sexta-feira, março 31, 2006

Quotas

Pelo seu grande interesse reproduzo infra a:
«INTERVENÇÃO DA DEPUTADA ZITA SEABRA na A.R., 30 de Março de 2006
Senhor Presidente,
Senhores Deputados,
Estamos hoje a discutir e a votar um projecto de lei apresentado pelo Partido Socialista que consagra que as listas eleitorais que não tenham 33,0% de mulheres, sejam recusadas pelo juiz responsável. Assim será nas eleições legislativas, autárquicas, e europeias, uma vez que o PS tem maioria absoluta nesta Assembleia, todavia o facto não impede o Partido Social Democrata de votar contra o projecto e de explicar as razões por que o faz.
Uma lei das quotas como esta, que o PS apresenta, não existe em nenhuma outra legislação europeia. Ao contrário do que tem sido dito e escrito, na Suécia e na Noruega não existe lei das quotas, existe sim um acordo entre os partidos que o desejem. Repito: um acordo entre partidos, assente na regra interna e estatutária de que as listas que apresentam têm uma determinada percentagem de mulheres. Quanto à França e à Bélgica, estes dois países aprovaram uma lei que estabelece que os partidos que não cumpram as quotas mínimas de mulheres nas suas listas, sejam multados, mas não são, como pretende o PS, impedidos de concorrer às eleições. Entre nós a proposta vai bem mais longe e estabelece que não pode concorrer às eleições, o partido que não preencha a quota de 33% de mulheres nas listas. Além do mais, esta solução foi tentada na Argentina e considerada inconstitucional pelo respectivo Tribunal.
Pura engenharia social: resolver pela via legislativa um problema que existe, desprezando uma das regras básicas da democracia: a igualdade dos cidadãos face à lei e a sua não discriminação em função da raça, do sexo, da cor, ou de qualquer outro critério. Enquanto democrata, não posso aceitar nenhuma excepção a essa regra básica da democracia e do estado de direito que é a igualdade dos cidadãos face à lei. Perante um problema real existente, o PS procura fazer engenharia social, abrindo uma excepção ao princípio constitucional da igualdade perante a lei e da dignidade dos cidadãos homens ou mulheres.
Dir-me-ão: mas há um problema. A democracia não resolveu ao longo de todos estes anos a questão da participação das mulheres em lugares resultantes do voto livre dos portugueses. Essa participação depende das listas elaboradas pelos partidos políticos.
É uma evidência que não resolveu e que o PSD regrediu na representação de mulheres nas últimas eleições. Mas isto não me leva a abandonar aquele princípio tão querido dos democratas: um cidadão, um voto, que aliás foi imagem de marca da luta de Mandela pelo direito ao voto dos negros na África do Sul, ou da luta que tantas mulheres travaram por todos os cantos do mundo para assegurar o direito de voto e o consequente direito de serem eleitas.
Aceitar quotas, mesmo em nome de um bom objectivo, é sempre uma forma de subestimar aquele que é aceite. Aceite apenas para preencher uma quota, assumindo um cargo, não por via do mérito, mas por necessidade administrativa. E quem julga que esta é a forma correcta de garantir a presença das mulheres nos cargos políticos: substituindo o mérito, a vontade, a luta legítima no seio dos partidos, pela mera quota, cria uma discriminação inaceitável para as mulheres que não aceitam fazer parte desses 33%, graças à compreensão benemérita de uns senhores que acham que elas ficam bem nas listas e que talvez assim ganhem alguns votos adicionais, introduzindo via quota a mulher de, a irmã de, ou a filha de…
Senhor Presidente,
Senhores deputados,
Sendo eu, por princípio democrático, contra as quotas de 33% impostas por lei nas listas eleitorais, neste caso quotas de mulheres, sou igualmente contra quotas de representatividade para qualquer minoria racial (negros, asiáticos, hispânicos, ou arianos), contra quotas para homossexuais, quotas para emigrantes; quotas na base da origem social (operários e camponeses), quotas para diferentes credos (cristãos, muçulmanos ou judeus), e, já agora, quotas para a origem territorial.
A força da democracia reside justamente em nunca reconhecer a ninguém, por qualquer um destes motivos, um único direito a mais ou a menos, não permitindo qualquer tipo de discriminação positiva ou negativa.
Acresce a tudo isto que, no caso das mulheres portuguesas, conceber uma lei para impor 33% nas listas é desvalorizar o caminho traçado por muitas mulheres que fizeram dos seus direitos cívicos e da sua participação em todos os domínios da vida nacional um dos seus primordiais sentidos de vida. Não precisaram que ninguém lhes desse nada. Conquistaram-no. Conquistaram-no com lutas, com esforço e ganharam. Os últimos 50 anos foram prova disso. Atrevo-me a dizer: ganhámos! Ganhámos nós mulheres e ganhou a democracia. Ninguém favoreceu ninguém, ninguém impôs que as mulheres estivessem onde querem estar apenas por lei discriminatórias que fazem o favor de lhes abrir caminho. Por mim falo. Sentir-me-ia profundamente humilhada se as portas se me abrissem por causa de uma obrigação legal, e pelo facto, inimputável, de eu ser mulher. Seria uma humilhação equivalente – como já me aconteceu – à de ser discriminada na situação inversa: fecharem-se-me as portas por ser mulher. A primeira luta em que participei na vida, por exemplo, foi pelo direito ao uso de calças no Liceu Carolina Michaelis nos longínquos anos 60.
Com o 25 de Abril e, particularmente, com a Constituição da República, de que em breve iremos comemorar 30 anos, consagrou-se a plena igualdade de direitos do homem e da mulher. Foi preciso modificar todas as leis que de alguma forma discriminavam a mulher na sociedade portuguesa. Foi uma profunda alteração, foi uma verdadeira revolução. De leis e de mentalidades. Mas, uma vez eliminadas as enormes barreiras legais, as mulheres conseguiram entrar para o sistema escolar, estão em maioria nas Universidades, fazem doutoramentos, são juízes e embaixadoras, entraram na polícia e no serviço militar – isto tudo sem quotas. E ainda feminizaram profissões que lhes eram quase vedadas, como o jornalismo ou a medicina. Passaram a viajar sem necessitar da autorização escrita do marido e estão onde querem estar por mérito e por direito. Sem quotas de 33%...
Alguma doutorada o foi por via de quotas? Alguma jornalista está no jornalismo político através de quotas decididas nas redacções dos jornais ou na lei? Porquê então quotas nos cargos políticos elegíveis? Dir-me-ão certamente que o argumento principal a favor das quotas reside no facto de as mulheres terem efectivamente entrado em todos os sectores profissionais, em todas as carreiras que desejaram, e que lhes estavam legalmente proibidas, excepto na política. Então, a solução é fazê-las entrar na política através de medidas legais que as obrigam a integrar as listas. Como se a política fosse um reduto intransponível, e em que os homens dos vários partidos se unem numa barreira comum.
Uma vez aprovada esta lei, vamos assistir, nas próximas eleições legislativas e autárquicas, à elaboração das listas e só depois ao preenchimento das quotas. Pairará sempre a dúvida sobre se uma mulher que esteja numa lista a integra por mérito ou em resultado da quota.
E, no entanto, quando esse caminho foi trilhado ‑ e não me refiro só às mulheres, mas também às minorias étnicas discriminadas positivamente com quotas ‑, os resultados foram lamentáveis. Esse caminho conduziu objectivamente à diminuição, à menorização daqueles que pretendia beneficiar.
É, porém, uma realidade inegável que, ao olhar para o governo do Eng.º Sócrates ‑ o mesmo que veio apoiar este projecto-lei –, verificamos que tem apenas duas ministras. Olha-se para o PSD e verifica-se que nas últimas eleições regrediu, tendo menos mulheres que nunca! Ao tomar consciência desta realidade não podemos deixar de cair na tentação de reconhecer que talvez a mudança se produza por meio de quotas e multas, ou de qualquer outra medida administrativa ou legal.
Fazê-lo seria, porém, para nós, sociais-democratas, inaceitável na perspectiva da nossa forma de estar na política, e de entender a democracia e o estado de direito. E nem as aparentes boas intenções nos fins podem justificar os atropelos nos meios para lá chegar. Fazê-lo seria sobretudo não discutir, não encarar a razão pela qual as mulheres portuguesas não entram nas carreiras políticas. Pois se elas quisessem ‑ espero que ninguém duvide disto ‑ quebrariam todas as barreiras para o conseguir, tal como já quebraram tantas outras. Porque ‑ parece absurdo mas vale a pena dizê-lo ‑ os homens que estão na política também não são diferentes nem piores que os outros…
A igualdade homem-mulher, conquistada na lei, foi um importantíssimo avanço de democratização das sociedades, nomeadamente em Portugal.

