segunda-feira, setembro 25, 2006

Reflictamos no conteúdo...

Para quem não sabe Inglês, cfr. atalho infra, está aqui, em Portugês, a lição de Ratisbona: Fé, Razão e Universidade: Memórias e Reflexões.
Depois, pergunta, e bem, Pacheco Pereira:
O QUE É QUE NO DISCURSO DO PAPA INTERPELA O ISLÃO? aqui.

sexta-feira, setembro 22, 2006

A infalibilidade

A propósito do «escândalo de Ratisbona» (cfr. postais infra), tenho lido, aqui e ali, alusões, frequentemente chocarreiras, à infalibilidade do Papa.
Atravessa-as, o mais das vezes, uma razoável dose de desconhecimento, que conviria esclarecer.
Aqui deixo o meu contributo:

A questão da infalibilidade , em matérias de fé, por acção do Espírito Santo, foi discutida por séculos na Igreja.
Para uns, a infalibilidade reside(ia) no todo, em Concílio, para outros, apenas ou também, no Pontífice Romano.

Em 1870, num esforço de centralização da Igreja, o Papa Pio IX anunciou e convocou, pela bula «Aeternis Patris», de 2/6/1868, o Concílio Ecuménico Vaticano I, que abriu solenemente em 8 de Dezembro do ano seguinte e encerrou um ano depois, a 18/12/1870.

Nesse Concílio - em relação ao qual existem sérias acusações de manipulação - , que aprovou a Constituição Dogmática «Pastor Aeternus», sobre o primado e infalibilidade do Papa, foi estabelecido o dogma segundo o qual os pronunciamentos solenes (afirmações dogmáticas ex-catedra) do Papa a respeito da fé e da moral não apresentam possibilidade de erro.

De acordo com a doutrina da Igreja Católica, o Papa não é infalível.
As afirmações dogmáticas do Papa são, elas sim, consideradas (por ela, doutrina da ICAR) infalíveis, porque inspiradas por Deus.
Porém, as afirmações dogmáticas só ocorrem quando o bispo de Roma fala ex-cathedra, ou seja, quando anuncia que vai proclamar um dogma em matéria de fé.

Quer isto dizer que, o Papa só é infalível quando o declara expressamente e apenas em assuntos relacionados com a fé cristã.

Os Papas têm sido muito cautelosos, também, relativamente a esta questão.
Aliás, só o Papa Pio XII exerceu e por uma única vez, o Magistério Extraordinário da infalibilidade papal, quando definiu o dogma da Assunção, na sua encíclica «Munificentissimus Deus», em 1950.

Com o Concílio Vaticano II, a Igreja passou, ou (segundo alguns) voltou, a ser vista como uma comunidade de cristãos em todo o mundo, em vez de uma hierarquia em pirâmide onde a infalibilidade papal dita a conduta dos fiéis.

Por esta razão, não prevejo que o Sumo Pontífice venha, tão cedo, a exercer esse Magistério Extraordinário, embora registe que a prática do pontificado de João Paulo II, alterou, de novo, a visão consagrada pelo Concílio Vaticano II.

Posto isto, não faz qualquer sentido aludir à infalibilidade papal a propósito de quaisquer atitudes ou declarações recentes do(s) Papa(s).

Evolucionismo vs. Criacionismo

No Blasfémias, tem decorrido um debate sobre o tema em referência.
Para v/ abrir o apetite, transcrevo o último postal que o desenvolve, o qual foi originalmente
postado aqui.

«Evolucionismo vs. Criacionismo: o estado do debate IV
O que leva os criacionistas a levantar o debate sobre a evolução?
A resposta está no argumento do desígnio. Este argumento é muito provavelmente o melhor argumento racional a favor da existência de Deus. Por estranho que parece esses argumentos existem, tal como existe uma tradição intelectual de estudo racional desta e de outras questões metafísicas. E o mais estranho é que essa tradição tem produzido ideias que têm contribuido de forma determinante para a evolução do conhecimento.

O argumento do desígnio resulta da observação do mundo natural. De acordo com o argumento, o mundo natural, em particular o mundo biológico, apresenta uma ordenação que não pode ser explicada por mero acaso. Apresenta design. Uma vez que antes do século XIX não era conhecido nenhum mecanismo natural de produção de design, todo o design era atribuído à acção de uma mente inteligente.

