quinta-feira, outubro 05, 2006

São Francisco de Assis

Senhor!
Fazei de mim um instrumento da vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor.
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.
Onde houver discórdia, que eu leve a união.
Onde houver dúvidas, que eu leve a fé.
Onde houver erro, que eu leve a verdade.
Onde houver desespero, que eu leve a esperança.
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei que eu procure mais:
consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe.
É perdoando que se é perdoado.
E é morrendo que se vive para a vida eterna.
Oração da paz
Esta oração de São Francisco é, para mim, a mais feliz e profunda das escritas por mão humana.
Como sublime projecto de vida - o único decente - provoca-me, interpela-me e ajuda-me a ter consciência da minha fraqueza.
Festejou-se ontem, dia 4/10, o dia de São Francisco.
É o Santo da simplicidade, da beleza e do Amor universal.
Inexplicavelmente, a sua festa, que assinala a data da respectiva morte - em 3/10/1226-, não tem a relevância que deveria ter.
Francisco foi, talvez, aquele que mais perto esteve de Cristo, dos homens (todos) e de todas as criaturas.
A sua identificação com Jesus valeu-lhe a «estigmatização», para entusiasmo de cristãos de gostos mórbidos e de fé apoiada no «fantástico».
Aos outros, cristãos e não cristãos, atraiu pela sua vida simples, de exemplo e de exemplar amor universal.
Introduziu a bela tradição do presépio e, com é sabido, fundou a Ordem dos Franciscanos.
Poeta, foi o autor de um dos mais sublimes poemas, afinal o primeiro escrito em Italiano (antigo) e não em Latim.

(a propósio esta lição acerca do Cântico das Criaturas é magistral. A não perder!)
O Cântico das Criaturas (ou Cântico do Irmão Sol)
Altissimo, onnipotente, bon Signore, (Altíssimo, omnipotente, bom Senhor)
Tue so' le laude, la gloria e l' honore et onne benedictione. (Teus são o louvor, a glória, a honra e toda a bênção.)
Ad te solo , Altissimo, se confano (Só a Ti, Altíssimo, são devidos)
e nullu homo ène dignu te mentovare. (E nem um homem é digno de Te mencionar)
Laudato sie, mi' Signore, cum tucte le tue criature, (Louvado sejas, meu Senhor, com todas as Tuas criaturas,)
spetialmente messer lo frate sole, (Especialmente o senhor irmão Sol,)
lo qual' è iorno, et allumini noi per lui (que clareia o dia e que, com a sua luz, nos ilumina)
Et ellu è bellu e radiante cum grande splendore: (Ele é belo e radiante, com grande esplendor;)
de te, Altissimo, porta significatione. (de Ti, Altíssimo, é a imagem.)
Laudato si', mi' Signore, per sora luna e le stelle: (Louvado sejas, meu Senhor pela irmã lua e pelas estrelas:)
in celu l' ài formate clarite e pretiose e belle. (que no céu formaste, claras, preciosas e belas.)
Laudato si', mi' Signore, per frate vento (Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão vento,)
e per aere nubilo e sereno et onne tempo, (pelo ar, com núvens ou sereno, e todo o tempo,)
per lo quale a le tue creature dài sostentamento. (pelo qual a todas as criaturas dás sustento.)
Laudato si', mi' Signore, per sor' acqua, (Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã água,)
la quale è molto utile et humile et pretiosa et casta. (a qual é muito útil, humilde, preciosa e casta.)
Laudato si', mi' Signore, per frate focu, (Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão fogo,)
per lo quale ennallumini la nocte: (Pelo qual iluminas a noite:)
et ello è bello et iocondo e robustoso e forte. (ele é belo, jucundo, vigoroso e forte.)
Laudato si', mi' Signore, per sora nostra madre terra, (Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe terra,)
la quale ne sustenta et governa, (que nos sustenta e governa)
e produce diversi frutti con coloriti fiori et herba. (E produz diversos frutos com coloridas flores e erva.)
Laudato si', mi' Signore, per quelli ke perdonano per lo tuo amore
(Louvado sejas, meu Senhor, pelos que perdoam por teu amor,)
e sostengono infirmitate e tribulatione. (E suportam enfermidades e tribulações.)
Beati quelli ke'l sosterranno in pace (Bem-aventurados os que as suportam em paz,)
ca da te, Altissimo, sirano incoronati. (Que por Ti, Altíssimo, serão coroados.)
Laudato si', mi' Signore, per sora nostra morte corporale
(Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a morte corporal,)
da la quale nullu homo vivente po' scappare: (da qual homem algum pode escapar:)
guai a quelli ke morrano ne le peccata mortali; (Ai daqueles que morrerem em pecado mortal;)
beati quelli ke trovarà ne le tue sanctissime voluntati,
(felizes os que ela achar conformes à Tua santíssima vontade,)
ca la morte secunda no 'l farà male. (Porque a morte segunda não lhes fará mal.)
Laudate et benedicete mi' Signore et rengratiate (Louvai todos e bendizei o meu Senhor! e dai-Lhe graças)
e serviateli cum grande humilitate. (e servi-O com grande humildade.)
1225-1226
(O 1º quadro ilustrativo supra é de um dos meus pintores preferidos, El Greco e representa São Francisco e Santo André. O 2º é de Stefan Lochner - c. 1400-1451 - e representa a estigmatização de Francisco)

2 Comments:

At 05 outubro, 2006 16:31, Blogger Marco Aurélio said...

Pedro

Este quadro da estigmatização de São Francisco é realmente muito belo!

Um abraço

Marco Aurélio

 
At 06 dezembro, 2006 01:39, Blogger Pedro Cruz said...

Efectivamente.
El Greco é um autor da minha predilecção.
Abraço

 

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