Mas igualdade na lei implica também o direito à diferença. E diferença não é desigualdade.
Confesso que acho profundamente chocante a linguagem europeia imposta por directivas substituindo o conceito de igualdade de direitos homem/mulher pela igualdade de género e não me revejo como género.
A diferença faz muito para a felicidade dos homens e das mulheres, e que se saiba o género ainda não inspirou nenhum poema de nenhum poeta.

Senhor Presidente,
Senhores Deputados,
Reconheçamos que não é fácil a vida de uma mulher jovem. Assegurar a estabilidade familiar e conciliá-la com a carreira profissional. Ter filhos, dar-lhes colo e fazer ao mesmo tempo mestrados e doutoramentos. Viver a horas do local de trabalho e deixar os filhos depositados, qual tropa, na creche, oito ou dez horas por dia, e chegar a casa sem tempo para os que dela esperam tudo. Não é fácil!

Passou-se do ideal de mulher “fada-do-lar”, para um ideal de mulher tipo “motorista-de-camião-de-longo-curso”, a quem só falta dormir nas estações de serviço!

Face à exigência do quotidiano será que não ocorre que por acaso elas não queiram ou não possam pôr por cima de tudo isso, ainda mais uma actividade política regular? Que não queiram pertencer a Assembleias Municipais que reúnem pela madrugada dentro, nem estar em secções que reúnem noites a fio em reuniões intermináveis.
A política em Portugal faz-se a horas inconcebíveis em qualquer país civilizado.
Há dias, a Ministra da Educação do governo trabalhista inglês Ruth Kelly, com 37 anos e mãe de quatro filhos pequenos, respondeu à pergunta clássica: «como concilia a sua vida profissional com a sua vida de ministra?» ‑ Ruth Kelly, como sabem, tem uma das principais pastas do governo Blair, acaba de apresentar uma importantíssima reforma do sistema educativo e é considerada a segunda figura de topo do Partido Trabalhista ‑ , à pergunta respondeu: «nunca levo os dossiers para casa à noite» e explicou que, em casa, o importante são os filhos… Não leva os dossiers para casa, garantiu.

Os franceses têm duas palavras para a maternidade.

Chamam maternité e maternage.
Maternité é a maternidade que pode ser partilhada pelo pai e pela mãe. Isto é: qualquer dos dois pode levar o filho à escola ou ao parque infantil. Mas maternage é aquela relação mãe-filho insubstituível. Insubstituível por razões biológicas ‑ como a gravidez, o parto ou a amamentação, em suma a relação mãe-filho, mas também, o colo da mãe, esse dar-se e receber que dá sentido à vida.
Não digo evidentemente que seja melhor ou pior que a relação pai-filho.
Digo que cada uma delas é insubstituível, diferente e complementar.

É cada vez mais difícil ser mãe numa sociedade que substituiu paradigmas de discriminação pelos paradigmas masculinos que muitas mulheres rejeitam. Parece hoje ultrapassado e retrógrado falar de maternidade e dessa felicidade única que é ter filhos e dar-lhes colo.