A Teoria da Evolução não coloca em causa, por si só, o argumento do desígnio, isto porque, na ausência de outra explicação, o mistério da mudança teria igualmente que ser atribuido a um designer. O que colocou verdadeiramente em causa o argumento do desígnio, e por conseguinte, a existência de Deus, foi a descoberta de um mecanismo alternativo de criação de design que não requer uma mente racional. Aquilo que coloca em causa o argumento do desígnio é a criação de design de forma irracional pela selecção natural.

A selecção natural funciona como ameaça ao criacionismo por duas vias. Em primeiro lugar porque é uma alternativa à criação divina. E em segundo lugar porque abre um novo campo de possibilidades até então desconhecido. Se foi possível descobrir este mecanismo de criação natural de design onde se pensava que nenhum era possível, então podem existir mais. É por esta segunda via que a Teoria da Evolução se transforma em mais do que uma teoria centífica. Transforma-se numa nova forma de encarar o mundo. O evolucionismo passa a ficar associado à corrente que defende não apenas a evolução natural das espécies mas também a origem natural de tudo o que existe no universo. Dizer que não existe evolucionismo enquanto corrente cultural é negar a existência de uma corrente de opinião, onde predominam cientistas, que defende, sem que as provas científicas o justifiquem, que os fenómenos naturais observáveis são tudo o que existe.

Curiosamente, a maior ameaça à teoria da evolução não vem dos criacionistas, mas dos próprios meios centíficos, em especial os mais ligados à educação. Isto porque o modelo científico predominante tende a ser a física e tudo tende a ser ensinado e investigado à imagem da física fundamental. Acontece que a Teoria da Evolução tem características particulares que a distinguem da física. Ao contrário da física, que é uma teoria que estuda os fenómenos de partículas e de ondas, a Teoria da Evolução estuda a acção de agentes.

Os agentes não se comportam como partículas nem podem, com os meios actualmente disponíveis, ser estudados como colecções de partículas. O que aliás é uma vantagem porque é possível usar as leis da acção dos agentes para compreender a evolução. Estas leis, entre as quais o Princípio da Selecção Natural, são leis lógicas e como tal não requerem validação empírica.

Mas como os paradígmas dominantes são a física fundamental e o empirismo, a selecção natural tenderá a não ser reconhecida como lei lógica e será vista como uma lei física. Ao ser vista como lei física, perde o seu papel de ordenador de todo o edifício científico e transforma-se em mais um fenómeno a requerer confirmação. É por isso que, enquanto alguns dos leitores sugeriram protocolos experimentais que visam testar a teoria, outros não reconhecem à selecção o papel único de produção de design colocando-a em pé de igualdade com outros fenómenos que por acaso até não explicam o design como as mutações ou a deriva genética. Tudo isto implica que, pelo menos entre muitas pessoas com cultura científica, o estatuto da selecção natual é tal que não constitui qualquer ameaça ao avanço do criacionismo. Isto porque uma percentagem muito significativa dos que concordam com a teoria da evolução não reconhecem à selecção natural o poder explicativo suficiente para explicar o design que se observa na natureza.

O debate Evolucionismo vs. Criacionismo é acima de tudo cultural. Isso implica que não são importantes apenas as questões puramente científicas, e muito menos apenas as puramente empíricas, mas todas as questões de índole cultural e filosófica ralacionados com o tema. A maior ameaça à cultura científica não vem de fora. Vem dos próprios meios científicos e educacionais que têm contribuido para a pobreza da cultura científica ao não reconhecerem, devido a pressupostos filosóficos errados, o papel único da selecção natural.
»


Em suma, o n/ Blogue começa a parecer-se com as Selecções Reader's Digest... :-)

Casamento entre, e adopção...

...por homosexuais.
Já entraram nos planos legislativos do Governo?
Confira aqui.

quinta-feira, setembro 21, 2006

Variedades

Interessante espectáculo de ilusionismo aqui.
Vale a pena ver até ao fim...

terça-feira, setembro 19, 2006

Ainda o Papa...

