sexta-feira, maio 25, 2007

A visão dum cientista sobre religião

Caros MV

Gostaria de partilhar convosco algumas citações do cientista Freeman Dyson sobre a visão dele da Religião.

Numa altura em que saiem livros como os de Richard Dawkins "God Dellusion", importa ver também o outro lado. Não o de teólogos (e há alguns muito bons, como este http://en.wikipedia.org/wiki/Keith_Ward , ) mas de alguem "neutro", por assim dizer...

As citações estão no meu blogue (desculpem está em Inglês):
http://limusine.livejournal.com/16413.html


Abraços

Joao Pedro

terça-feira, maio 08, 2007

Hoje é o dia...
Foi, no passado Domingo.
A ler (passe o atrevimento) no blogue da paróquia.

T3 - Don't worry He'll be back

aqui

domingo, abril 22, 2007

Vigília das bodas de ouro sacerdotais do Pd. Cardoso.

Acabou há pouco.
Alguns textos, poemas e fotos podem ser vistos/lidos no blogue da paróquia. Aqui.

sábado, abril 07, 2007

BODAS DE OURO SACERDOTAIS

AMIGUINHOS, ESTÁ PRÓXIMO DE ACONTECER A CELEBRAÇÃO DOS 50 ANOS DE SACERDOCIO DO NOSSO PADRE CARDOSO.
PARA ASSINALAR A DATA EIS O PROGRAMA:

21 DE ABRIL - VIGILIA - 21.30 - IGREJA P. ALGÉS
22 DE ABRIL - EUCARISTIA - 11.00 -IGREJA P. ALGÉS ( 10.00 ENSAIO DOS CANTICOS)
22 DE ABRIL - ALMOÇO CONVIVIO - APÓS EUCARISTIA - RESTAURANTE CARAVELA - ALGÉS

PARA PARTICIPAR NO ALMOÇO, QUE TEM UM PREÇO DE 25.00 €/PAX, É NECESSÁRIO CONFIRMAR COM A HENRIQUETA ATÉ DIA 15.

contactos: henriqueta.reis@netcabo.pt ou 96 308 15 58


sexta-feira, fevereiro 02, 2007

É verdade, o aborto é uma questão de consciência... Oiça-a!

Sabia que:
- aos 8 dias (1 semana)
O bebé produz uma hormona, que suprime o período menstrual da mãe.
A primeira célula cerebral do bebé aparece.
- aos 18 dias
O coração do bebé começa a bater e já se lhe poderia fazer um electrocardiograma (ECG).
- aos 20 dias
O coração do bebé está num estado avançado de formação.
Os seus olhos começam a formar-se e o seu cérebro, coluna e sistema nervoso estão praticamente completos.
- às 4 semanas
Os músculos do bebé desenvolvem-se e os seus braços e pernas já são visíveis.
O bébé neste momento está já 10.000 vezes maior que o seu tamanho inicial.
- às 5 semanas
O sangue que corre nas veias do bebé é diferente do sangue da mãe.
A hipófise forma-se e a sua boca, orelhas e nariz começam a delinear-se.
- às 6 semanas
A cartilagem do esqueleto do bebé está completamente formada e começa a ossificar.
O cordão umbilical desenvolveu-se.
O cérebro do bebé coordena o movimento.
- às 7 semanas
Os lábios do bebé são sensíveis ao toque e as suas orelhas têm semelhanças com padrões familiares.
Os primeiros neurónios totalmente desenvolvidos (células nervosas) aparecem na medula-espinal, começando a construção do tronco cerebral, que é uma parte importante do cérebro (porque regula as funções vitais).
É nesta altura que os cientistas registam a primeira actividade cerebral.
- às 8 semanas
O bebé está bem proporcionado, com cerca de 35 gramas e 4 cm.
Todos os órgãos estão presentes, completos e a funcionar (excepto os pulmões).
O coração bate.
O estômago produz sucos gástricos.
O fígado fabrica células sanguíneas.
Os rins estão a funcionar.
O gosto começa a formar-se.
O estímulo do som de palmas leva o bebé a movimentar os braços.
Das 45 gerações de duplicações celulares que terão lugar até à idade madura, 2/3 já ocorreram.
O bebé tem agora cerca de um bilião de células. Tem, também, mais informação genética do que todas as palavras pronunciadas por todos os seres que alguma vez viveram desde o princípio da espécie humana.
- às 9 semanas
O bebé fechará as mãos à volta de um objecto posto na sua mão.
As unhas estão a formar-se e chucha nos polegares.
- às 10 semanas
O corpo do bebé é sensível ao toque.
Faz caretas e abre e fecha os olhos.

quinta-feira, janeiro 25, 2007

A Economia do aborto

Estima-se um custo aproximado de 30.000.000 € anuais para o estado caso o Sim ganhe.

Fazendo umas contas muito simples chegamos à conclusão que isto dá para dar um subsídio mensal de 50 contos a 10.000 pessoas. Supondo que 60% da populaçao são mulheres, das quais 70% estarão em idade de procriar, deduzimos que seria possível atribuir esse subsídio a cerca de 3 em cada mil possíveis "candidatas" ao aborto.

Parece-me um número mais que suficiente.

Lá se vai o argumento económico do Sim...

Folha Informativa de Algés-Miraflores - 21/1

à falta de outras participações aqui vai a mais recente:
«Folha Informativa
Domingo 21 de Janeiro de 2006

Palavra do Pároco
Entre a Mãe e o Filho: um problema de consciência?
Muitas das pessoas que contam votar “sim” no próximo referendo afirmam fazê-lo por uma questão de consciência. Não podem ficar passivas quando mulheres são levadas a tribunal por terem feito um aborto. Por outro lado, acusam a Igreja e os que apoiam o “não” de serem indiferentes ao sofrimento das mulheres que se vêem na situação de uma gravidez indesejada. Mas, será que esta questão está bem colocada? Será que estar ao lado do bebé é estar contra a mãe?
O aborto, para além de significar a morte do bebé, é sempre algo que inflige sofrimento à mãe. Para além das consequências físicas (tantas vezes ocultadas), os danos psicológicos são gravíssimos. Os sacerdotes são, talvez, quem mais de perto priva com este drama, no exercício da confissão ou na direcção espiritual. E aí, ao contrário do que muitos defendem, o risco para a saúde psicológica da mãe é muitíssimo superior para a que aborta do que para aquela que decide avançar com uma gravidez não “desejada”. É que, numa gravidez, todo o ser da mulher (o seu corpo, o seu espírito, os seus afectos) se preparam para acolher a nova vida; matá-la é uma “contra – natura”, carregada de consequências imprevisíveis. Quando se defende a vida do bebé defende-se, igualmente, a vida da mãe: a sua vida física, psicológica e espiritual.
Por outro lado, há mais de 30 anos que nenhuma mulher é presa em tribunal por praticar um aborto. O juiz não deixa de ter em conta os dramas humanos passados pelas mulheres forçadas a abortar na hora de proferir a sentença. Mas será que as pessoas sem escrúpulos que, em clínicas improvisadas ou nos estabelecimentos de saúde, movidas unicamente pela ambição do dinheiro, fazem os abortos, os médicos irresponsáveis que pressionam o aborto diante de qualquer “incógnita” na leitura da ecografia, os maridos ou familiares que obrigam a mulher a abortar sob todo o tipo de pressões físicas e psicológicas, as “clínicas abortivas” e outras estruturas de interesses que se formam para fazer abortos “em série” não deveriam estar na mira da justiça e comparecer na barra dos tribunais? É precisamente um “livre-trânsito” legal que se pretende criar com o aborto totalmente liberalizado. Entretanto, a mulher continuará a sofrer a dor de ter aceite que alguém pusesse fim à vida de seu filho.

Notícias
Caminhada pela Vida
No âmbito da campanha pelo "Não" à liberalização do aborto até às 10 semanas, os diversos movimentos e associações envolvidos estão a organizar a " Caminhada pela Vida", no próximo domingo, 28 de Janeiro, entre as 14:00 e as 18:00, desde a Maternidade Alfredo da Costa até à Fonte Luminosa.
É preciso que venham "em peso", com os vossos filhos e amigos!
Esta caminhada desenvolver-se à em 7 etapas, correspondentes às 7 etapas da vida (Concepção, Nascimento, Infância, Juventude, Adolescência, Maioridade, Idade Anciã). Cada uma delas destacada em cada um de 7 pontos do percurso, tem como finalidade promover a Vida e todas as Associações que a ela se dedicam. Para mais informações, consultar o site
www.caminhadapelavida.org.

Destaque
Bênção dos bebés nascidos no último ano. Na missa das 11h00 do dia 4 de Fevereiro, Domingo mais próximo da Festa da Apresentação do Senhor, vamos acolher na nossa igreja paroquial os bebés nascidos ao longo de 2006, ou já neste ano de 2007. Trata-se da Festa da Vida onde, juntamente com os pais, agradecemos o dom da vida dos pequeninos e pedimos, para eles, todas as bênçãos do Senhor. Quem tiver familiares ou amigos que foram pais recentemente, não deixe de os convidar para esta celebração festiva.
»

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Folha Informativa da Paróquia de Algés-Miraflores

Domingo 14 de Janeiro de 2006
«Palavra do Pároco
A consciência cristã e a liberalização do aborto (III)
Entre a mãe e o filho: um problema de consciência?
Muitas das pessoas que contam votar “sim” no próximo referendo afirmam fazê-lo por uma questão de consciência. Não podem ficar passivas quando mulheres são levadas a tribunal por terem feito um aborto. Por outro lado, acusam a Igreja e os que apoiam o “não” de serem indiferentes ao sofrimento das mulheres que se vêm na situação de uma gravidez indesejada. Mas, será que esta questão está bem colocada? Será que estar ao lado do bebé é estar contra a mãe?
O aborto, para além de significar a morte do bebé, é sempre algo que inflige sofrimento à mãe. Para além das consequências físicas (tantas vezes ocultadas), os danos psicológicos são gravíssimos. Os sacerdotes são, talvez, quem mais de perto priva com este drama no exercício da confissão ou na direcção espiritual. E aí, ao contrário do que muitos defendem, o risco para a saúde psicológica da mãe é muitíssimo superior para a que aborta do que para aquela que decide avançar com uma gravidez não “desejada”. É que, numa gravidez, todo o ser da mulher (o seu corpo, o seu espírito, os seus afectos) se preparam para acolher a nova vida; matá-la é “contra – natura”, carregado de consequências imprevisíveis. Quando se defende a vida do bebé defende-se, igualmente, a vida da mãe: a sua vida física, psicológica e espiritual.
Por outro lado, há mais de 30 anos que nenhuma mulher é presa em tribunal por praticar um aborto. O juiz não deixa de ter em conta os dramas humanos passados pelas mulheres forçadas a abortar na hora de proferir a sentença. Mas será que as pessoas sem escrúpulos que, em clínicas improvisadas ou nos estabelecimentos de saúde, movidas unicamente pela ambição do dinheiro, os médicos irresponsáveis que pressionam o aborto diante de qualquer “incógnita” na leitura da ecografia, os maridos ou familiares que obrigam a mulher a abortar sob todo o tipo de pressões físicas e psicológicas, as “clínicas abortivas” e outras estruturas de interesses que se formam para fazer abortos “em série” não deveriam estar na mira da justiça e comparecer na barra dos tribunais? É precisamente um “livre-trânsito” legal que se pretende criar com o aborto totalmente liberalizado. Entretanto, a mulher continuará a sofrer a dor de ter aceite que alguém pusesse fim à vida de seu filho.