Moderno é falar dos temas politicamente correctos na Europa e esgotar o discurso e as leis no aborto, na pílula, ou no casamento de homossexuais.
Tão moderno é que na vizinha Espanha o Governo socialista de Zapatero acaba de publicar uma portaria, com data de 3 de Março corrente, a abolir nos documentos oficiais a palavra pai e mãe. Pai e mãe são assim abolidos por se considerar que se tratam de categorias discriminatórias face à possibilidade legal da adopção de crianças de casais homossexuais e consagra-se a expressão “neutra” Progenitor A e Progenitor B. Será curioso vir a ensinar um bebé a dizer progenitor B em vez de papá ou mamã… Mas hão-de certamente fazer uma lei para resolver esse problema.

No entanto, a Europa tem hoje uma gravíssima questão de natalidade e nós, em Portugal, temos um dos mais baixos índices de natalidade.

Os casais têm cada vez menos filhos e cada vez mais tarde e não têm os filhos que desejam, nem quando desejam – mas, sim, quando podem.
Esse é o maior problema das sociedades contemporâneas.
Há uma semana, o Spectator publicava um artigo demonstrando que a Europa está em fim de império e o Spiegel fez capa dos números alarmantes dos nascimentos na Alemanha e na Europa.

Face a esta dramática situação, os Estados e nós, em Portugal, temos de criar condições políticas e travar um grande debate nacional para que a maternidade não seja uma penalização da mulher e para que a sociedade reconheça a função social da maternidade.

Quando, há dias, o Ministro da Saúde anunciou o encerramento de Maternidades aquilo que mais me alarmou foi exactamente os argumentos invocados para as fechar: não nascem crianças suficientes. Fecham as maternidades, fecham as escolas e o país envelhece a olhos vistos.

O PSD está inteiramente disponível para discutir em consenso todas as medidas políticas necessárias à inversão desta situação que penaliza as mães, os pais, a sociedade e sobretudo os filhos ‑ os filhos que se tem e os que se não podem ter porque a vida é demasiado difícil. Precisamos de creches e de jardins-escola ao lado do local de trabalho. Precisamos de uma política de cidades que não tenha o centro cheio de casas vazias e escritórios, e com os casais jovens a viverem em periferias a 2 e 3 horas de distância do local onde trabalham. Precisamos de creches nos próprios locais de trabalho. Não há uma única creche na baixa de Lisboa. Na Comunidade e em Portugal, gastam-se fundos com tudo: com a PAC, pescas e ambiente. Há financiamentos para a apicultura, para as raças autóctones, para a destilação de vinho, subsídios para a electricidade nas empresas, há PROCOMS, financiam-se as festas, as capitais de, pagam-se eventos de todo o género. E para a Maternidade, para o apoio público às mães, aos pais e aos filhos? As despesas com a educação no IRS têm tecto máximo. Até 2 dependentes (dois filhos) é possível deduzir 160% do Rendimento Mínimo Nacional. Com 3 ou mais filhos a dedução é menor em termos proporcionais. Assim, a partir do 3º dependente a dedução é apenas 30% do Rendimento Mínimo Nacional. Uma família com 1 ou 2 dependentes a dedução máxima é de 617.44€. Uma família com 3 dependentes a dedução máxima é 617.44€ + 115.77€ - menor em proporcionais. As fraldas pagam 5% de IVA graças ao ex-Ministro Bagão Félix do Governo PSD/PP, pois eram taxadas em 19% as dos bebés ao contrário das dos idosos dependentes.
O PSD apresenta a sua completa e total disponibilidade para aprovar e sustentar todas as medidas de apoio à maternidade, considerando que este é o maior problema com que se defronta o país nos dias de hoje.

O mesmo é dizer que: em lugar das quotas vamos antes verificar as razões que afastam as mulheres da política e criar as condições para que elas queiram seguir a carreira política tal como quiseram seguir a carreira profissional e académica.
Vamos antes valorizar a maternidade como um bem social que permita efectivamente aos casais terem os filhos que desejam e não os que podem ter.

Como há dias escrevia Esther Mutcznik, preocupamo-nos com a gravidez da adolescência e não nos preocupamos com as gravidezes tardias, e acrescentaria nem com uma sociedade de filhos únicos, em que a falta de colo é quantas vezes substituída por presentes desmesurados e tontos. E, nessa relação mãe-filho, nesse colo insubstituível, nesse vê-los crescer e acompanhar os seus passos, deixamos crescer a culpa, um sentimento de culpa de quem já se divide por horas a fio de trabalho profissional e de trabalho doméstico.

Uma vez que não respeitamos esse sentimento, essa opção, queremos então, à força da lei, dizer às mulheres que por cima de tudo isso encontrem tempo para uma vida político-partidária, feita e concebida contra elas, contra os seus interesses e as suas vontades.

Se porventura o PS quiser aprovar uma resolução dizendo que nenhuma Assembleia Municipal, nenhum órgão autárquico ou outro reunirá depois das oito da noite, o PSD certamente estará aqui para apoiar essa medida.

Há anos, lembro-vos, foi uma mulher deputada, Leonor Beleza, quem optou por criar uma creche nesta casa, na Assembleia, em vez de um desejado ginásio para os deputados. Essa creche devia poder receber os filhos das deputadas sempre que necessário. Seja por um dia ou por umas horas. É este o caminho que apoiaremos nas Câmaras e nos outros órgão de poder local.

Repito, passou de moda falarmos de maternidade e da sua função social. Queremos agora super-mulheres que, além de serem mães irrepreensíveis, façam também a sua carreira profissional, ou académica, ou científica, em concorrência com os homens, e que já agora também estejam nos lugares políticos e que se enamorem e casem e tenham filhos.
Senhor Presidente,
Senhores deputados,
O direito à dignidade, consagrado no primeiro artigo da Constituição é um direito inabalável que não se pode perder em nome de falsos caminhos de engenharia social e falsas soluções.