Sobre este assunto, e mais ou menos no mesmo sentido, outra vez o imperdível funes.
Transcrevo o texto originalmente postado aqui:
«
Funes, el memorioso
2006-09-17
(...) Antes de mais, ao que eu disse anteriormente, quero acrescentar que nem sempre o facto de uma realidade ser absolutamente evidente significa que seja uma realidade que deva ser proclamada.
Há uns dias, por exemplo, quando levei a minha filha ao colégio, cruzei-me com aquela que, por unanimidade do meio masculino, era considerada a mais bela e deslumbrante mãe de todos os alunos. A senhora, de um moreno de solário repugnante, parecia ter passado o Verão num vazadouro de dejectos nucleares. E não contente com isso, tinha adoptado o tipo de penteado desgrenhado com que os realizadores de cinema costumam caracterizar as bruxas. Deve ter gasto uma fortuna para se colocar naquele estado. Metia nojo.
Apesar desta evidência, ninguém a referiu. A boa educação impede que determinadas evidências sejam proclamadas.
Do mesmo modo, não por boa educação, mas por falta de oportunidade política, Joseph Ratzinger devia ter-se abstido de proclamar as evidências relativas à natureza intrinsecamente violenta da doutrina de Maomé.
Simplesmente, acontece que - ao contrário do seu deplorável antecessor - Bento XVI é um intelectual e um académico, não uma estrela pop. E quando fala, não fala para os media, fala para o meio universitário que é o seu.
João Paulo II, por intuição ou por educação, conhecedor profundo das técnicas de comunicação de massas, largava uns sound bytes e mundo rendia-se-lhe. "Não tenhais medo", "que Cuba se abra ao mundo e o mundo se abra a Cuba" são, evidentemente, bojardas articuladas sem significado absolutamente nenhum. Fizeram, no entanto, a fama e a glória de Carol Wojtyla.
Bento XVI não é assim. A sua fé não é a fé popularucha dos santinhos, das alminhas, dos milagres ao nono dia depois das rezas a S. Judas Tadeu e das aparições de Nossa Senhora nas azinheiras do Mediterrâneo e nos mangais da América Latina. A fé de Bento XVI é uma fé esclarecida e exigente, que não está ao alcance da alma simples do povo. Daí, a sua distância. Daí, o seu orgulho. Daí, o brilho do seu olhar, onde se pode ler tudo, menos a humildade cristã.
Daí, também, a natureza substancial do seu discurso, que é para ser lido no recolhimento do gabinete de estudo e não para ser ouvido no terreiro da multidão.
Foi por não compreender a natureza ignara das massas e dos media que Bento XVI disse o que disse. Foi por confundir o povo com os seus alunos e por não se aperceber que aos media não interessam nada as ideias, mas o mero espectáculo do sound byte, que ele deixou escapar a malfadada citação sobre a violência do profeta.

Hoje só pode estar arrependido.
João Paulo II nunca teria cometido um erro tão grosseiro.

Dá a sensação que, por um momento, o Espírito-Santo abandonou o papa actual.
posted by Funes, o memorioso»

Ainda em relação a este assunto, interessante, também, o postal de João Pereira Coutinho, aqui.

segunda-feira, setembro 18, 2006

O «escândalo» de Ratisbona

Como quase sempre, Vasco Pulido Valente escreve, em termos definitivos, o que interessa dizer. Como quase sempre, está cheio de razão:

«O Papa e o islão
Não deve haver académico que, lá no fundo, não tenha um especial fraquinho pelo Papa Bento XVI. Afinal, ele faz parte da corporação e, mais, foi durante muito tempo um motivo de orgulho para a corporação. Fala o dialecto da seita, escreve no dialecto da seita e, se não pensa como a seita, pensa segundo as regras da seita.
Só que é Papa e que, sendo Papa, de quando em quando, esquece o mundo cá de fora e reverte ao seu velho papel de universitário.
O "escândalo" de Ratisbona não passa disto.
Bento XVI, querendo explicar a irracionalidade da conversão pela violência, citou o imperador Manuel II Paleólogo. Num diálogo com um persa, Paleólogo dissera: "Mostra-me então o que Maomé trouxe de novo. Não encontrarás senão coisas demoníacas e desumanas, tal como o mandamento de defender pela espada a fé que ele pregava".
O mais preliminar assistente de Literatura, História, Filosofia ou Teologia percebe logo três coisas. Primeira, que o Papa não dá o imperador Paleólogo como um intérprete autorizado da religião muçulmana, mas como um como um opositor inteligente à perseguição religiosa. Segunda, que o Papa não esqueceu as perseguições da sua própria Igreja e que usou o imperador por conveniência ilustrativa da desordem moderna. E, terceiro, como o título e o resto da conferência comprovam, que Ratzinger não estava interessado em"atacar" ninguém, estava interessado na dualidade da fé e da razão.
Infelizmente, a "rua" islâmica não é o público letrado da Universidade de Ratisbona e começou rapidamente a usual campanha de ódio contra o Bento XVI, que de toda a evidência o deixou estupefacto.
O papa já lamentou o equívoco, mas não pediu desculpa. Não podia pedir. Nem pelo incidente, fabricado pelo fanatismo e a ignorância, nem pelo teor geral da conferência de Ratisbona.
Ratzinger insistiu que a fé não é separável da razão e que agir irracionalmente "contraria" a natureza de Deus.
Não vale a pena entrar nas complexidades do assunto.
Basta lembrar que desde o princípio (desde Orígenes, por exemplo) se construiu sobre a fé cristã um dos mais sublimes monumentos à razão humana e que o Ocidente, apesar da "Europa", não existiria sem ele.
A fé muçulmana não produziu nada de remotamente comparável e, durante quinze séculos, sustentou uma civilização frustre e parada.
A conferência de Ratisbona reafirmou a essência do cristianismo.
Se o islão se ofendeu, pior para ele.»
VASCO PULIDO VALENTE
Entretanto, o texto da conferência do Papa pode ser lido aqui.

Alguém se lembra...

...do Pd. Marcelo Rossi e das descomunais e fluorescentes Cruzes do Amor?
Aqui, no canalhas ou palhaços? eis a questão, um artigo antigo, interessante, em boa hora repescado.

Afinal, há mesmo provas científicas do aquecimento global...

domingo, setembro 17, 2006

Decálogo de Assis

Em 24/2/2002, o Papa João Paulo II dirigiu a todos os Chefes de Estado ou de Governo uma carta com o - O Decálogo de Assis para a Paz -, proclamado nessa cidade em 24/1 do mesmo ano, no âmbito do - Dia de oração pela paz no mundo - pelos chefes religiosos de numerosas nações e representantes das diversas confissões religiosas.

O Decálogo tem o seguinte teor:
«
1. Comprometemo-nos a proclamar a nossa firme convicção de que a violência e o terrorismo estão em oposição com o verdadeiro espírito religioso e, ao condenar qualquer recurso à violência e à guerra em nome de Deus ou da religião, empenhamo-nos em fazer tudo o que for possível para desenraizar as causas do terrorismo.

2. Comprometemo-nos a educar as pessoas no respeito e na estima recíprocos, a fim de poder alcançar uma coexistência pacífica e solidária entre os membros de etnias, culturas e religiões diferentes.

3. Comprometemo-nos a promover a cultura do diálogo, para que se desenvolvam a compreensão e a confiança recíprocas entre os indivíduos e entre os povos, pois são estas as condições para uma paz autêntica.

4. Comprometemo-nos a defender o direito de todas as pessoas humanas de levar uma existência digna, conforme com a sua identidade cultural, e de fundar livremente uma família que lhe seja própria.

5. Comprometemo-nos a dialogar com sinceridade e paciência, não considerando o que nos divide como um muro insuperável, mas, ao contrário, reconhecendo que o confronto com a diversidade do próximo pode tornar-se uma ocasião de maior compreensão recíproca.

6. Comprometemo-nos a perdoar-nos reciprocamente os erros e os preconceitos do passado e do presente, e a apoiar-nos no esforço comum para vencer o egoísmo e o abuso, o ódio e a violência, e para aprender do passado que a paz sem justiça não é uma paz verdadeira.

7. Comprometemo-nos a estar da parte de quantos sofrem devido à miséria e ao abandono, fazendo-nos a voz dos que não têm voz e empenhando-nos concretamente para sair de tais situações, convictos de que, sozinhos, ninguém pode ser feliz.