Notícias:
Notícias do Padre Uriel
Tendo entrado na Europa pela Itália, onde o seu Instituto tem uma comunidade, o padre Uriel deslocou-se no passado dia 12 a esse país afim de renovar o seu visto de residência. Nessa altura, contava regressar no dia 22, a tempo das festas de Natal, o que acabou por não acontecer, pois o visto que entretanto recebeu não o permite sair de Itália e não sabe quando lhe passarão o visto definitivo de residência. Entretanto, um outro sacerdote do mesmo Instituto, o padre Faider, está à espera na Colômbia que lhe seja emitido o visto de entrada directa em Portugal.

Oficinas de Oração e Vida
Depois de se ter realizado o primeiro encontro de apresentação no passado Sábado, em Algés, vai acontecer um segundo encontro idêntico, na igreja de Miraflores, na quarta-feira, pelas 21h30. Após estas primeiras reuniões, serão acertados os horário dos futuros encontros, que irão proporcionar uma aprendizagem à oração através da própria vivência da oração. Não deixemos escapar esta oportunidade de crescimento espiritual.

As Equipas de Nossa Senhora, em Algés
Depois de ter sido constituída a primeira Equipa de Casais em Algés, a “Algés 1”, está prestes a surgir uma segunda Equipa, que será constituída por casais recém casados ou com filhos pequeninos. As Equipas de Nossa Senhora, iniciadas em França há mais de 50 anos e actualmente espalhadas por todo o mundo, integram equipas de 6 ou 7 casais que se encontram mensalmente em suas casas para, em espírito de oração e partilha fraterna, alimentarem a sua espiritualidade conjugal e familiar. Os casais que desejem integrar esta nova equipa deverão contactar directamente o pároco.

Centro de Fisioterapia a funcionar em pleno
A nova valência do nosso Centro Social Paroquial, o Centro de Fisioterapia, encontra-se a funcionar em pleno com os tratamentos a serem administrados aos doentes que os requereram. Recordamos que, quem necessitar de tratamentos na área da fisioterapia e reabilitação deverá contactar a Ana Luísa, dos serviços paroquiais, afim de marcar a hora da primeira consulta.

Sabia Que…
Sabia que agora já pode receber a Folha Informativa por correio electrónico? Para tal, basta enviar um e-mail para folha.informativa@net.novis.pt indicando o seu nome e o e-mail para onde pretende que a mesma seja enviada.

Destaque:
Peregrinação de consagração da Igreja de Miraflores
No fim-de-semana de Carnaval, entre 16 e 19 de Fevereiro, a nossa paróquia vai organizar uma peregrinação de oração e consagração da futura Igreja de Miraflores. Como momentos mais fortes, visitaremos a Cartuxa de Miraflores (Burgos), onde confiaremos à oração dos monges esta nossa intenção; Ávila, onde invocaremos a especial intercessão de Santa Teresa de Jesus; Saragoza, onde rezaremos junto à Senhora Del Pilar; e, para concluir, Vila Viçosa, onde nos consagraremos a Nossa Senhora da Conceição, Rainha de Portugal).
A peregrinação ficará em 390,00 € por pessoa e as inscrições já estão abertas e poderão ser feitas nos serviços paroquiais. Em princípio, as inscrições ficarão condicionadas ao número de lugares do autocarro, pelo que não deveremos atrasar a inscrição.

Oitavário pela Unidade dos Cristãos
Como sempre acontece, celebramos entre 18 e 25 de Janeiro o Oitavário de Oração pela unidade dos Cristãos. Este ano, a proposta vêm-nos do Evangelho de São Marcos: ‘Ele faz os surdos ouvirem e os mudos falarem’ (Mc.7,37). Este tema lança-nos dois grandes convites: rezar pela unidade dos cristãos e unir as forças e as vozes para dar resposta aos sofrimentos da humanidade. Ao oferecer a um homem a fala e a audição, Jesus mostra como Deus quer salvar as pessoas em todas as dimensões da sua vida.

Missionários da Oração
No silêncio
No silêncio, Deus vê minh’álma
No silêncio lhe apresento o coração.
No silêncio acolhe minhas lágrimas
E ouve minha oração.

No silêncio entrego minha vontade
E no Seu coração ponho o meu,
Esperando que em cada realidade
Manifeste o que quer de mim.

No silêncio do meu coração
Quero acolher com calor
O Jesus abandonado
Qu’interpela o meu amor.

Leituras
II Semana do Tempo Comum
15, 2ª Feira L1: Hebr 5, 1-10; Sl: Sl 109; Ev: Mc 2, 18-22
16, 3ªFeira L1:Hebr 6, 10-22; Sl: Sl 110; Ev: Mc 2, 23-28
17, 4ªFeira S. Antão, abade L1: Hebr 7, 1-3.15-17; Sl: Sl 109; Ev: Mc 3, 1-6
18, 5ªFeira - 1º Dia do oitavário pela Unidade dos Cristãos L1: Hebr 7, 25 – 8,6; Sl: Sl 39; Ev: Mc 3, 7-12
19, 6ªFeira - 2º Dia do oitavário pela Unidade dos Cristãos L1: Hebr 8, 6-13; Sl: Sl 84; Ev: Mc 2, 1-12
20, Sábado - 3º Dia do oitavário pela Unidade dos Cristãos L1: Hebr 9, 2-3.11-14; Sl: Sl 46; Ev: Mc 3, 20-21
21 III Domingo do Tempo Comum - 4º Dia do oitavário pela Inidade dos Cristãos L1: Ne 8, 2-4a.5-6.8-10; Sl: Sl 18B; L2: 1 Cor 12, 12-30; Ev: Lc 1, 1-4»

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Aborto

Olá,

Correndo o risco de repetir algo que já foi dito, é só para apontar este blog http://bloguedonao.blogspot.com que tem excelentes argumentos.
Para mim a questão é bem simples, acho que não temos o direito de decidir sobre a vida e a morte, porque não somos Deus.

Abraço, gosto de ver notícias e fotos vossas.

João Pedro

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Petição contra a implementação da experiência pedagógica TLEBS

(TERMINOLOGIA LINGUÍSTICA PARA OS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO)
Aqui.

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Adopção de animais e venda de Natal

Por esta altura, há sempre quem compre nos centros comerciais aqueles cãezinhos-tão-fofinhos que, cheios de tristeza, olham para nós através das grades dos seus apertados cubículos.
Em vez de dar lucro a esse negócio, que tal efectuar uma aquisição duplamente útil, e certamente mais barata?
É já no próximo Sábado, nos belos jardins da Universidade Lusíada.
Entretanto, se alguém quizer ajudar ainda mais fica o apelo:
«...as pessoas da (...) que tenham coisas em casa e de que não necessitem ou de que não gostem, que, por favor, as ofereçam para a nossa venda de Natal. As pessoas que forem à campanha poderão levar as coisas com elas. As que não puderem ir, poderão entregar as coisas na sala dos Professores da Universidade Lusíada, até sexta feira de manhã, em meu nome ou da Elsa Judas; na Caixa de Crédito Agrícola, à Eunice Pires ou no Instituto Superior Técnico à Teresa Malheiro. Se nenhum destes locais vos for acessível, basta que nos digam e tentaremos outro local de entrega que não vos cause transtorno.»

domingo, dezembro 10, 2006

URBANISMO, ORDENAMENTO, CORRUPÇÃO

O Funes referiu, o Abrupto publicou, um dos seus leitores - Pedro Bingre do Amaral - escreveu.
Merece divulgação alargada e campanha empenhada - posse pública das mais valias urbanísticas já!:

«Várias têm sido as linhas que tem escrito deprecando a fealdade urbanística que vem desfigurando o nosso país. Lamento, no entanto, que poucas vezes se tenha abalançado a explorar a etiologia dessa maleita - que, contrariamente ao que se pensa, tem causas na Economia Política do nosso país e não na falta de bom-gosto ou bom senso.
(...) Permita-me que use como mote para o efeito a seguinte notícia, veiculada hoje nos jornais portugueses:


"O ministro da Economia foi esta semana a Grândola entregar o alvará de construção do projecto turístico da Herdade de Pinheirinho a Joaquim Mendes Duarte, presidente da Pelicano – Investimento Imobiliário SA, entidade promotora do empreendimento. (...) A história remonta a Novembro de 2001, quanto a Pelicano foi parte num contrato-promessa de compra e venda dos terrenos que integravam o lote n.º 31-17, com uma área de 412,85 metros quadrados, situado na Quinta da SAPEC, freguesia da Quinta do Anjo, concelho de Palmela. A Pelicano terá acordado vender os respectivos terrenos por 288 200 euros, com o preço a ser pago em dez prestações."
Este processo, na essência igual a todos os outros que estão na génese do nosso desordenamento urbano, exemplifica muito bem a Economia Política do nosso país.
Não é apenas o sector urbanístico que está em causa: é toda a organização política e económica do país.
Na ausência de alvarás de loteamento e licenças de edificação, um terreno de uso estritamente agrícola naquela zona, não vale mais do que 1 euro por metro quadrado. Porém, como este exemplo bem ilustra, assim que é reclassificado de urbanizável, passa a ser vendido a 288200 €/412,85 m2 = 698,07 €/m2.São 697 € de mais-valias urbanísticas por metro quadrado.
Por outras palavras, são 1.394.000 CONTOS de mais-valias urbanísticas por hectare. Vá lá, se descontarmos uma generosa "área de cedência à administração pública" de 50% do terreno, sobra apenas das mais- valias a exígua bagatela de 697.000 CONTOS por hectare.
Este rendimento não é um lucro, pois não resultou do factor de produção trabalho. Este rendimento não é um juro, pois não resultou da assunção de riscos sobre o capital.
Este rendimento é uma RENDA PURA gerada por uma decisão político-administrativa.
O pedido de reclassificação de terrenos agrícolas em urbanizáveis é portanto uma clara e manifesta procura de rendas ("rent-seeking" activity).