E se alguém julga que é por aí que vai ao encontro do voto das mulheres, desengane-se. Os portugueses, mulheres e homens, decidirão o seu voto, estou disso convicta, procurando saber se os problemas do desemprego, da escolaridade, dos idosos e da maternidade e paternidade estão a ser resolvidos ou agravados. Sobretudo em relação à maternidade e à paternidade o grande problema com que se defronta a Europa e muito particularmente nós portugueses.»

Os negritos são meus.
Não tenho opinião formada relativamente a esta questão. Lembro, porém, que na Igreja, e nas instituições de solidariedade social, as mulheres são francamente maioritárias - a ponto de se dizer as catequistas - e até estão presentes em reuniões em horas tardias.
Isto quererá dizer também qualquer coisa acerca das opções das mulheres.
Um espírito mais cínico responderá que também aí o verdadeiro poder é exercido pelos homens... (neste caso o clero).
É um facto, mas tal só sucede na medida em que o/as leigo/as aceitam e promovem esse estado de coisas.
Aliás, os escalões intermédios de poder na Igreja local - paróquias - são ocupados por mulheres que, no terreno, como em tudo na vida, são quem manda de facto (na generalidade dos casos), aparentando dizer amén a todos os ditâmes vindos de cima...

quinta-feira, março 30, 2006

Portugueses deportados

Esta lamentável questão dos cidadãos portugueses deportados do Canadá enche de vergonha todas as partes envolvidas.
Entendamo-nos:
As autoridades canadianas fizeram muitíssimo bem em deportar os cidadãos portugueses que pretendiam permanecer no Canadá ao abrigo do estatuto do refugiado… honraram Portugal, país onde não existem perseguições políticas, conforme reconheceram expressamente.
Os portugueses deportados são indignos do seu país, e deveriam ser severamente censurados por terem insultado Portugal e os seus concidadãos.
Dito isto,
- O nosso MNE está cheio de razão. Aparentemente, as autoridades canadianas têm estado a actuar de forma desumana, tratando cidadãos de um país amigo e aliado de forma inaceitável.
- Portugal deve dar o apoio necessário aos cidadãos deportados, exigindo que se retractem.
- Tal apoio deverá incluir a responsabilização dos procuradores que sugeriram aos cidadãos portugueses a invocação do estatuto de refugiado.
Entretanto,
No âmbito desse apoio, o nosso MNE tenciona, e muito bem, deslocar-se ao Canadá.
De acordo com o que ouvi esta manhã na TSF, o ministro canadiano – suponho que o homólogo – foi já anunciando (pública e ostensivamente) que se limitará a «ouvir» o Professor Freitas do Amaral, já que, declarou, a actuação das autoridades Canadianas em nada será modificada.
A atitude do ministro canadiano foi descortês e pode constituir uma afronta à diplomacia portuguesa.
De duas uma, ou o referido ministro é um malcriadão desbocado (isto salvo o devido respeito, que é muito, - temos que ter cuidado com o que escrevemos nos blogues…), e deve emendar a mão ou ser desautorizado pelo restante executivo canadiano, ou está a desenvolver uma política de Estado em sintonia com ele.
Em qualquer dos casos o nosso MNE deveria cancelar a visita programada:
- Porque foi desconsiderado;
- Porque (oficialmente) não vai lá fazer nada.
Em caso de intransigência das autoridades canadianas, julgo que seria caso para chamarmos o nosso embaixador a Lisboa.
Parece-me que a atitude pior é a de andarmos com pedinchices, de chapéu na mão e de cerviz dobrada e obrigada.

quarta-feira, março 29, 2006

«Correcção política» - 40 e o terço de Bono

Fiquei a saber, aqui pelo blogue, que o Tobecas é fã dos U2, e em particular do Bono.
Este postal é para ele e para os mais atentos e reticentes à ditadura do política e jornalisticamente correcto.
Podem ser lidas aqui a letra e alguns comentários à "40".
Entretanto, podem ser vistas outras Bible references @U2 aqui.
São muitas mais do que eu imaginava...

Fraude nos carregamentos de telemóveis por Multibanco

cfr. notícia aqui

sábado, março 25, 2006

sexta-feira, março 24, 2006

Estado legitima a discriminação social e a xenofobia.

Este artigo de Paulo Morais no JN é de leitura obrigatória.

quarta-feira, março 22, 2006

Marte - Valles Marineris


Quem quizer sobrevoar um impressionante cannyon em Marte, num filme proporcionado pela NASA e pelo Google - Flight into Mariner Valley - pode fazê-lo aqui.

terça-feira, março 21, 2006

Dia Mundial da Floresta e Dia da Árvore e da Poesia

Ando há uns tempos para escrever umas coisitas acerca do tema, mas agora não tenho disponibilidade, nem vontade. A seu tempo...
Por ora limito-me a citar o ICS:
«A comemoração oficial do Dia da Árvore teve lugar pela primeira vez no estado norte-americano do Nebraska, em 1872. John Stirling Morton conseguiu induzir toda a população a consagrar um dia no ano à plantação ordenada de diversas árvores para resolver o problema da escassez de material lenhoso.
A Festa da Árvore rapidamente se expandiu a quase todos os países do mundo, e em Portugal comemorou-se pela primeira vez a 9 de Março de 1913.
Em 1971 e na sequência de uma proposta da Confederação Europeia de Agricultores, que mereceu o melhor acolhimento da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), foi estabelecido o Dia Florestal Mundial com o objectivo de sensibilizar as populações para a importância da floresta na manutenção da vida na Terra.
Em 21 de Março de 1972 - início da Primavera no Hemisfério Norte - foi comemorado o primeiro DIA MUNDIAL DA FLORESTA em vários países, entre os quais Portugal.»

