuidando delas enquanto vivas».
Não obstante, o Bispo de Viseu vê «de forma apreensiva» todo o tipo de assaltos, a cemitérios, igrejas ou casa paroquiais. «O cemitério era um local considerado muito especial, até preenchido de tabus e de medo de pisar terreno sagrado». Actualmente isso não sucede. «Os assaltantes não respeitam nada nem ninguém».
Magistral (e aqui o termo é usado em sentido próprio)!

sexta-feira, novembro 03, 2006

Também somos fazedores da pobreza?

«Queridas amigas e amigos,
Há poucos dias fomos surpreendidos pela novidade maravilhosa da atribuição do prémio Nobel da Paz ao Prof. Muhammad Yunus, o criador do microcrédito dos tempos modernos e fundador do Grameen Bank.
Alguém mais distraído poderia interrogar-se: "Mas o que é que o prémio Nobel da Paz tem a ver com um banqueiro?".
De facto, estamos habituados a olhar para os Prémios Nobel da Paz como individualidades que contribuíram definitivamente para que a paz, em algum tempo e em algum lugar, tivesse sido alcançada, pelo papel desempenhado pelo laureado ao interpor-se entre os beligerantes.
Este ano, o prémio foi atribuído a alguém que, porventura, nunca se encontrou confrontado com o teatro de guerra.
A alguém que, porém interveio, decisivamente, no terreno onde se desenvolvem os germens fundamentais da violência e das guerras, aplicando, com eficácia, uma das vacinas que permitem erradicar a sua razão de ser: a luta contra a pobreza. E isto através de ideias simples e meios pouco dispendiosos.
Yunus lembra-nos, permanentemente, que a pobreza não tem que viver definitivamente entre nós.
Ela é uma criação artificial do nosso modo de estar e da nossa forma de organização em sociedade.
O Comité Norueguês para a atribuição do Nobel da Paz, no seu comunicado de imprensa, anunciando a atribuição do prémio sublinha: Qualquer pessoa no mundo tem a capacidade e o direito a viver uma vida decente.
Em diferentes culturas e civilizações, Yunus e o Grammen Bank mostraram que, mesmo os mais pobres dos pobres, podem trabalhar para realizar o seu próprio desenvolvimento.
Como é que esta mensagem interpela cada um de nós, nos nossos comportamentos e modos de estar, enquanto obstáculos ao desenvolvimento e à afirmação daquela capacidade?
O próprio Yunus sublinha a ideia de que a pobreza não é algo de natural na nossa presença humana sobre a terra. Ela é, antes, uma criação artificial das nossas formas de organização da vida em sociedade e dos nossos comportamentos.
Estaremos, em Portugal, a construir edifícios de vida comum que contribuam para que, nas nossas casas, nas nossas escolas, nos nossos locais de trabalho, nas nossas ruas, nas nossas formas de manifestação colectivas, se elimine a pobreza e se viva a paz?
Pensamos que a pobreza é um problema criado pelos pobres, ou temos consciência de que é o nosso modo de organização social e económica que produz a pobreza?
No quadro daquilo que pensamos, que experiências transportamos no campo da superação da pobreza, da inclusão de pessoas e da construção da paz?»
Jorge Wemans e Manuel Brandão Alves
Outubro / Novembro de 2006
(in: texto para o Encontro de Novembro do Movimento Católico de Profissionais)