É uma forma de obrigar os cidadãos que procurem habitação a pagar ao promotor uma fortuna por um bem que ele não produziu (o solo) e um serviço que ele não prestou (a concessão de alvará).
Vale a pena recordar as palavras de Anne Krüger, economista pioneira no estudo da grande corrupção:

"If income distribution is viewed as the outcome of a lottery where wealthy individuals are successful (or lucky) rent-seekers [promotores de loteamentos, diria eu], whereas the poor are those precluded from or unsuccessful in rent-seeking, the market mechanism is bound to be suspect. (...) The perception of the price system as a mechanism rewarding the rich and well-connected may also be important in influencing political decisions about economic policy. If the market mechanism is suspect, the inevitable temptation is to resort to greater and greater intervention [criando PDMs, RENs, RANs, PINs, &c, diria eu], thereby increasing the amount of economic activity devoted to rent-seeking [pedidos de desafectação, revisão e suspensão de planos de ordenamento, diria eu].
As such, a political vicious circle may develop."("The Political Economy of the Rent-Seeking Society", in The American Economic Review 63 (3), 1974)
É para evitar estes fenómenos que a constituição espanhola afirma, no seu artigo 47º "(...) La comunidad participará en las plusvalías [mais-valias urbanísticas] que genere la acción urbanística de los entes públicos [por exemplo, reclassificando os solos e atribuindo alvarás]."
...E é por terem violado este preceito que em Espanha nos últimos meses tem havido literalmente dezenas de mandatos de captura de autarcas, funcionários públicos e promotores imobiliários.
As políticas urbanísticas são, no país vizinho, discutidas com enormes frontalidade e seriedade, dedicando-se ao tema dezenas de colunas de opinião em todos os principais periódicos.
Entretanto entre nós, portugueses, graças a uma legislação escrupulosamente preparada para obnubilar a posse pública obrigatória das mais-valias urbanísticas, os milionários instantâneos que o nosso urbanismo produziu estão em liberdade, ostentando sem qualquer pudor as fortunas que conquistaram à custa do endividamento de todos e da pauperização dos cofres do Estado.
É por isso inútil apontar o dedo somente à empresa Pelicano: esta é apenas um exemplo particular de um fenómeno generalizado e legalizado.
Todos os terrenos que foram loteados desde 1965 (ano da privatização dos loteamentos) permitiram essa mesma imoralidade, com todo o amparo e protecção dos órgãos legislativos,executivos e judiciais do Estado Português.
Repito, todo o país sofre das mesmas patologias - a Herdade do Pelicano difere apenas por ser mais mediática. Revoguemos pois as Leis que permitem estes cancros.
Poucos tópicos de Economia Política merecem tanto consenso como a posse pública das mais-valias urbanísticas.
Entre os seus defensores estão David Ricardo, Stuart Mill, Henry George e, mais recentemente (por surpreendente que pareça) Milton Friedman.
Um dos seus defensores mais fervorosos de todos os tempos não foi senão Winston Churchill.
Por todo o Ocidente civilizado se procede à sua posse pública, seja por proibição dos loteamentos particulares, seja por cobrança exaustiva de toda a valorização do terreno reclassificado.
Em Portugal, nada.
Não obstante estas evidências, os loteadores portugueses que enriqueceram às custas destas mais-valias procuram desacreditar aqueles que se opõe a esta forma de enriquecer, acusando estes últimos de serem "extremistas" e "anti-liberais".
É o cúmulo dadesinformação: fazer crer que é liberal uma política de solos que permite enriquecer sem trabalho, pedindo alvarás ao Estado e às Autarquias.
Consagrar a posse pública das mais-valias urbanísticas não é uma opção ideológica de Esquerda nem de Direita. É uma opção que foi tomada por todos os Estados modernos entre os quais, neste capítulo, Portugal não se inclui. É uma pré-condição básica para que o ordenamento do território seja economicamente eficiente, socialmente equânime, tecnicamente sustentável, e esteticamente harmonioso.
Por desconhecimento ou conveniência, os políticos portugueses e seus comentadores jamais debateram publicamente este problema, com rigor conceptual e precisão factual. Uma vez por outra, carpem o horror dos subúrbios. Esporadicamente surpreendem-se com o novo-riquismo dos promotores; espantam-se com a existência de contubérnios entre autarcas, dirigentes futebolísticos e promotores imobiliários; culpam disso o financiamento partidário e camarário, falhando grosseiramente o diagnóstico.»

quarta-feira, dezembro 06, 2006

«Da teologia à geopolítica»

Vale a pena ler este artigo de José Medeiros Ferreira, no DN, que reproduzo infra:

«A viagem de Bento XVI à Turquia laica, maometana e cristã ortodoxa merece uma reflexão, tantos foram os problemas desencontrados que suscitou. O facto de o Papa ter apoiado a entrada da Turquia de Kemal Attaturk na União Europeia obnubilou a restante ordem de trabalhos que o levou à antiga Constantinopla ortodoxa do cisma que dividiu as obediências entre os discípulos de Pedro e os de seu irmão André, ou seja, entre Roma e Bizâncio.
O roteiro desse diálogo no contexto ecuménico tem as suas particularidades. Enquanto as igrejas protestantes são dispersas, descentralizadas e pouco hierarquizadas, embora com muitos meios de evangelização, a Igreja Ortodoxa tem hierarquia e uma geopolítica que segue o percurso do desmembramento do Império Otomano, a partir de Moscovo , desde a Grécia até à Sérvia e à Bulgária. Enquanto a Igreja Católica sofria com a divisão da Europa em Estados, a Ortodoxa afirmava-se pela independência desses Estados do domínio imperial otomano dos tempos do califado de Istambul. Só, porém, com o nacionalismo árabe se transforma a cabeça desse império na República da Turquia, com Mustafá Kemal, que logo ultrapassa uma das divisões do continente europeu mudando o alfabeto de caracteres árabes para latinos e laicizando o Estado. Deste ponto de vista, a Turquia é bem mais ocidental do que a peregrinação conventual que liga a Rússia até à península balcânica, através da Bíblia em alfabeto de caracteres cirílicos, uma das subtis fronteiras intereuropeias de que ninguém quer falar. Nas sociedades livres não há línguas sagradas.
Bento XVI ensaia os seus primeiros passos como chefe da Igreja Católica fora da cadeira de Pedro em Roma, e parece reservar sempre uma surpresa sobre o seu pensamento nessas ocasiões. Em Ratisbona foi o discurso sobre a espada de Maomé, em contraste com o que escrevera nos anos 90 quando afirmou: "Em meu juízo, seria de renunciar completamente à expressão fundamentalismo islâmico." Agora foi a defesa da entrada de Ancara na União Europeia, correndo, aparentemente, o risco de perder argumentos para a sua tese de uma Europa de matriz e valores cristãos. Escrevi "aparentemente" porque não creio que o Papa venha a renunciar a esse seu cromossoma da construção europeia. Daí também a ênfase no diálogo com o Patriarca Bartolomeu I da Igreja Ortodoxa de Constantinopla. A Turquia laica entrará na UE com o seu mosaico religioso e com o Bispo de Roma e o Patriarca de Constantinopla em oração conjunta pelos fiéis cristãos.
Esta é a geostratégia religiosa de Bento XVI num quadro político de alianças do Vaticano pouco conhecido e estudado na sua vertente temporal.Nesta vertente é indiscutível ter tido o Papa João Paulo II uma decisiva influência na liberalização dos países da Europa de Leste, desde a Hungria à Polónia, numa actuação da Igreja Católica convergente com os objectivos ocidentais da Guerra Fria.
Desse ponto de vista o Vaticano foi bem mais eficaz do que todas as emissões de rádio do mundo ocidental.
Essa aliança transatlântica não impediu Roma de manter uma árdua disputa com o protestantismo anglo-saxónico no resto do mundo, sobretudo na América Latina e em África. Basta seguir os caminhos desse sucessor de Pedro para se entender essa diversificação de objectivos na acção diplomática e pastoral do Vaticano. Foi então que dispararam na imprensa os escândalos sobre os comportamentos sexuais de muitos padres nos EUA.
Agora é o Papa Bento XVI que se aproxima dos propósitos transatlânticos com o seu recente proselitismo antimaometano do discurso de Ratisbona e o seu apoio à entrada da Turquia na União Europeia. Este apoio à entrada da Turquia na UE deixará muito cristão a fazer o sinal da cruz, muitos filhos da integração europeia, nascida com o Tratado de Roma, desorientados em Bruxelas, mas coloca o Vaticano numa excelente posição internacional e, na questão turca, bem mais flexível do que a Igreja Ortodoxa, sitiada em Chipre e em Istambul e à procura de um lugar na Rússia e para a Rússia.
Assim como João Paulo II, depois de ajudar a combater o comunismo nos países da Europa de Leste, se dedicou às suas viagens de proselitismo pastoral, assim Bento XVI irá retomar outros temas para a sua acção geopolítica. Quem sabe se a promoção da globalização solidária? Teria o apoio de muitos alternativos. Quem sabe se a procura de um papel mais activo no Médio Oriente? Talvez Blair espere que sim.»

Associativismo Juvenil

Já não nos abrange a nós, mas aqui fica a notícia:
Foram publicadas no passado dia 15/11/2006 no DR 220 SÉRIE I:
Portaria n.º 1227/2006 da Presidência do Conselho de Ministros, que regula o reconhecimento das associações juvenis sem personalidade jurídica;
e a
Portaria n.º 1230/2006 da Presidência do Conselho de Ministros que cria os programas de apoio financeiro ao associativismo jovem (PAJ, PAI e PAE) e aprova o respectivo Regulamento.

segunda-feira, novembro 27, 2006

Nas últimas semanas aconteceu...





Dia 12 - Mais um magnifico concerto de Patricia Barber, na Aula Magna. O som não estava no seu melhor no inicio mas depois melhorou. Claro que ela fez questão de falar comigo outra vez...









Dia 22- Para a Carolina um dia muito importante, o pisar o palco pela 1ª vez, para a sua apresentação de piano. Quem sabe se um dia não vai pisar a Aula Magna....














Dia 24 - O aniversário do nascimento de um Amigo que merecia, não só, a nossa presença, apesar da tempestade que assolava o continente, mas uma surpresa que agradou muito, não só a ele mas a todos os presentes: a magnifica Silvia, acompanhada sem máqua, com a viola ( sim!! ainda é a mesma) do Viegas.















Prá semana há mais....ou não....

quarta-feira, novembro 22, 2006

Esta banda ainda vai dar que falar....

http://www.youtube.com/watch?v=46WtdAmDeWg

http://www.youtube.com/watch?v=fQRyeFwXP5g

Para quem não acompanhou o inicio da carreira desta banda, aqui fica uma prova, que as nossas bandas de rock, nos anos 70 e 80 não se ficavam atrás no estilo e forma de apresentação.

segunda-feira, novembro 20, 2006

Afinal quando é que nasceu o "bullying"?

"Dois estudantes liceais japoneses suicidaram-se este fim-de-semana depois de serem vítimas de bullying, revelou hoje a polícia numa altura em que no Japão há um repúdio da opinião pública contra as humilhações, ofensas, agressões e intimidações nas escolas" 13/11/2006.

Um rapaz de 14 anos enforcou-se, por ter sido roubado por colegas....uma rapariga saltou de um 8º andar ao ser gozada por ser muito baixa...

Isto é estranho...digo eu. Das duas uma: Ou os jovens de agora são umas florzinhas de estufa e não aguentam nada, ou a malta do meu tempo, nascida nos 60's e 70's aguentava tudo...até iamos à tropa....!
Este tão mediático fenómeno do "Bullying" será tão novo como nos querem fazer querer, ou agora é que lhe estão a dar atenção, porque nasceu o CCTV?

Quem nunca gozou com o gordo, com o coxo, com o caixa d'oculos, com o marrão, com a mamalhuda, com os apelidos esquisitos... sei lá...tantos nomes feios...que atire a 1ª pedra.

Desde já informo que não aceito, práticas de violência, como enfiar a cabeça do colega na sanita, espancar e coisas parecidas. Mas deixem-me explorar mais o assunto por outras vertentes:

Se durante o ciclo básico e liceal tal comportamento é ou deverá ser reprovado, porquê a entrada na universidade, tem a sua secular prachadela, e já é aceite?Será uma zona preparatória, para o que virá de pior?
Quando havia o SMO (serviço militar obrigatótio), quem por lá passou, sabe bem que tipo de bulling por lá se fazia...e já não estamos a falar de miúdos.
Quando se entra numa empresa, qual é a primeira coisa que nos acontece? O bullying! Porque não temos uma roupa assim ou assado, porque a colega não sabe falar ao telefone ou enviar um fax...

Como se de um passe de mágica se tratasse, deixa de ser bullying, lembrarmos ao árbitro o percurso profissional da sua mãe, chamarmos corrupto, à boca cheia a qualquer autarca, sem o visado ser julgado, ou simplesmente ter um programa de TV onde se escarna de orelhas grandes estaturas pequenas, sopinhas de massa, etc.

Não procurei na história, mas a criança Jesus, moradora em Nazaré, como seria ela tratada pelos seus amigos?
A coisa a que chamam "bullying", não será uma coisa que é comum a todos os mortais, simplesmente por que não aceitamos o nosso semelhante com os seus defeitos ou virtudes?
O Hitler era um maluco pelo "bullying"?