Mais recentemente foi instituido pela UNESCO (mediante proposta do Pen Club) o dia mundial da Poesia.
Assinalando-o, aqui deixo este hino à descoberta:

Liberdade

- Liberdade que estais no céu...
Rezava o padre nosso que sabia

A pedir-te, humildemente,
O pão de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.

-Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.

Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão de minha fome.
-Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.

Miguel Torga, Diário XII (1977)

Petição contra as comissões sobre levantamentos em ATM

http://www.PetitionOnline.com/bancatms/petition.html

Fernando Gil

No passado dia 19 – dia do pai – morreu , em Paris, o filósofo português Fernando Gil.
Tinha 69 anos. Não parecia. Tive oportunidade de assistir a uma interessantíssima conferência sua, há dois ou três anos atrás, onde, num discurso apelativo e acessível, que conquistou uma larga audiência, revelou o seu espírito vivo mas sereno.
Nascido em 1937, licenciou-se em Direito na FDL e em Filosofia na Sorbonne, onde se doutorou em Lógica.
Tornou-se mais conhecido do grande público quando recebeu, em 1993, o Prémio Pessoa.
António Marques, presidente do Conselho Científico da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Nova, citado pelo Expresso on line a propósito da sua morte, considerou que «talvez o traço mais profundo da enorme obra que deixa seja o da renovação de um humanismo filosófico que, por muito anos mais, inspirará gerações»
O aludido semanário, citando o filósofo - «Cada coisa, para ser o que é, tem de estar em ligação com todas as outras. A identidade ideal é uma rede de conexões infinitas. Para se perceber o mínimo sobre o mínimo seria preciso conhecer-se tudo» - chama-lhe, com razão:

«O filósofo da pluridisciplinaridade»

segunda-feira, março 20, 2006

Testemunhar o perdão

Às vezes as notícias passam por nós tão depressa que nem atentamos no seu real significado.
Foi o caso desta, infra.
Felizmente a folha informativa deu-lhe o merecido destaque:
«Católicos iraquianos fazem colecta para reconstrução da mesquita de Samarra»
O bispo de kirkuk visitou os chefes muçulmanos para lhes expressar solidariedade pela destruição da mesquita de Samarra:
«Confirmei uma vez mais que nós, cristãos, repudiamos os atentados contra o povo muçulmano, pois consideramos abominável todo o atentado contra qualquer local de culto».
Tudo isto acontece depois de ataques perpetrados em duas igrejas no passado dia 29/1 por extremistas em fúria, em protesto contra a publicação das caricaturas de Maomé.
Alguns cristãos morreram, entre eles um acólito, Fadi Raad Elias.
Uma longa caminhada foi necessária para que entre nós, cristãos, as palavras sábias do bispo de Kirkuk fossem uma evidência.
Curiosamente, S. Francisco Xavier, que referi infra, foi percursor desta nova atitude de respeito pela fé (crenças) dos outros, não hostilizando os ministros e locais de culto das religiões com que se deparou.
Com ele libertámo-nos definitivamente do esquema mental do Antigo Testamento.

400.000 de toneladas…

…foi o volume de entulho despejado na zona do Parque Natural da Serra de Sintra em 2004.
Uma empresa da zona disponibilizou-se e quer construir uma central de reciclagem de entulho, que produziria brita.
O pedido de licenciamento, com luz verde do próprio Parque Natural, deu entrada na C.C.D.R.L.V.T. em Novembro de 2004.
Face à demora, a empresa decidiu tentar resolver a questão por via judicial, tendo deduzido acção em Tribunal no passado mês de Janeiro.
Esta notícia de hoje da TSF revela bem o país que somos.
À selvajaria e ignorância dos cidadãos, a Administração Pública responde com incompetência criminosa.
Passadas 3 ou 4 décadas de sensibilização ambiental ainda não temos estações de tratamento de lixos perigosos (industriais, hospitalares, etc.), a reciclagem é incipiente e não inclui a recolha e aproveitamento de óleos e de matérias electrónicos, o aproveitamento da energia solar (que me lembro de ter visto já bem divulgado e em excelente funcionamento no norte de França há 24 anos atrás) continua meramente residual e levado a cabo por uns tantos curiosos, a eficiência energética dos edifícios (que as construções tradicionais asseguravam) continua a ser ignorada, o tratamento de esgotos continua deficientíssimo, isto apesar dos milhões desperdiçados, qualquer labrego despeja, incólume, frangos, porcos e carcaças várias, electrodomésticos, carros e lixos variados a esmo, nomeadamente em linhas de água, onde a jusante existem captações que abastecem milhares de pessoas, inquinando-as com metais pesados (basta pensar nos componentes de uma única bateria) e outros poluentes perigosíssimos, o lixo para o chão e a escarreta para o ar continuam a ser desportos largamente praticados, a poia de cão persiste em minar as ruas das nossas cidades… e mesmo assim acho que podemos dar graças a Deus por já não se ouvir o aviso tão típico que alertava os passantes com o «lá vai água!» desde há meras duas gerações atrás.
Agora, a nota curiosa e sintomática da notícia supra, é a tentativa de resolução dos imobilismos administrativos com o recurso à via judicial.
Quando todos, muito justamente, criticamos e nos indignamos com o estado caótico da Justiça verificamos que ela continua sendo, mesmo assim, um oásis de eficiência ao lado de uma administração pública onde a ociosidade, a incompetência e a falta de sentido do dever e das responsabilidades grassam de forma gritante.
Por todas as razões e mais esta, a desjudicialização da resolução de conflitos e da administração da justiça são extremamente preocupantes...

Ena!
Isto está a animar...
Vivam!

quinta-feira, março 16, 2006

Aniversário

Por falar em fraldas...
Quem é que é o/a ?

Parabéns!

quarta-feira, março 15, 2006


A recente modificação do nome do nosso blog, não é mais que uma outra forma, em tantas que fomos tentando, de uma maior participação de velhos amigos, que não se resuma a uma meia dúzia de habitués, sendo que dessa meia dúzia....enfim.

