terça-feira, setembro 19, 2006

Ainda o Papa...

Sobre este assunto, e mais ou menos no mesmo sentido, outra vez o imperdível funes.
Transcrevo o texto originalmente postado aqui:
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Funes, el memorioso
2006-09-17
(...) Antes de mais, ao que eu disse anteriormente, quero acrescentar que nem sempre o facto de uma realidade ser absolutamente evidente significa que seja uma realidade que deva ser proclamada.
Há uns dias, por exemplo, quando levei a minha filha ao colégio, cruzei-me com aquela que, por unanimidade do meio masculino, era considerada a mais bela e deslumbrante mãe de todos os alunos. A senhora, de um moreno de solário repugnante, parecia ter passado o Verão num vazadouro de dejectos nucleares. E não contente com isso, tinha adoptado o tipo de penteado desgrenhado com que os realizadores de cinema costumam caracterizar as bruxas. Deve ter gasto uma fortuna para se colocar naquele estado. Metia nojo.
Apesar desta evidência, ninguém a referiu. A boa educação impede que determinadas evidências sejam proclamadas.
Do mesmo modo, não por boa educação, mas por falta de oportunidade política, Joseph Ratzinger devia ter-se abstido de proclamar as evidências relativas à natureza intrinsecamente violenta da doutrina de Maomé.
Simplesmente, acontece que - ao contrário do seu deplorável antecessor - Bento XVI é um intelectual e um académico, não uma estrela pop. E quando fala, não fala para os media, fala para o meio universitário que é o seu.
João Paulo II, por intuição ou por educação, conhecedor profundo das técnicas de comunicação de massas, largava uns sound bytes e mundo rendia-se-lhe. "Não tenhais medo", "que Cuba se abra ao mundo e o mundo se abra a Cuba" são, evidentemente, bojardas articuladas sem significado absolutamente nenhum. Fizeram, no entanto, a fama e a glória de Carol Wojtyla.
Bento XVI não é assim. A sua fé não é a fé popularucha dos santinhos, das alminhas, dos milagres ao nono dia depois das rezas a S. Judas Tadeu e das aparições de Nossa Senhora nas azinheiras do Mediterrâneo e nos mangais da América Latina. A fé de Bento XVI é uma fé esclarecida e exigente, que não está ao alcance da alma simples do povo. Daí, a sua distância. Daí, o seu orgulho. Daí, o brilho do seu olhar, onde se pode ler tudo, menos a humildade cristã.
Daí, também, a natureza substancial do seu discurso, que é para ser lido no recolhimento do gabinete de estudo e não para ser ouvido no terreiro da multidão.
Foi por não compreender a natureza ignara das massas e dos media que Bento XVI disse o que disse. Foi por confundir o povo com os seus alunos e por não se aperceber que aos media não interessam nada as ideias, mas o mero espectáculo do sound byte, que ele deixou escapar a malfadada citação sobre a violência do profeta.

Hoje só pode estar arrependido.
João Paulo II nunca teria cometido um erro tão grosseiro.

Dá a sensação que, por um momento, o Espírito-Santo abandonou o papa actual.
posted by Funes, o memorioso»

Ainda em relação a este assunto, interessante, também, o postal de João Pereira Coutinho, aqui.