Como remate final e prontinho a ouvir as vossas opiniões, deixo esta:
Não será que nos está na massa do sangue, gozar, tratar mal aos que nos saem dos padrões?
É com muita educação, aos nossos filhos ( A minha Carolina já diz mal a torto e a direito do Sporting ou do Porto, apesar das minhas repreensões) que se consegue deixar este comportamento, mas no nosso ADN deve ser uma coisa natural. Porque me dá tanto gozo contar anedotas de Jeovás? Porque sim? Ou porque nos dão cabo da campaínha?

sábado, novembro 18, 2006

Para amenizar

Estas dedico aos Zés
- Clapton & Knopfler: I Shtot The Sheriff
Layala
Same old blues
Wonderfull Tonight
Sultans of Swing
Money for nothing, (com uma sofisticada baterista, numa versão que melhora a monotonia e pobreza da versão original).

quinta-feira, novembro 16, 2006

«Aumento da violência nas escolas reflecte crise de autoridade familiar»

Notícia da Lusa, de 10/11/2006
«Especialistas em educação reunidos na cidade espanhola de Valência defenderam hoje que o aumento da violência escolar deve-se, em parte, a uma crise de autoridade familiar, pelo facto de os pais renunciarem a impor disciplina aos filhos, remetendo essa responsabilidade para os professores.
Os participantes no encontro "Família e Escola: um espaço de convivência", dedicado a analisar a importância da família como agente educativo, consideram que é necessário evitar que todo o peso da autoridade sobre os menores recaia nas escolas.

"As crianças não encontram em casa a figura de autoridade", que é um elemento fundamental para o seu crescimento, disse o filósofo Fernando Savater.
"As famílias não são o que eram antes e hoje o único meio com que muitas crianças contactam é a televisão, que está sempre em casa", sublinhou.
Para Savater, os pais continuam "a não querer assumir qualquer autoridade", preferindo que o pouco tempo que passam com os filhos "seja alegre" e sem conflitos e empurrando o papel de disciplinador quase exclusivamente para os professores.
No entanto, e quando os professores tentam exercer esse papel disciplinador, "são os próprios pais e mães que não exerceram essa autoridade sobre os filhos que tentam exercê-la sobre os professores, confrontando-os", acusa.
"O abandono da sua responsabilidade retira aos pais a possibilidade de protestar e exigir depois. Quem não começa por tentar defender a harmonia no seu ambiente, não tem razão para depois se ir queixar", sublinha.
Há professores que são "vítimas nas mãos dos alunos"Savater acusa igualmente as famílias de pensarem que "ao pagar uma escola" deixa de ser necessário impor responsabilidade, alertando para a situação de muitos professores que estão "psicologicamente esgotados" e que se transformam "em autênticas vítimas nas mãos dos alunos".
A liberdade, afirma, "exige uma componente de disciplina" que obriga a que os docentes não estejam desamparados e sem apoio, nomeadamente das famílias e da sociedade."
A boa educação é cara, mas a má educação é muito mais cara", afirma, recomendando aos pais que transmitam aos seus filhos a importância da escola e a importância que é receber uma educação, "uma oportunidade e um privilégio".
"Em algum momento das suas vidas, as crianças vão confrontar-se com a disciplina", frisa Fernando Savater.
Em conversa com jornalistas, o filósofo explicou que é essencial perceber que as crianças não são hoje mais violentas ou mais indisciplinadas do que antes; o problema é que "têm menos respeito pela autoridade dos mais velhos".
"Deixaram de ver os adultos como fontes de experiência e de ensinamento para os passarem a ver como uma fonte de incómodo. Isso leva-os à rebeldia", afirmou.
Daí que, mais do que reformas dos códigos legislativos ou das normas em vigor, é essencial envolver toda a sociedade, admitindo Savater que "mais vale dar uma palmada, no momento certo" do que permitir as situações que depois se criam.
Como alternativa à palmada, o filósofo recomenda a supressão de privilégios e o alargamento dos deveres.»
Fernando Savater n. 21/6/1947 em San Sebastian, é um dos mais importantes ou populares filósofos da actualidade. Catedrático de Ética na Universidade do País Basco, tem produzido uma prolífica, notável e reconhecida obra escrita - filosofia; ensaios; artigos de intervenção cívica, social e cultural; narrativa e teatro -.
P.S. Esta notícia foi também divulgada no Público aqui.

sexta-feira, novembro 10, 2006

Por falar em mortos... Trissomia 21 e referendo ao aborto

«O meu testemunho
Tanto para os que me conhecem melhor, e já sabem um pouco da minha vida, como para os que não, passo a explicar... Tenho 36 anos e sou mãe de três crianças. Uma de onze, outra de seis e a última de dois.
A última nasceu com Trissomia 21 (síndrome de Down - vulgo Mongolismo).
Soubemos isso no ínicio da gravidez, o que nos fez passar por determinadas situações dolorosas, difíceis e muito "estranhas"....
Este tornou-se para mim num assunto "delicado" e incrível.
Sempre fui leve em relação ao assunto do aborto, até me ver na situação.
Como já disse, nós soubemos da deficiência da nossa filha Leonor às 16 semanas de gravidez.
Foi um enorme choque, como devem calcular... Imediatamente após a notícia, foi-nos IMEDIATAMENTE comunicado pelo médico que poderíamos abortar e teríamos de decidir até às 24 semanas...
Por lei eu podia "abortar".
De repente, sem mais nem menos, estava nas minhas mãos a vida de alguém... No que quer que eu decidisse a lei apoiava-me, tal como a maioria da sociedade... Édesconcertante este sentimento... Poder "anular" uma vida à vontade, sabendo que toda a gente me entende e apoia (mesmo que não concorde).
Tudo isto porque ela não é normal...; é diferente, tem um atraso mental que nunca a vai deixar tirar um curso superior, casar e ter filhos... Por estas razões eu posso matá-la. A sociedade apoia, paga e assina por baixo!!!
Achámos (o Zeca e eu) que temos os filhos para ELES serem felizes (e não nós -Pais - como muita gente acha).
A felicidade é relativa e não passa obrigatoriamente por cursos superiores nem casamentos. Além de que, aprofundando o assunto, estas crianças mongolóides são tão mais descomplicadas que naturalmente são felizes.
Fiquei radiante quando me apercebi e me consciencializei de que dos meus três filhos uma já ia ser feliz... aos outros dois eu ainda tinha muito que os ajudar... E isso deu-me imenso conforto!!
A mongolóide era certamente a feliz!!! Que bom e maravilhoso ter essa certeza!

Quantos de vocês têm essa segurança em relação aos vossos filhos ditos normais?
Bom, isto tudo para dizer que apesar de não desejarmos uma criança deficiente, não querermos, não nada, nunca (apesar de neste caso a lei dizer que sim) pensámos em matá-la!
Além de matar, viver uma vida de família em cima de uma morte seria muito duro para nós, e uma grande cobardia em relação àquela criança na minha barriga que não pediu NADA.
Com olhos em bico ou não, mais lenta ou não, eu não posso matar a minha filha!!!

NÃO TENHO ESSE DIREITO, independentemente de haver quem ache que sim.
A minha vida vai mudar? Sim.
Vou estar enfiada em terapias? Sim.
O coração dela está bem? não sei
.Os outros orgãos? Não sei.
Ouvirá bem? não sei.
Verá bem? não sei.
Vocês sabem antes dos vossos filhos nascerem?
Têm certezas?
A partir desse momento e desses meses, a história do aborto tornou-se tão clara para mim que gostava que lessem para ver se concordam...
Estou um pouco cansada destes mail's todos muito técnicos (apesar de válidos), cheios de leis e palavras difíceis, quando no fundo tudo se trata de RESPEITO À VIDA.
Se é das 10 semanas ou 12 ou 24. Se é despenalizar ou liberalizar, se é psd, pp, ps, ou bloco, se, se, se... A pergunta que nos vão fazer é, (esqueçam o que os a favor chamam "despenalização" e os contra "liberalização"):
- Qualquer mulher (pobre ou rica, com ou sem problemas) se não quer ter um filho pode matá-lo até às 10 semanas de idade?

Sim ou não?
Podem ou não?
Comecei a pensar: há tanta gente que tem pena destas mulheres... eu também tenho... elas não queriam engravidar... não têm dinheiro... não têm casa... são drogadas... têm 15 anos... Qual a solução?
Matar o filho, claro!
É efectivamente uma solução, que tanta gente apoia e está pronta a pagar essa morte do seu próprio bolso.
Lembrei-me depois, no seguimento deste raciocínio, que há outras mães nessas condições...
Lembram-se da mãe da Joaninha?

Aquela mãe que matou a filha de 5 anos e que está presa? E que Portugal INTEIRO se revoltou contra ela?
Mas ela, coitada, também não tinha condições de ter a Joaninha... Perdeu o emprego, não conseguia ajudá-la... e achou que para ela ter uma vida assim, mais valia matá-la; no fundo era um acto de amor e proteger a sua filhota de sofrer....
E dentro do mesmo contexto, achou bem. Matou-a. Provavelmente ela não deu por nada, tal como os bebés na barriga, e acabou-se o problema.

São dois casos idênticos, mas vocês reagem de maneira diferente... É engraçado... num revoltam-se... noutro, ainda estão a pensar nas pobres mães que não os podem criar.
QUAL É A DIFERENÇA????
A diferença é que vocês viram a cara da Joaninha na TV, sentiram-se "atingidos e sensibilizados", e o bébé de 10 semanas não o viram.

É mais fácil matar quem não se conhece a cara.
É cobardia.
O coração bate em ambas.
Pensem bem... duas mães que matam os seus filhos pela mesma razão. Exactamente. Uma pode e deve ir para a cadeia... outra nem pensar... coitadinha. Além de que isto tudo é secundário.

A mãe, lamento, não está em causa no referendo, ao contrário do que nos impigem.
O que está em causa é o filho.
Pode-se matar ou não?
É sobre ele que vamos decidir.
Há quem lhe chame "despenalização", eu (Bita) chamo MATAR.
Vocês consideram que a vida de um ser humano tem valor menor do que a dignidade da mãe?
Acaso assassinar um ser humano inocente e indefeso não seria um crime maior do que o estupro sofrido pela mãe?
O aborto não é um direito da mulher.
Ninguém tem direito de decidir se um ser humano vive ou não vive, mesmo que seja a mãe que o acolheu no seu ventre.
A mulher tem o direito de decidir se concebe ou não. Mas desde que uma vida foi gerada no seu seio, é outro ser humano, em relação ao qual tem particular obrigação de o proteger e defender.
Meus queridos amigos, gostava que quem ainda não pensou no assunto, pensasse.
Vamos brevemente decidir sobre a ética do nosso País. Sobre se podemos ou não abortar livremente até às 10 semanas.
Segundo alguns, quase toda a Europa já aborta, matando as suas crianças... só Portugal é que está atrasado.
Fico radiante por o nosso atraso ser bom em algumas situações. E tal como fazemos com os nossos filhos, dos colegas da escola devemos copiar os bons alunos e não os maus.
Temos de saber o que devemos trazer de exemplo da Europa e o que NÃO DEVEMOS copiar. Além de que muitos deles já estão arrependidos das decisões tomadas, mas agora é tarde demais para voltar atrás.
Nós é que estamos SUPER ATRASADOS!!!