Enquanto pensava o que escrever no dia de hoje, surgiram-me várias ideias:

1ª - mandar um e-mail ao Pedro Cruz para combinar uma sequência diária de insultos entre nós, de modo a levar outros a " lançar" temas e artigos de modo a desviar atenções desses artigos cheios de calúnias e nomes feios, mas cedo percebi que todos iriam gostar e a coisa ficava na mesma

2ª- Escrever sobre o novo Pároco de Algés, que é excelente, mas que está rodeado de um grupo de senhoras, que não deixando de "serem aquelas que dão a cara", na Igreja, Catequese, etc, penso eu, que estarão a fazer uma regressão no que já foi o ensino da Doutrina Cristã, e a animação Eucarística, o que pessoalmente me preocupa, pois nem todas as crianças têm capacidade para uma Eucaristia, onde os cânticos são mofentos e com umas oitavas acima do tom - Resultado, passam as catequistas a servir de agentes da ordem de algumas crianças, que estão ali até terem vontade própria de nunca mais por os pés numa Igreja.
Pergunta?: O que é feito de uma série de novos catequistas, que eu via no ano passado na Igreja?

3ª-Escrever sobre todos aqueles, que eu tenho conhecimento de estarem ou terem familiares próximos doentes ou a recuperar e desejar as melhoras e força para resistir, como a Tuxa, o marido da Fátima Rochetaux(espero que esteja bem escrito), o pai do Pedro, etc., mas também achei um pouco lamechas, e não vou por aí.

4ª-Não escrever nada, e fazer como os outros, que em tempos me ensinaram a não cruzar os braços e avançar para abraçar uma tarefa , e ficar à espera que um dia eu venha a ter tempo, vontade, ou paciência para escrever "então pessoal, tudo bem?, aqui na casa de repouso está tudo maluco com o nosso blog, eheheheh, essa do Pedro Cruz usar Lindor é o máximo, eheheheh"

terça-feira, março 14, 2006

Um destes dias...

...quem vai acabar vai ser este blogue.
Se mais ninguém escreve nele e se continuam a deixar-me a falar sózinho, deixa de ser um blogue colectivo para ser o Blogue do Pedro.
Não faz sentido!
Ou isto muda, ou arrumo as botas.
É pena, e é uma oportunidade perdida...
Talvez regresse passados outros 20 anos, ou talvez crie um blogue privado, se me der para aí, o que duvido.
Nesse caso convidarei o Tobecas, o meu único interlocutor permanente.
(Já sei, já sei, os meus amigos andam todos muito ocupados, cheios de afazeres e não podem dar um ar de sua graça. O Pedro, pelo contrário, é um diletante ocioso, que nada tem que fazer...)

Notícias da Blogosfera - o fim d'O Espectro

Infelizmente, o blogue de Vasco Pulido Valente, escrito em parceria com Constança Cunha e Sá (a mulher, se não erro), acabou - http://o-espectro.blogspot.com/.
Enquanto durou foi uma verdadeira pedrada no charco, ao estilo dos autores.
R.I.P.
Entretanto, os respectivos leitores, inconformados, tratam de lhe dar uma original e inovadora continuação, através da caixa de comentários, que já ultrapassou os trezentos.
A meu ver trata-se um verdadeiro «case study» de popularidade e de teste aos limites das caixas postais.
A acompanhar e a analisar pelos senhores que gerem a/o Blogspot.com.

quinta-feira, março 09, 2006

«O Jorginho das medalhas»

O Dr. Mário Soares e, antes dele, o Gen. Eanes, já haviam sido justamente criticados pela profusão de comendas que distribuíram, o mais das vezes sem justificado mérito dos agraciados. Alguns, raros – p.e. Herberto Hélder –, recusaram-nas.
O Dr. Jorge Sampaio foi, neste aspecto, de uma prodigalidade assombrosa, a ponto de suscitar piadas e gags no programa Contra informação.
A este propósito, alguém recordou - muito adequadamente - o dito que surgiu e esteve em voga em meados do sec. XIX:
«Foge cão, que te fazem barão… Para onde, se me fazem conde?»
A honraria é uma excelente forma de conquistar boas vontades.
É efectiva e de certa forma adquire (compra), a baixíssimo preço, a gratidão do homenageado, a ponto de este ser tentado a hipotecar o seu mérito, por gratidão ou conveniência.
Porém, a profusão de comendas espelha a mediocridade de uma sociedade e tende, inexoravelmente, a diluir a o respectivo significado.
O próprio gesto de distinguir, vazio de significado, deixa de ser distintivo.
Ora, é de símbolos e de significados que estou a falar (aliás, a presidência da república é, em primeiro lugar, simbólica) e, quanto a mim, o momento mais lamentável dos consulados do Dr. Jorge Sampaio esteve relacionado com medalhas e com o simbolismo que lhes está associado…
Não, não estou a falar da já referida e lamentável generosidade na distinção concedida.
Refiro-me a um prémio recebido.
Em 13/10/2004, Jorge Sampaio, Presidente da República Portuguesa, recebia o Prémio Carlos V da Coroa de Espanha, pelo empenho nos ideais europeus.
Na altura, foi para mim confrangedor ver o meu Presidente da República deslocar-se a um país estrangeiro e aí dobrar a cerviz, literalmente, diante do respectivo soberano, para receber uma condecoração, se bem me lembro em forma de colar.
Simbolicamente tivemos um Presidente da República Portuguesa a prestar vassalagem ao Rei de Espanha, recebendo um prémio que evoca Carlos V imperador do Sacro Império Romano Germânico, no tempo em que a Espanha dominava o mundo...
Curiosamente, o ponto alto da presidência cessante ocorreu, também, por ocasião de um prémio conferido no estrangeiro.
Refiro-me, naturalmente, ao brilhante discurso que o Dr. Jorge Sampaio proferiu em Oslo a propósito de Timor, por ocasião da recepção do prémio Nobel da Paz conferido a Ramos Horta.
Esse discurso simbolizou e culminou o envolvimento e a intervenção decidida, empenhada e generosa de todo o povo português, que por uma vez se reviu nas diligências das suas autoridades.