8. Comprometemo-nos a fazer nosso o brado de todos os que não se resignam à violência e ao mal, e desejamos contribuir com todos os nossos esforços para dar à humanidade do nosso tempo uma real esperança de justiça e de paz.

9. Comprometemo-nos a encorajar qualquer iniciativa que promova a amizade entre os povos, convictos de que, se não há um entendimento solidário entre os povos, o progresso tecnológico expõe o mundo a riscos crescentes de destruição e de morte.

10. Comprometemo-nos a pedir aos responsáveis das nações que façam todos os esforços possíveis para que, quer a nível nacional quer internacional, seja edificado e consolidado um mundo de solidariedade e de paz fundado na justiça.»

quinta-feira, setembro 14, 2006

E, a propósito do recente filme de Al Gore...

...Será que vai mesmo encher assim?

domingo, setembro 10, 2006

Se encheu!...

sábado, setembro 09, 2006

Encheu!


e não foi pouco... (os barquitos da outra foto estão por ali, perdidos)

E não é que continua vazia?

Maré (ainda) vazia

Maré vazia

quinta-feira, setembro 07, 2006

Férias em Setembro...

quarta-feira, setembro 06, 2006

O Gil Vicente

tem cá uma sina com poderes mafiosos...
Depois de ter tido problemas com a Inquisição, dizem que agora tem-nos com uma tal de FIFA.
Será que veremos novos autos do inferno?

P.S. Como é sabido, não vou à bola com a bola e nada percebo desse negócio...

terça-feira, setembro 05, 2006

Loucos por Futebol

Ainda o "caso Mateus", está e fará, correr muita tinta, e contaram-me uma anedota muito a propósito, da nossa paixão pelo futebol.
"Com o estádio completamente cheio, para mais um grande jogo de futebol, estava na zona dos camarotes um lugar vago. Houve alguém que questionou o senhor na cadeira ao lado, se o lugar estava vago, tendo ele respondido que o lugar era cativo, e pertencia à sua esposa, mas que a mesma tinha falecido.
Perguntaram-lhe então, se ele não tinha arranjado ninguém para ir com ele ver o jogo, pois era um desperdicio um lugar tão bom, estar assim vazio.
O senhor respondeu que não....estavam todos no velório.

segunda-feira, setembro 04, 2006

Depois de Plutão, outras personagens mitológicas...

sexta-feira, setembro 01, 2006

Afinal: é anão ou não?




Plutão passou a ser considerado um planeta anão


AstronomiaCientistas norte-americanos contestam despromoção de Plutão 01.09.2006 - 21h36 Reuters, PUBLICO.PT

Trezentos cientistas norte-americanos contestaram hoje a recente decisão da União Astronómica Internacional de retirar a Plutão o seu estatuto de planeta, numa petição que rejeita a nova definição do que é um planeta.
A decisão, tomada a 24 de Agosto, não impediu uma onda de debate sobre o estatuto de Plutão, no limite do nosso sistema solar.Alan Stern, organizador da petição, denuncia que a decisão da União Astronómica foi motivada por questões políticas e não científicas.A União “pode dizer que o céu é verde todo o dia mas isso não o torna verdade”, comentou Stern, um cientista do Southwest Research Institute em Boulder, no Colorado.O cientista acrescenta que a União “criou uma definição tecnicamente inflacionada (...) e cientificamente embaraçosa”.Segundo Stern, os 300 cientistas que assinaram a petição garantem que não vão usar a definição da União Astronómica e adiantou que estão a organizar uma conferência para 2007 para encontrar uma definição melhor.Plutão foi considerado o nono planeta do sistema solar desde que foi descrito, em 1930. Agora, os planetas do sistema solar são Mercúrio, Vénus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno. Plutão passou a ser considerado um planeta anão.Segundo a nova definição, para que um corpo celestial possa ser considerado um planeta deve orbitar em torno de uma estrela, ter massa suficiente para ter gravidade própria e assumir uma forma arredondada e ser dominante na órbita. Esta última norma foi determinante para desclassificar Plutão, que até se cruza com o "vizinho" Neptuno na sua órbita em torno do Sol.