Votem contra a morte.
Não se abstenham, é uma vergonha.
Na dúvida, escolham a VIDA!
Tenham tomates para dizer a vossa opinião em público.
E mais, acabou-se o modernismo de "eu sou contra, mas cada um sabe de si".
NÃO! Se é contra, explique e convença os outros. Abra-lhes a mente.
Vocês têm essa obrigação, de ajudar os indecisos, e quem não vê nem entende, a entender.
E não metam isto nas mãos dos católicos. Este assunto da vida tem a ver com Budistas, Católicos, Ateus, etc... é um assunto de ética moral da mais simples...
Desde que nascemos que aprendemos: - Não se mata. Matar é mau.
Chega de estar tudo no seu canto a opinar e os políticos a decidir se matamos ou não os nossos filhos
.E vocês, Pais (homens) , mais do que ninguém, falem!
Alguém vos perguntou se podem matar os vossos filhos? Vocês nem têm voz.
A mulher decide tudo sozinha! (coitadinha)
Desculpem se me exalto na escrita, mas realmente acho que andamos todos a brincar às leis e com a vida das pessoas...»
Bita Almeida Lupi Belo

quinta-feira, novembro 09, 2006

(ainda) O Culto dos mortos

«Enchem-se de gente os cemitérios num deprimente cortejo de vaidades.
O culto dos mortos é a outra face de quem passa os dias a atropelar os vivos.
Matamos os próximos com egoísmos e ambições sem limite.
E depois erguemos-lhes túmulos de luxo enfeitados com flores importadas.

Os mortos não existem em lado nenhum.
Só há pessoas ainda a viver na História e pessoas a viver já para lá da História.
É estupidez crassa converter em jazigos de família as campas onde se decompõem os
restos das pessoas que partiram;
e deixar multidões a viver sem tecto e sem afectos.

Morrer é simplesmente nascer para novas dimensões; como o nascer já foi morrer
para as acanhadas dimensões do útero materno.
Na vida nada se perde; tudo se transforma.
Felizes as pessoas que vivem abertas a esta boa notícia de Deus
e fazem das suas vidas um dom para os demais.

No cristianismo de Jesus não há culto dos mortos.
Os relatos fundadores aí estão a gritar desde o princípio: Porque procurais
nos túmulos aquelas aqueles que vivem em dimensões outras que nem os olhos viram
nem os ouvidos ouviram? Quem agir sem ter em conta este grito continua a ser pagão.

Igrejas com culto dos mortos são agências funerárias disfarçadas onde tudo gira em
redor dos mortos. Tirem às paróquias o culto dos mortos e pouco restará.
A originalidade da Igreja frente ao paganismo é aceitar perder a vida pela vida.
E assim testemunhar que só há ressuscitados no ressuscitado Jesus!

Quem quiser fazer memória dos familiares e amigos que já passaram deste limitado
útero que é o planeta ao infinito Oceano de paz e de liberdade que é o Deus Vivo fonte
de todo o ser-viver não tem que ir a correr meter-se num cemitério ou numa igreja.
Convide e sente os pobres à sua mesa.

Mesas partilhadas com os pobres onde cada qual é tratado como irmão e como
amigo têm tudo de Eucaristia e de vida celebrada. Revelam e anunciam que outro
mundo é possível e querem-no realidade todos os dias e em toda a terra. São por
isso mesas fecundamente conspirativas.

Experimentem e verão como no decorrer duma refeição assim a vida de cada qual
conhecerá surpreendente transformação.
No final sentimo-nos bem mais humanos do que no começo. E com vontade de acolher e
de abraçar até os inimigos. Sinal claro de que vivem os que tínhamos por mortos.»
Padre Mário (Padre da Lixa) - 01.Nov.2006

domingo, novembro 05, 2006

Os cemitérios

A propósito dos recentes roubos e actos de vandalismo em cemitérios, o Bispo de Viseu, D. Ilídio Leandro afirmou, em notícia divulgada pelo semanário Sol:
«A simplicidade é um valor a defender na vida e no espaço de acolhimento aos mortos.»
«A melhor forma de celebrar as pessoas amadas é estimando-as em vida e não através de objectos decorativos de cariz religioso
«Não venero os cemitérios. A permanente visita a lugares de mortos não ajuda à crença na ressurreição e a manter a esperança na vida», ensina D. Ilídio Leandro, respeitando, no entanto,«os sentimentos das pessoas que procuram olhar para os seus entes queridos mantendo uma relação afectiva através de objectos», mas não deixando de sublinhar «...que a melhor forma de celebrar as pessoas amadas é cuidando delas enquanto vivas».
Não obstante, o Bispo de Viseu vê «de forma apreensiva» todo o tipo de assaltos, a cemitérios, igrejas ou casa paroquiais. «O cemitério era um local considerado muito especial, até preenchido de tabus e de medo de pisar terreno sagrado». Actualmente isso não sucede. «Os assaltantes não respeitam nada nem ninguém».
Magistral (e aqui o termo é usado em sentido próprio)!

sexta-feira, novembro 03, 2006

Também somos fazedores da pobreza?

«Queridas amigas e amigos,
Há poucos dias fomos surpreendidos pela novidade maravilhosa da atribuição do prémio Nobel da Paz ao Prof. Muhammad Yunus, o criador do microcrédito dos tempos modernos e fundador do Grameen Bank.
Alguém mais distraído poderia interrogar-se: "Mas o que é que o prémio Nobel da Paz tem a ver com um banqueiro?".
De facto, estamos habituados a olhar para os Prémios Nobel da Paz como individualidades que contribuíram definitivamente para que a paz, em algum tempo e em algum lugar, tivesse sido alcançada, pelo papel desempenhado pelo laureado ao interpor-se entre os beligerantes.
Este ano, o prémio foi atribuído a alguém que, porventura, nunca se encontrou confrontado com o teatro de guerra.
A alguém que, porém interveio, decisivamente, no terreno onde se desenvolvem os germens fundamentais da violência e das guerras, aplicando, com eficácia, uma das vacinas que permitem erradicar a sua razão de ser: a luta contra a pobreza. E isto através de ideias simples e meios pouco dispendiosos.
Yunus lembra-nos, permanentemente, que a pobreza não tem que viver definitivamente entre nós.
Ela é uma criação artificial do nosso modo de estar e da nossa forma de organização em sociedade.
O Comité Norueguês para a atribuição do Nobel da Paz, no seu comunicado de imprensa, anunciando a atribuição do prémio sublinha: Qualquer pessoa no mundo tem a capacidade e o direito a viver uma vida decente.
Em diferentes culturas e civilizações, Yunus e o Grammen Bank mostraram que, mesmo os mais pobres dos pobres, podem trabalhar para realizar o seu próprio desenvolvimento.
Como é que esta mensagem interpela cada um de nós, nos nossos comportamentos e modos de estar, enquanto obstáculos ao desenvolvimento e à afirmação daquela capacidade?
O próprio Yunus sublinha a ideia de que a pobreza não é algo de natural na nossa presença humana sobre a terra. Ela é, antes, uma criação artificial das nossas formas de organização da vida em sociedade e dos nossos comportamentos.
Estaremos, em Portugal, a construir edifícios de vida comum que contribuam para que, nas nossas casas, nas nossas escolas, nos nossos locais de trabalho, nas nossas ruas, nas nossas formas de manifestação colectivas, se elimine a pobreza e se viva a paz?
Pensamos que a pobreza é um problema criado pelos pobres, ou temos consciência de que é o nosso modo de organização social e económica que produz a pobreza?
No quadro daquilo que pensamos, que experiências transportamos no campo da superação da pobreza, da inclusão de pessoas e da construção da paz?»
Jorge Wemans e Manuel Brandão Alves
Outubro / Novembro de 2006
(in: texto para o Encontro de Novembro do Movimento Católico de Profissionais)

segunda-feira, outubro 23, 2006

Meu Caro J.P.
Fiquei muito satisfeito ao ler o teu postal infra, na medida em que, à semelhança da Duracell, me preparava para deixar de gastar mais cera com este ruim (quase) defunto.
Que bom seria se conseguisses congregar vontades para o tirar do coma
Durante a respectiva leitura, a dado momento, fiquei a pensar se não deveria enfiar a carapuça em relação à tua menção aos que, ontem como hoje, nunca se calam. Afinal, tenho sido eu o animador de serviço
Acabei a achar que não. Um blogue tem a enorme vantagem de permitir que todos participem, uns mais outros menos, sem que ninguém se atropele e à medida da disponibilidade/vontade de cada um. Por isso, no caso presente, parece-me que só merece a pena instar os que nunca abrem a boca
Vi o blogue do teu amigo. Pareceu-me interessante, no seu estilo.
Seria óptimo se tu, com alguém mais, fizesses da nossa Sala 1 um blogue «…mais orientado para a reflexão religiosa». Era bom sinal.
Pelo meu lado, também tentado fazê-la, mas, considerando a n/ experiência, parece-me que a alguns de nós não chega, apenas, o mesmo tipo de reflexão que podemos encontrar no «pequenos pensamentos, GRANDES IDEIAS», que, reitero, é muito interessante.
A mim interessa-me a vida no seu todo, olhada por Cristãos que se deixam interpelar por ela e que se interrogam, que a interrogam e que interrogam a sua fé.
É verdade que, «blogs de opiniões sobre actualidades é o que mais há...», mas é bom que expressemos e partilhemos a nossa.
Ademais, estou em crer que uma parte dos actuais leitores do n/ blogue já não são os MdV, que têm primado pela falta de comparência…

sexta-feira, outubro 20, 2006

momentos de partilha - ontem e hoje

Olá amigos,

Enquanto lia o blogue de um colega (pensamentos-e-ideias.blogspot.com) lembrei-me das reflexões que costumávamos fazer, em que era dada uma pergunta e em pequenas equipas tentávamos responder, e depois encontrávamo-nos todos para partilhar as respostas e debater. Este blog é para mim muito semelhante aos encontros dos Mensageiros da Vida.
A blogoesfera é um meio muito adequado para este tipo de reflexões, e permite-nos diariamente, em casa ou no trabalho, ter um pequeno momento de reflexão, partilha, ou até de oração. Claro que temos de ser nós a tomar a iniciativa de entrar na "sala 1", e de dizer qq coisa. Também antigamente havia os que nunca abriam a boca, e os que nunca se calavam...

Pus este post principalmente porque o que este meu colega fez no blog dele é mais ou menos o que eu esperava deste blog dos Mensageiros da Vida: mais orientado para a reflexão religiosa. Também sei que isso depende de todos, principalmente dos que menos têm publicado.

Porque blogs de opiniões sobre actualidades é o que mais há...

quinta-feira, outubro 19, 2006

A propósito de aborto

Há, aqui, uns esclarecimentos úteis...

Os abutres...

...já rondam.
A famosa Clínica dos Arcos prepara-se para se instalar em Portugal.
Porque não? Se os espanhois já assistem ao nascimento dos bebés Portugueses, vd. os da zona de Elvas, porque não hão de ganhar umas massas a matar, ou melhor e mais eufemisticamente, a «interromper voluntariamente a vida» de outros bebés portugueses, in situ?
O Senhor Ministro da Economia poderá, até, congratular-se com o aumento do investimento estrangeiro...

quinta-feira, outubro 05, 2006

São Francisco de Assis

Senhor!
Fazei de mim um instrumento da vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor.
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.
Onde houver discórdia, que eu leve a união.
Onde houver dúvidas, que eu leve a fé.
Onde houver erro, que eu leve a verdade.
Onde houver desespero, que eu leve a esperança.
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei que eu procure mais:
consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe.
É perdoando que se é perdoado.
E é morrendo que se vive para a vida eterna.
Oração da paz
Esta oração de São Francisco é, para mim, a mais feliz e profunda das escritas por mão humana.
Como sublime projecto de vida - o único decente - provoca-me, interpela-me e ajuda-me a ter consciência da minha fraqueza.
Festejou-se ontem, dia 4/10, o dia de São Francisco.
É o Santo da simplicidade, da beleza e do Amor universal.
Inexplicavelmente, a sua festa, que assinala a data da respectiva morte - em 3/10/1226-, não tem a relevância que deveria ter.
Francisco foi, talvez, aquele que mais perto esteve de Cristo, dos homens (todos) e de todas as criaturas.
A sua identificação com Jesus valeu-lhe a «estigmatização», para entusiasmo de cristãos de gostos mórbidos e de fé apoiada no «fantástico».
Aos outros, cristãos e não cristãos, atraiu pela sua vida simples, de exemplo e de exemplar amor universal.
Introduziu a bela tradição do presépio e, com é sabido, fundou a Ordem dos Franciscanos.
Poeta, foi o autor de um dos mais sublimes poemas, afinal o primeiro escrito em Italiano (antigo) e não em Latim.