quarta-feira, março 08, 2006

A endometriose

As dores durante a menstruação que afligem tantas mulheres, cerca de 700 mil portuguesas, são causadas por uma doença já identificada – a endometriose.
A endometriose permanece quase desconhecida, inclusivamente dos próprios médicos, e por isso, normalmente não é (convenientemente) tratatada.
Ana Cristina Chaves, presidente da Associação Portuguesa de Endometriose (recentemente constituída) atribuiu, em declarações à Lusa, o desconhecimento da doença à «falta de sensibilidade» de médicos e doentes.
Segundo ela, «Considera-se que é normal a mulher ter dores durante o período e não se procura saber o que as provoca», o que é verdade, tanto quanto me é dado observar.
Segundo aquela associação, a endometriose está descrita, mas ainda não tem causa conhecida.
Ocorre quando o crescimento das placas de tecido endometrial, que normalmente só se encontra no revestimento interno uterino (endométrio), se desenvolve fora do útero.
Todos os meses, durante o período menstrual, este tecido, que mantém actividade hormonal, sangra internamente, provocando inflamação e dor. Além de menstruações dolorosas, a endometriose pode provocar dores durante e após as relações sexuais, é um factor de risco para o cancro do ovário e está associada à infertilidade em 20 a 40 por cento das doentes, explica a associação.
Segundo Ana Cristina Chaves a endometriose leva, em média, cerca de oito anos a ser diagnosticada, em virtude da supra referida ideia generalizada de normalidade.
A doença, que afecta cerca de 15 por cento das mulheres em idade fértil, possui vários graus, podendo, nos casos mais severos, obrigar à histeroctomia.
Decorre hoje, Dia da Internacional da Mulher, uma iniciativa pública de divulgação (aqui perto do meu escritório), na Praça Duque de Saldanha, ao lado da Maternidade Alfredo da Costa.
A ideia é sensibilizar médicos e profissionais de saúde…
Fonte: Lusa

terça-feira, março 07, 2006

Maridos a dias...

Este admirável mundo novo não oferece oportunidades apenas a nós, homens.
Para vós, meninas, também existem ideias arrojadas e aparentemente simpáticas.
Neste caso a dos «maridos a dias».
Homens que podem ser contratados eventualmente para preparar e servir um jantar e/ou para fazer pequenos arranjos domésticos…
Cfr. esta notícia do Portugal Diário, sob a epígrafe «Prendados, habilidosos na cozinha e imbatíveis nas reparações domésticas».
Embora o teor da notícia não o afirme, a opção pelo nome «maridos a dias» em detrimento do mais óbvio «homens a dias», sugere-me que o objecto da prestação de serviços é um bocadinho mais lato do que aquele que foi apresentado… (ainda por cima quando existe o bem sucedido precedente holandês e russo das «esposas a dias ou a termo» que fazem mesmo, e bem - ao que parece -, todo o serviço).
Aliás, o termo «maridos» está definitivamente muito mal escolhido, e presta-se a más interpretações que podem arruinar o negócio... Com efeito, não conheço mulher alguma que, casada, esteja verdadeiramente satisfeita com a prestação do seu legítimo e amantíssimo marido no que respeita a tais matérias domésticas. Deveriam chamar-lhes «magos do lar» expressão que sempre remete para uma figura mitológica, própria do reino da fantasia, e dos sonhos...
De qualquer modo, rapazes, sempre é um mundo de oportunidades, pelo menos para os solteiros, ou pretendentes a divorciados :-)

segunda-feira, março 06, 2006

É lá e cá...

O que poderia ser a nossa educação se todos - pais, professores, autarquias e Governo - se empenhassem.
Pelos vistos funciona. E não seria necessário mais dinheiro do que aquele que é gasto...
Confira aqui, sob o título: «Sócrates "impressionado" com sistema de ensino finlandês»

domingo, março 05, 2006

As virtualidades de uma parede branca

Não sei se alguém reparou mas, na nossa igreja paroquial, foi recentemente reposta a dignidade da zona do altar.
Com efeito, foi retirado aquele quadro (feiíssimo) dos pastorinhos beatos, que se encontrava do lado direito do sacrário e por detrás do ambão, e foi retirada também a imagem que se encontrava ao lado deste.
Tais..., ícones foram reposicionados na igreja, em local bem mais adequado (que pena não existir uma cripta...).
Com efeito, causavam poluição visual, distraindo-nos do essencial, retirando-lhe importância.
Na zona do altar estão, agora, o propriamente dito, o ambão, a cruz, o sacrário e o quadro, belíssimo e apropriado, do Cristo em majestade.
Fica faltando, apenas, a remoção da tinta cinzenta que uma ideia infeliz mandou aplicar sobre o cimento à vista das colunas e da parede que encima a pia baptismal.
O novo pároco está de parabéns!

Tempestade, também em Saturno!

Em finais de Janeiro começou a ser seguida pela NASA uma enorme tempestade (nuvem de elctricidade) em Saturno.
A respectiva área é maior do que o território dos E.U.A., e os relâmpagos são cerca de 1000 vezes mais fortes do que os terrestres.
Os primeiros sinais, de rádio, foram detectados pela sonda Cassini.
O registo áudio pode ser ouvido aqui. O clip de 28 segundos representa a informação comprimida de 2h de observação da sonda Cassini.
Não sei o que vocês acham, por mim fico verdadeiramente impressionado ao ouvir tal registo, aqui, no meu computador...
Curiosamente, a comunidade de astrónomos amadores deu um contibuto importante para a confirmação oficial de que se tratava mesmo de uma tempestade.