(a propósio esta lição acerca do Cântico das Criaturas é magistral. A não perder!)
O Cântico das Criaturas (ou Cântico do Irmão Sol)
Altissimo, onnipotente, bon Signore, (Altíssimo, omnipotente, bom Senhor)
Tue so' le laude, la gloria e l' honore et onne benedictione. (Teus são o louvor, a glória, a honra e toda a bênção.)
Ad te solo , Altissimo, se confano (Só a Ti, Altíssimo, são devidos)
e nullu homo ène dignu te mentovare. (E nem um homem é digno de Te mencionar)
Laudato sie, mi' Signore, cum tucte le tue criature, (Louvado sejas, meu Senhor, com todas as Tuas criaturas,)
spetialmente messer lo frate sole, (Especialmente o senhor irmão Sol,)
lo qual' è iorno, et allumini noi per lui (que clareia o dia e que, com a sua luz, nos ilumina)
Et ellu è bellu e radiante cum grande splendore: (Ele é belo e radiante, com grande esplendor;)
de te, Altissimo, porta significatione. (de Ti, Altíssimo, é a imagem.)
Laudato si', mi' Signore, per sora luna e le stelle: (Louvado sejas, meu Senhor pela irmã lua e pelas estrelas:)
in celu l' ài formate clarite e pretiose e belle. (que no céu formaste, claras, preciosas e belas.)
Laudato si', mi' Signore, per frate vento (Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão vento,)
e per aere nubilo e sereno et onne tempo, (pelo ar, com núvens ou sereno, e todo o tempo,)
per lo quale a le tue creature dài sostentamento. (pelo qual a todas as criaturas dás sustento.)
Laudato si', mi' Signore, per sor' acqua, (Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã água,)
la quale è molto utile et humile et pretiosa et casta. (a qual é muito útil, humilde, preciosa e casta.)
Laudato si', mi' Signore, per frate focu, (Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão fogo,)
per lo quale ennallumini la nocte: (Pelo qual iluminas a noite:)
et ello è bello et iocondo e robustoso e forte. (ele é belo, jucundo, vigoroso e forte.)
Laudato si', mi' Signore, per sora nostra madre terra, (Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe terra,)
la quale ne sustenta et governa, (que nos sustenta e governa)
e produce diversi frutti con coloriti fiori et herba. (E produz diversos frutos com coloridas flores e erva.)
Laudato si', mi' Signore, per quelli ke perdonano per lo tuo amore
(Louvado sejas, meu Senhor, pelos que perdoam por teu amor,)
e sostengono infirmitate e tribulatione. (E suportam enfermidades e tribulações.)
Beati quelli ke'l sosterranno in pace (Bem-aventurados os que as suportam em paz,)
ca da te, Altissimo, sirano incoronati. (Que por Ti, Altíssimo, serão coroados.)
Laudato si', mi' Signore, per sora nostra morte corporale
(Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a morte corporal,)
da la quale nullu homo vivente po' scappare: (da qual homem algum pode escapar:)
guai a quelli ke morrano ne le peccata mortali; (Ai daqueles que morrerem em pecado mortal;)
beati quelli ke trovarà ne le tue sanctissime voluntati,
(felizes os que ela achar conformes à Tua santíssima vontade,)
ca la morte secunda no 'l farà male. (Porque a morte segunda não lhes fará mal.)
Laudate et benedicete mi' Signore et rengratiate (Louvai todos e bendizei o meu Senhor! e dai-Lhe graças)
e serviateli cum grande humilitate. (e servi-O com grande humildade.)
1225-1226
(O 1º quadro ilustrativo supra é de um dos meus pintores preferidos, El Greco e representa São Francisco e Santo André. O 2º é de Stefan Lochner - c. 1400-1451 - e representa a estigmatização de Francisco)

Ah,Vanessa!

Querida Vanessa
Quem diria,
que um dia,
eu iria,
com uma mocinha como tu,
partilhar um sentimento...

(ou melhor,
até dois,
que eu também
dou-me bem
acordando
ao meio-dia)

segunda-feira, setembro 25, 2006

Reflictamos no conteúdo...

Para quem não sabe Inglês, cfr. atalho infra, está aqui, em Portugês, a lição de Ratisbona: Fé, Razão e Universidade: Memórias e Reflexões.
Depois, pergunta, e bem, Pacheco Pereira:
O QUE É QUE NO DISCURSO DO PAPA INTERPELA O ISLÃO? aqui.

sexta-feira, setembro 22, 2006

A infalibilidade

A propósito do «escândalo de Ratisbona» (cfr. postais infra), tenho lido, aqui e ali, alusões, frequentemente chocarreiras, à infalibilidade do Papa.
Atravessa-as, o mais das vezes, uma razoável dose de desconhecimento, que conviria esclarecer.
Aqui deixo o meu contributo:

A questão da infalibilidade , em matérias de fé, por acção do Espírito Santo, foi discutida por séculos na Igreja.
Para uns, a infalibilidade reside(ia) no todo, em Concílio, para outros, apenas ou também, no Pontífice Romano.

Em 1870, num esforço de centralização da Igreja, o Papa Pio IX anunciou e convocou, pela bula «Aeternis Patris», de 2/6/1868, o Concílio Ecuménico Vaticano I, que abriu solenemente em 8 de Dezembro do ano seguinte e encerrou um ano depois, a 18/12/1870.

Nesse Concílio - em relação ao qual existem sérias acusações de manipulação - , que aprovou a Constituição Dogmática «Pastor Aeternus», sobre o primado e infalibilidade do Papa, foi estabelecido o dogma segundo o qual os pronunciamentos solenes (afirmações dogmáticas ex-catedra) do Papa a respeito da fé e da moral não apresentam possibilidade de erro.

De acordo com a doutrina da Igreja Católica, o Papa não é infalível.
As afirmações dogmáticas do Papa são, elas sim, consideradas (por ela, doutrina da ICAR) infalíveis, porque inspiradas por Deus.
Porém, as afirmações dogmáticas só ocorrem quando o bispo de Roma fala ex-cathedra, ou seja, quando anuncia que vai proclamar um dogma em matéria de fé.

Quer isto dizer que, o Papa só é infalível quando o declara expressamente e apenas em assuntos relacionados com a fé cristã.

Os Papas têm sido muito cautelosos, também, relativamente a esta questão.
Aliás, só o Papa Pio XII exerceu e por uma única vez, o Magistério Extraordinário da infalibilidade papal, quando definiu o dogma da Assunção, na sua encíclica «Munificentissimus Deus», em 1950.

Com o Concílio Vaticano II, a Igreja passou, ou (segundo alguns) voltou, a ser vista como uma comunidade de cristãos em todo o mundo, em vez de uma hierarquia em pirâmide onde a infalibilidade papal dita a conduta dos fiéis.

Por esta razão, não prevejo que o Sumo Pontífice venha, tão cedo, a exercer esse Magistério Extraordinário, embora registe que a prática do pontificado de João Paulo II, alterou, de novo, a visão consagrada pelo Concílio Vaticano II.

Posto isto, não faz qualquer sentido aludir à infalibilidade papal a propósito de quaisquer atitudes ou declarações recentes do(s) Papa(s).

Evolucionismo vs. Criacionismo

No Blasfémias, tem decorrido um debate sobre o tema em referência.
Para v/ abrir o apetite, transcrevo o último postal que o desenvolve, o qual foi originalmente
postado aqui.

«Evolucionismo vs. Criacionismo: o estado do debate IV
O que leva os criacionistas a levantar o debate sobre a evolução?
A resposta está no argumento do desígnio. Este argumento é muito provavelmente o melhor argumento racional a favor da existência de Deus. Por estranho que parece esses argumentos existem, tal como existe uma tradição intelectual de estudo racional desta e de outras questões metafísicas. E o mais estranho é que essa tradição tem produzido ideias que têm contribuido de forma determinante para a evolução do conhecimento.

O argumento do desígnio resulta da observação do mundo natural. De acordo com o argumento, o mundo natural, em particular o mundo biológico, apresenta uma ordenação que não pode ser explicada por mero acaso. Apresenta design. Uma vez que antes do século XIX não era conhecido nenhum mecanismo natural de produção de design, todo o design era atribuído à acção de uma mente inteligente.

A Teoria da Evolução não coloca em causa, por si só, o argumento do desígnio, isto porque, na ausência de outra explicação, o mistério da mudança teria igualmente que ser atribuido a um designer. O que colocou verdadeiramente em causa o argumento do desígnio, e por conseguinte, a existência de Deus, foi a descoberta de um mecanismo alternativo de criação de design que não requer uma mente racional. Aquilo que coloca em causa o argumento do desígnio é a criação de design de forma irracional pela selecção natural.

A selecção natural funciona como ameaça ao criacionismo por duas vias. Em primeiro lugar porque é uma alternativa à criação divina. E em segundo lugar porque abre um novo campo de possibilidades até então desconhecido. Se foi possível descobrir este mecanismo de criação natural de design onde se pensava que nenhum era possível, então podem existir mais. É por esta segunda via que a Teoria da Evolução se transforma em mais do que uma teoria centífica. Transforma-se numa nova forma de encarar o mundo. O evolucionismo passa a ficar associado à corrente que defende não apenas a evolução natural das espécies mas também a origem natural de tudo o que existe no universo. Dizer que não existe evolucionismo enquanto corrente cultural é negar a existência de uma corrente de opinião, onde predominam cientistas, que defende, sem que as provas científicas o justifiquem, que os fenómenos naturais observáveis são tudo o que existe.

Curiosamente, a maior ameaça à teoria da evolução não vem dos criacionistas, mas dos próprios meios centíficos, em especial os mais ligados à educação. Isto porque o modelo científico predominante tende a ser a física e tudo tende a ser ensinado e investigado à imagem da física fundamental. Acontece que a Teoria da Evolução tem características particulares que a distinguem da física. Ao contrário da física, que é uma teoria que estuda os fenómenos de partículas e de ondas, a Teoria da Evolução estuda a acção de agentes.

Os agentes não se comportam como partículas nem podem, com os meios actualmente disponíveis, ser estudados como colecções de partículas. O que aliás é uma vantagem porque é possível usar as leis da acção dos agentes para compreender a evolução. Estas leis, entre as quais o Princípio da Selecção Natural, são leis lógicas e como tal não requerem validação empírica.