Noite XL


Celebram-se este ano os quinhentos anos do nascimento de S. Francisco de Xavier.
Nasceu em 7/4/1506, em Navarra, no Castelo de Xavier e morreu em 1552 na Ilha de Sanchoão, frente a Cantão, na China.
Em Paris estudou Letras num colégio Português, e chegou a mestre de Filosofia.
Nesse período conheceu e foi companheiro Sto. Inácio de Loyola.
Em 1537 foi ordenado em Veneza.
No ano seguinte juntou-se a Sto. Inácio de Loyola e outros companheiros de Paris.
Fundaram a Companhia de Jesus que foi aprovada pelo Papa Paulo III em 3/9/1539.
Em 1540 chegou a Lisboa a pedido do rei D. João III, que solicitara ao Papa autorização para enviar um grupo de jesuítas para missionar no Oriente.
Foi enviado para a Índia em 1541, como núncio apostólico, ficando Simão Rodrigues em Portugal para aqui estabelecer a Companhia de Jesus.
Chegou a Goa em Maio de 1542, com dois companheiros.
Partiu para o Japão em 1549 e aí, assumindo hábitos e trajes japoneses, conseguiu que o príncipe o autorizasse a evangelizar. Instalou comunidades em vários locais, deixando-as entregues ao cuidado de outros companheiros e regressa à Índia, onde também deixara diversas comunidades.
Incansável, manifesta intenção de partir para evangelizar a China, mas ao chegar à ilha de Sanchoão adoece acabando por morrer em Dezembro de 1552.
É, ainda hoje, dos ocidentais mais respeitados no Japão.
A sua acçaão missionária e cultural foi admirável, mesmo à luz dos critérios de hoje.
Promoveu o encontro e o diálogo de culturas, no respeito pelo outro e pela sua cultura.
Crente fervoroso, eivado de indomável espírito missionário, soube despir as exigências da nossa fé do respectivo enquadramento cultural europeu, tornando-a acessível e aceitável a novos e diversos crentes, imersos e portadores de culturas tão ou mais ricas do que a nossa.
Nós, leigos e hierarquia eropeus do sec. XXI, temos ainda muito a aprender com Francisco Xavier, a despir a nossa fé de aspectos meramente culturais, insusceptíveis de serem transpostos e impostos a outros cristãos de outras culturas... O Cristianismo cada vez é menos europeu e também ele deverá deixar de ser (tão) eurocêntrico.

No âmbito da comemoração dos 500 anos do seu nascimento, vai acontecer a Noite XL no dia 10 de Março.
Trata-se de uma festa que celebra a presença de Xavier em Lisboa, incluindo uma peregrinação nocturna junto ao Tejo, cujo percurso passará pelo rio (com travessia de cacilheiro), pelo Castelo de S. Jorge, pela Sé, pelas Docas, Mosteiro dos Jerónimos, Padrão dosDescobrimentos e Torre de Belém.
Destina-se a jovens dos 16 aos 40 anos, mas a Missa, que será celebrada na Sé com início à 1.30h, será aberta a todos os quiserem aparecer.
Mais informações ou inscrições em http://www.jesuitas.pt/.

quinta-feira, março 02, 2006

Referendo P.M.A. (Reprodução Artificial)

Divulgo uma msg. que me parece importante e que merece a nossa atenção:
«Carissimos amigos
Está neste momento em discussão na Assembleia da República a lei para regulamentar a chamada Procriação Medicamente Assistida (PMA), isto é, reprodução artificial.

Até ao momento foram aprovados na generalidade os 4 projectos de lei apresentados pelos partidos PS, PCP, BE e PSD, e agora entrou-se no debate na especialidade que originará a lei que vai regulamentar esta matéria que se prevê para breve, provavelmente Março.

O que está em cima da mesa não é a legitimidade de casais com problemas de infertilidade recorrerem a estas técnicas mas sim a grande probabilidade de sair uma lei que prevê, entre outras, as seguintes aberrações (contempladas nos projectos acima citados):

- barrigas de aluguer para a gestação de filhos biológicos de outros

- reprodução heteróloga, fecundação através da aquisição de esperma e/ou ovócitos de 'dadores', originando uma vida que não é oriunda biologicamente nem do pai nem da mãe que se apresentam para o tratamento

- reprodução de bebés para mulheres que se apresentem sózinhas ou para projectos homossexuais- reprodução post mortem que recorre a sémen retirado a cadáveres, ... e a lista continua.

Tais situações são um atentado à dignidade da pessoa humana.

Está em causa defendermos uma sociedade onde não pode ser permitido criar bébés sob todos os pretextos e de qualquer forma, desde que tecnicamente possivel.
Devemos defender a vida humana e a sua dignidade intrínseca que, por conseguinte, não pode ser instrumentalizada para satisfação de caprichos.

Queremos uma lei, sim, mas que salvaguarde os direitos dos seres humanos em causa que estão por nascer.
Estas vidas dependem da nossa acção.
A nossa humanidade depende do nosso envolvimento.
Este é um assunto que nos diz respeito a todos.
É uma questão de humanidade.
Está em causa o tipo de sociedade que estamos a construir.

O que podemos então fazer?
1. Pressionar os políticos mostrando que este assunto não é indiferente ao povo português.
2. Exigir à Assembleia da República que realize um debate sério e esclarecedor.
3. Desencadear um referendo que pergunte aos portugueses se concordam com estas práticas.

Como o podemos fazer?
- imprimindo e assinado a petição anexa de Constituição de Grupo Cívico que juntando 75.000 assinaturas entrará na Assembleia para o pedido do Referendo
- recolhendo o número máximo de assinaturas
- distribuindo e divulgando a petição por todas as pessoas que conhecemos

É uma questão civilizacional.
A todos diz respeito.
Sofia Maleitas Correia
Associação Missão Vida»

O tal ficheiro pode ser baixado aqui.
Eu também posso facultá-lo.
Os impressos preenchidos devem ser enviados até ao próximo dia 15.