Mas como os paradígmas dominantes são a física fundamental e o empirismo, a selecção natural tenderá a não ser reconhecida como lei lógica e será vista como uma lei física. Ao ser vista como lei física, perde o seu papel de ordenador de todo o edifício científico e transforma-se em mais um fenómeno a requerer confirmação. É por isso que, enquanto alguns dos leitores sugeriram protocolos experimentais que visam testar a teoria, outros não reconhecem à selecção o papel único de produção de design colocando-a em pé de igualdade com outros fenómenos que por acaso até não explicam o design como as mutações ou a deriva genética. Tudo isto implica que, pelo menos entre muitas pessoas com cultura científica, o estatuto da selecção natual é tal que não constitui qualquer ameaça ao avanço do criacionismo. Isto porque uma percentagem muito significativa dos que concordam com a teoria da evolução não reconhecem à selecção natural o poder explicativo suficiente para explicar o design que se observa na natureza.

O debate Evolucionismo vs. Criacionismo é acima de tudo cultural. Isso implica que não são importantes apenas as questões puramente científicas, e muito menos apenas as puramente empíricas, mas todas as questões de índole cultural e filosófica ralacionados com o tema. A maior ameaça à cultura científica não vem de fora. Vem dos próprios meios científicos e educacionais que têm contribuido para a pobreza da cultura científica ao não reconhecerem, devido a pressupostos filosóficos errados, o papel único da selecção natural.
»


Em suma, o n/ Blogue começa a parecer-se com as Selecções Reader's Digest... :-)

Casamento entre, e adopção...

...por homosexuais.
Já entraram nos planos legislativos do Governo?
Confira aqui.

quinta-feira, setembro 21, 2006

Variedades

Interessante espectáculo de ilusionismo aqui.
Vale a pena ver até ao fim...

terça-feira, setembro 19, 2006

Ainda o Papa...

Sobre este assunto, e mais ou menos no mesmo sentido, outra vez o imperdível funes.
Transcrevo o texto originalmente postado aqui:
«
Funes, el memorioso
2006-09-17
(...) Antes de mais, ao que eu disse anteriormente, quero acrescentar que nem sempre o facto de uma realidade ser absolutamente evidente significa que seja uma realidade que deva ser proclamada.
Há uns dias, por exemplo, quando levei a minha filha ao colégio, cruzei-me com aquela que, por unanimidade do meio masculino, era considerada a mais bela e deslumbrante mãe de todos os alunos. A senhora, de um moreno de solário repugnante, parecia ter passado o Verão num vazadouro de dejectos nucleares. E não contente com isso, tinha adoptado o tipo de penteado desgrenhado com que os realizadores de cinema costumam caracterizar as bruxas. Deve ter gasto uma fortuna para se colocar naquele estado. Metia nojo.
Apesar desta evidência, ninguém a referiu. A boa educação impede que determinadas evidências sejam proclamadas.
Do mesmo modo, não por boa educação, mas por falta de oportunidade política, Joseph Ratzinger devia ter-se abstido de proclamar as evidências relativas à natureza intrinsecamente violenta da doutrina de Maomé.
Simplesmente, acontece que - ao contrário do seu deplorável antecessor - Bento XVI é um intelectual e um académico, não uma estrela pop. E quando fala, não fala para os media, fala para o meio universitário que é o seu.
João Paulo II, por intuição ou por educação, conhecedor profundo das técnicas de comunicação de massas, largava uns sound bytes e mundo rendia-se-lhe. "Não tenhais medo", "que Cuba se abra ao mundo e o mundo se abra a Cuba" são, evidentemente, bojardas articuladas sem significado absolutamente nenhum. Fizeram, no entanto, a fama e a glória de Carol Wojtyla.
Bento XVI não é assim. A sua fé não é a fé popularucha dos santinhos, das alminhas, dos milagres ao nono dia depois das rezas a S. Judas Tadeu e das aparições de Nossa Senhora nas azinheiras do Mediterrâneo e nos mangais da América Latina. A fé de Bento XVI é uma fé esclarecida e exigente, que não está ao alcance da alma simples do povo. Daí, a sua distância. Daí, o seu orgulho. Daí, o brilho do seu olhar, onde se pode ler tudo, menos a humildade cristã.
Daí, também, a natureza substancial do seu discurso, que é para ser lido no recolhimento do gabinete de estudo e não para ser ouvido no terreiro da multidão.
Foi por não compreender a natureza ignara das massas e dos media que Bento XVI disse o que disse. Foi por confundir o povo com os seus alunos e por não se aperceber que aos media não interessam nada as ideias, mas o mero espectáculo do sound byte, que ele deixou escapar a malfadada citação sobre a violência do profeta.

Hoje só pode estar arrependido.
João Paulo II nunca teria cometido um erro tão grosseiro.

Dá a sensação que, por um momento, o Espírito-Santo abandonou o papa actual.
posted by Funes, o memorioso»

Ainda em relação a este assunto, interessante, também, o postal de João Pereira Coutinho, aqui.

segunda-feira, setembro 18, 2006

O «escândalo» de Ratisbona

Como quase sempre, Vasco Pulido Valente escreve, em termos definitivos, o que interessa dizer. Como quase sempre, está cheio de razão:

«O Papa e o islão
Não deve haver académico que, lá no fundo, não tenha um especial fraquinho pelo Papa Bento XVI. Afinal, ele faz parte da corporação e, mais, foi durante muito tempo um motivo de orgulho para a corporação. Fala o dialecto da seita, escreve no dialecto da seita e, se não pensa como a seita, pensa segundo as regras da seita.
Só que é Papa e que, sendo Papa, de quando em quando, esquece o mundo cá de fora e reverte ao seu velho papel de universitário.
O "escândalo" de Ratisbona não passa disto.
Bento XVI, querendo explicar a irracionalidade da conversão pela violência, citou o imperador Manuel II Paleólogo. Num diálogo com um persa, Paleólogo dissera: "Mostra-me então o que Maomé trouxe de novo. Não encontrarás senão coisas demoníacas e desumanas, tal como o mandamento de defender pela espada a fé que ele pregava".
O mais preliminar assistente de Literatura, História, Filosofia ou Teologia percebe logo três coisas. Primeira, que o Papa não dá o imperador Paleólogo como um intérprete autorizado da religião muçulmana, mas como um como um opositor inteligente à perseguição religiosa. Segunda, que o Papa não esqueceu as perseguições da sua própria Igreja e que usou o imperador por conveniência ilustrativa da desordem moderna. E, terceiro, como o título e o resto da conferência comprovam, que Ratzinger não estava interessado em"atacar" ninguém, estava interessado na dualidade da fé e da razão.
Infelizmente, a "rua" islâmica não é o público letrado da Universidade de Ratisbona e começou rapidamente a usual campanha de ódio contra o Bento XVI, que de toda a evidência o deixou estupefacto.
O papa já lamentou o equívoco, mas não pediu desculpa. Não podia pedir. Nem pelo incidente, fabricado pelo fanatismo e a ignorância, nem pelo teor geral da conferência de Ratisbona.
Ratzinger insistiu que a fé não é separável da razão e que agir irracionalmente "contraria" a natureza de Deus.
Não vale a pena entrar nas complexidades do assunto.
Basta lembrar que desde o princípio (desde Orígenes, por exemplo) se construiu sobre a fé cristã um dos mais sublimes monumentos à razão humana e que o Ocidente, apesar da "Europa", não existiria sem ele.
A fé muçulmana não produziu nada de remotamente comparável e, durante quinze séculos, sustentou uma civilização frustre e parada.
A conferência de Ratisbona reafirmou a essência do cristianismo.
Se o islão se ofendeu, pior para ele.»
VASCO PULIDO VALENTE
Entretanto, o texto da conferência do Papa pode ser lido aqui.

Alguém se lembra...

...do Pd. Marcelo Rossi e das descomunais e fluorescentes Cruzes do Amor?
Aqui, no canalhas ou palhaços? eis a questão, um artigo antigo, interessante, em boa hora repescado.

Afinal, há mesmo provas científicas do aquecimento global...

domingo, setembro 17, 2006

Decálogo de Assis

Em 24/2/2002, o Papa João Paulo II dirigiu a todos os Chefes de Estado ou de Governo uma carta com o - O Decálogo de Assis para a Paz -, proclamado nessa cidade em 24/1 do mesmo ano, no âmbito do - Dia de oração pela paz no mundo - pelos chefes religiosos de numerosas nações e representantes das diversas confissões religiosas.

O Decálogo tem o seguinte teor:
«
1. Comprometemo-nos a proclamar a nossa firme convicção de que a violência e o terrorismo estão em oposição com o verdadeiro espírito religioso e, ao condenar qualquer recurso à violência e à guerra em nome de Deus ou da religião, empenhamo-nos em fazer tudo o que for possível para desenraizar as causas do terrorismo.

2. Comprometemo-nos a educar as pessoas no respeito e na estima recíprocos, a fim de poder alcançar uma coexistência pacífica e solidária entre os membros de etnias, culturas e religiões diferentes.

3. Comprometemo-nos a promover a cultura do diálogo, para que se desenvolvam a compreensão e a confiança recíprocas entre os indivíduos e entre os povos, pois são estas as condições para uma paz autêntica.

4. Comprometemo-nos a defender o direito de todas as pessoas humanas de levar uma existência digna, conforme com a sua identidade cultural, e de fundar livremente uma família que lhe seja própria.

5. Comprometemo-nos a dialogar com sinceridade e paciência, não considerando o que nos divide como um muro insuperável, mas, ao contrário, reconhecendo que o confronto com a diversidade do próximo pode tornar-se uma ocasião de maior compreensão recíproca.

6. Comprometemo-nos a perdoar-nos reciprocamente os erros e os preconceitos do passado e do presente, e a apoiar-nos no esforço comum para vencer o egoísmo e o abuso, o ódio e a violência, e para aprender do passado que a paz sem justiça não é uma paz verdadeira.

7. Comprometemo-nos a estar da parte de quantos sofrem devido à miséria e ao abandono, fazendo-nos a voz dos que não têm voz e empenhando-nos concretamente para sair de tais situações, convictos de que, sozinhos, ninguém pode ser feliz.

8. Comprometemo-nos a fazer nosso o brado de todos os que não se resignam à violência e ao mal, e desejamos contribuir com todos os nossos esforços para dar à humanidade do nosso tempo uma real esperança de justiça e de paz.

9. Comprometemo-nos a encorajar qualquer iniciativa que promova a amizade entre os povos, convictos de que, se não há um entendimento solidário entre os povos, o progresso tecnológico expõe o mundo a riscos crescentes de destruição e de morte.

10. Comprometemo-nos a pedir aos responsáveis das nações que façam todos os esforços possíveis para que, quer a nível nacional quer internacional, seja edificado e consolidado um mundo de solidariedade e de paz fundado na justiça.»

quinta-feira, setembro 14, 2006

E, a propósito do recente filme de Al Gore...

...Será que vai mesmo encher assim?

domingo, setembro 10, 2006

Se encheu!...

sábado, setembro 09, 2006

Encheu!


e não foi pouco... (os barquitos da outra foto estão por ali, perdidos)

E não é que continua vazia?

Maré (ainda) vazia

Maré vazia

quinta-feira, setembro 07, 2006

Férias em Setembro...

quarta-feira, setembro 06, 2006

O Gil Vicente

tem cá uma sina com poderes mafiosos...
Depois de ter tido problemas com a Inquisição, dizem que agora tem-nos com uma tal de FIFA.
Será que veremos novos autos do inferno?

P.S. Como é sabido, não vou à bola com a bola e nada percebo desse negócio...

terça-feira, setembro 05, 2006

Loucos por Futebol

Ainda o "caso Mateus", está e fará, correr muita tinta, e contaram-me uma anedota muito a propósito, da nossa paixão pelo futebol.
"Com o estádio completamente cheio, para mais um grande jogo de futebol, estava na zona dos camarotes um lugar vago. Houve alguém que questionou o senhor na cadeira ao lado, se o lugar estava vago, tendo ele respondido que o lugar era cativo, e pertencia à sua esposa, mas que a mesma tinha falecido.
Perguntaram-lhe então, se ele não tinha arranjado ninguém para ir com ele ver o jogo, pois era um desperdicio um lugar tão bom, estar assim vazio.
O senhor respondeu que não....estavam todos no velório.

segunda-feira, setembro 04, 2006

Depois de Plutão, outras personagens mitológicas...

sexta-feira, setembro 01, 2006

Afinal: é anão ou não?




Plutão passou a ser considerado um planeta anão


AstronomiaCientistas norte-americanos contestam despromoção de Plutão 01.09.2006 - 21h36 Reuters, PUBLICO.PT

Trezentos cientistas norte-americanos contestaram hoje a recente decisão da União Astronómica Internacional de retirar a Plutão o seu estatuto de planeta, numa petição que rejeita a nova definição do que é um planeta.
A decisão, tomada a 24 de Agosto, não impediu uma onda de debate sobre o estatuto de Plutão, no limite do nosso sistema solar.Alan Stern, organizador da petição, denuncia que a decisão da União Astronómica foi motivada por questões políticas e não científicas.A União “pode dizer que o céu é verde todo o dia mas isso não o torna verdade”, comentou Stern, um cientista do Southwest Research Institute em Boulder, no Colorado.O cientista acrescenta que a União “criou uma definição tecnicamente inflacionada (...) e cientificamente embaraçosa”.Segundo Stern, os 300 cientistas que assinaram a petição garantem que não vão usar a definição da União Astronómica e adiantou que estão a organizar uma conferência para 2007 para encontrar uma definição melhor.Plutão foi considerado o nono planeta do sistema solar desde que foi descrito, em 1930. Agora, os planetas do sistema solar são Mercúrio, Vénus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno. Plutão passou a ser considerado um planeta anão.Segundo a nova definição, para que um corpo celestial possa ser considerado um planeta deve orbitar em torno de uma estrela, ter massa suficiente para ter gravidade própria e assumir uma forma arredondada e ser dominante na órbita. Esta última norma foi determinante para desclassificar Plutão, que até se cruza com o "vizinho" Neptuno na sua órbita em torno do Sol.

quinta-feira, agosto 24, 2006

Plutão

Descoberto em 1930 por Clyde Tombaugh, Plutão foi na altura reconhecido como o nono planeta do sistema solar.
Após discussões durante décadas, sobretudo devido ao seu tamanho - que vem sendo reduzido, verificando-se presentemente ter 2.300 quilómetros de diâmetro – mas também em relação à sua órbita, a assembleia-geral da União Astronómica Internacional (IAU), composta por 2.500 astrónomos de 75 países, reunida em Praga, decidiu esta quinta-feira, retirar a Plutão o seu estatuto de planeta, passando assim o número oficial de planetas do sistema solar a oito : Mercúrio, Vénus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno.
De acordo com uma nova definição, que põe termo a um antigo vazio conceptual, passam a existir três grupos de planetas no sistema solar: o primeiro com os oito planetas «clássicos», o segundo com os asteróides e o terceiro grupo, dos planetas ditos anões, com Plutão, Ceres e o novo UB-313, descoberto no ano passado e que, com cerca, de 3.000 quilómetros é maior que Plutão.
Para além destes temos ainda os satélites naturais.
Caronte mantém-se como lua de Plutão.
Este, Plutão, é bem menor do que a nossa Lua (3.480 quilómetros).
Foto obtida aqui

terça-feira, agosto 22, 2006

A fábula dosporcos assados


Infelizmente desconheço o autor do texto infra, que adaptei:
«
Uma das possíveis variacões de uma velha história sobre a origem do assado é a seguinte:
Certa vez, aconteceu um incêndio num bosque onde havia alguns porcos, que foram assados pelo fogo. Os homens, acostumados a comer carne crua, experimentaram e acharam deliciosa a carne assada. A partir daí, sempre que queriam comer porco assado, incendiavam um bosque! Mas deparavam com alguns problemas que, no entanto, foram sempre sendo resolvidos com sucessivos aperfeiçoamentos, criando-se um grande SISTEMA.
0 que quero que atentem é no que aconteceu quando tentaram mudar o SISTEMA para implantar um novo.
A certa altura surgiram problemas: às vezes os animais ficavam queimados demais ou parcialmente crus. 0 processo preocupava muito a todos, porque se o SISTEMA falhava, as perdas ocasionadas eram muito grandes. Milhares eram os que se alimentavam de carne assada e tambem milhares os que se ocupavam da tarefa de assá-los. Portanto, o SISTEMA simplesmente não podia falhar. Mas, curiosamente, quanto mais crescia a escala do processo, tanto mais parecia falhar e tanto maiores eram as perdas causadas.
Em razão das inúmeras deficiências, aumentaram as queixas. Já era um clamor geral a necessidade de reformar profundamente o SISTEMA. Congressos, seminários e conferências passaram a ser realizados anualnente para encontrar uma solução. Mas parece que não acertavam na melhoria do SISTEMA. E assim, todos os anos se repetiam os congressos, seminários e conferências.
As causas do fracasso do SISTEMA, segundo os especialistas, eram atribuídas a indisciplina dos porcos, que nao permaneciam onde deveriam, ou à inconstante natureza do fogo, tão difícil de controlar, ou ainda às árvores, excessivamente verdes, ou a humidade da terra, ou ao serviço de informacões meteorológicas, que não acertavam no lugar, no momento e na quantidade das chuvas...
As causas eram, como se vê, variadas e dificeis de determinar – na verdade, o sistema para assar porcos era muito complexo.
Foi sendo montada uma grande estrutura:
a) – Maquinaria diversificada, indivíduos dedicados exclusivamente a acender o fogo, que eram também especializados: incendiadores da Zona Norte, da Zona Oeste, etc., nocturnos e diurnos, com especialização em matutino e vespertino, de verão, de Inverno, etc. Havia também especialistas em ventos – os anemotécnicos. Havia um Director Geral de Assamento e Alimentação Assada (DGAAA), um Director de Técnicas Igneas (DTI), com o seu Conselho Geral de Assessores, um Administrador Geral de Reflorestação (ADR), uma Comissao Nacional de Formação Profissional em Porcologia (CNFPP) e o Bureau Orientador da reforma Igneo-operativa (BORI).
b) – Tinha sido projectada e encontrava-se em plena actividade a formação de bosques e selvas, de acordo com as mais recentes técnicas de implantação, utilizando-se regiões de baixa humidade e onde os ventos não soprariam mais do que três horas seguidas. Eram centenas de pessoas trabalhando na preparação dos bosques, que depois seriam incendiados. Havia especialistas estrangeiros estudando a importação das melhores árvores e sementes, fogo mais potente, etc. Havia grandes instalações para manter os porcos antes do incêndio, além de mecanismos para deixá-los sair apenas no momento oportuno. Foram formados professores especializados na construção destas instalações. Investigadores trabalhavam para as universidades que preparavam os professores especializados na construção das instalações para porcos; fundações apoiavam os investigadores que trabalhavam para as universidades que preparavam os professores especializados na construão das instalações para porcos, etc.
As soluções que os congressos sugeriam eram, por exemplo, aplicar triangularmente o fogo, depois de atingida determinada velocidade do vento, soltar os porcos 15 minutos antes que o incêndio médio da floresta atingisse os 47 graus, posicionar ventiladores gigantes em direcção oposta à do vento, de forma a direccionar o fogo, etc.
Não é preciso dizer que poucos especialistas estavam de acordo entre si, e que cada um baseava as suas ideias em dados e pesquisas específicos.
Um dia, um incendiador da categoria AB/SODM-VCH (Acendedor de Bosques especializado em Sudoeste Diurno, Matutino, com bacharelato em Verão Chuvoso), chamado JOAO BOM-SENSO, pensou e disse que o problema era muito fácil de ser resolvido – bastava, primeiramente, matar o porco escolhido, limpando e cortando adequadamente o animal, colocando-o entao sobre uma armação metálica sobre brasas, até que o efeito do calor – e não as chamas – assasse a carne.
Informado sobre as ideias do funcionário, o Director Geral de Assamento mandou chamá-lo ao seu gabinete e depois de ouvi-lo, pacientemente, disse-lhe:
- Tudo o que o senhor disse está muito bem mas, na prática, nao funciona. 0 que faria o senhor, por exemplo, aos anemotécnicos, caso viéssemos a aplicar a sua teoria? Onde seria empregado todo o conhecimento dos acendedores das diversas especialidades?
- Nao sei – disse João Bom-senso
- E os especialistas em sementes? Em árvores importadas? E os projectistas de instalações para porcos, com as novas maquinas purificadoras automáticas de ar?
- Não sei.
- E os anemotécnicos, que levaram anos a especializar-se no estrangeiro, e cuja formação custou tanto dinheiro ao país? Vou mandá-los limpar pocilgas? E os conferencistas e estudiosos, que ano após ano têm trabalhado no Programa de Reforma e Melhoramentos? Que lhes faço, se a sua solução resolver tudo? Hein?
- Nao sei – repetiu João, encabulado.
- 0 senhor percebe agora que a sua ideia não vem ao encontro daquilo de que necessitamos? 0 senhor não vê que se tudo fosse tão simples os nossos especialistas já teriam encontrado a solução há muito tempo atrás? 0 senhor com certeza compreende que eu não posso simplesrnente convocar os anemotécnicos e dizer-lhes que tudo se resume a usar brasinhas... sem chamas! 0 que espera o senhor que eu faça aos quilómetros e quilómetros de bosques já preparados, cujas árvores são tão especializadas que não dão frutos nem têm folhas para dar sombra? Vamos, diga-me.
- Nao sei, não, senhor.
- Diga-me, em relação aos nossos três engenheiros em Suino-Piro-Tecnia, o senhor não considera que sejamn personalidades científicas do mais extraordinário valor?
- Sim, julgo que sim...
- Pois então?! 0 simples facto de possuirmos valiosos engenheiros em Suino-Piro-Tecnia indica que o nosso sistema é muito bom. 0 que faria eu a indivíduos tão importantes para o país?
- Nao sei...
- Percebeu? 0 senhor tem é que trazer soluções para certos problemas específicos – por exemplo: como melhorar as anemotécnicas actualmente utilizadas, como obter mais rapidamente acendedores de Oeste (a nossa maior carência), como
construir instalacões para porcos com mais de sete andares. Temos que melhorar o SISTEMA, e não transformá-lo radicalmente, entende? Ao senhor, falta-lhe sensatez!

- Bem, agora que o senhor conhece as dimensões do problema, não ande por aí a dizer que pode resolver tudo. O problema é bem mais sério e complexo do que o senhor imagina. Agora, entre nós, devo recomendar-lhe que não insista nessa sua ideia. Isso poderia trazer graves problemas, a si e ao seu cargo. Não por mim... o senhor entende. Eu digo isto para o seu próprio bem, porque eu compreendo-o, entendo perfeitamente o seu posicionamento, mas o senhor bem sabe que pode apanhar outro superior menos compreensivo, não é assim?

JOAO BOM-SENSO, coitado, não disse nem mais um "a" sobre o assunto. Sem se despedir e, meio atordoado, meio assustado, com a sensação de estar a caminhar de cabeça para baixo, saiu de fininho e nunca mais ninguém o viu.
Por isso é que ainda hoje se diz, quando ha reuniões de Reformas e Melhoramentos, que “FALTA O BOM-SENSO".»