sexta-feira, novembro 11, 2005

A visita da imagem da Nossa Senhora de Fátima

Assinalando o Congresso Internacional para a Nova Evangelização, que decorre esta semana em Lisboa, temos a visita, amplamente anunciada em cartazes gigantes de discutível estética, da imagem de Nossa Senhora de Fátima.

Não se trata de uma qualquer imagem da Senhora. Não. É a verdadeira imagem, aquela que está na Capelinha das Aparições!

Sucede que só muito remotamente a Senhora de Fátima tem alguma correspondência com Maria, mãe do nosso Salvador.

O deus que nos é apresentado na mensagem de Fátima, ameaçador e distante, cuja ira tem de ser aplacada por intercessão da Senhora, à custa de intermináveis ladaínhas repetidas até à exaustão, nada tem que ver com o Pai (Mãe) querido e cheio de misericórdia que se fez próximo, enviando o Seu Filho para morrer por nós, vencendo a morte e o pecado, salvando-nos por Seu exclusivo mérito.

Nesse sentido, o culto de Nossa Senhora de Fátima apresenta laivos de inquestionável paganismo e é, digo eu, pouco Católico.

Exemplo disso é o facto de muitos fiéis, com inusitada frequência, resvalarem da veneração de Nossa Senhora de Fátima para uma indisfarçável adoração, num tráfico de influências em que se trocam sacrifícios e orações, ou melhor, rezas (como agora dizem os jornalistas ignorantes, neste caso com toda a propriedade), por graças por ela concedidas…

Dessa adoração mercantil de uma Senhora revestida de luz que apareceu sobre uma azinheira, facilmente se cai na idolatria de uma imagem, surda, muda, perante a qual muitos se prostram, de joelhos e de mãos estendidas, na ilusória esperança de uma solução mágica para as suas aflições.

Mas que Nova Evangelização tão estranha, que passa por procissões, venerações doentias a relíquias e a uma imagem associada a um culto atávico…

Parece-me, a mim, que a espiritualidade que temos para oferecer é, afinal, velha e caduca, de séculos.

Estéril, claustrofóbica e subserviente, não é libertadora e em nada contribui para nos chamar à responsabilidade de construir o Reino, para nos aproximar de Cristo, ou para nos realizarmos plenamente como homens, filhos amados de Deus.

Se eu, Católico Romano, tenho vontade de fugir destas manifestações de fé, imagino os destinatários do nosso proselitismo…

Entretanto, a iluminada intervenção do nosso Bispo, Senhor Cardeal Patriarca D. José Policarpo, na segunda-feira passada no programa Prós e Contras da RTP, fez mais pela nova evangelização da cidade do que 7 procissões da Senhora de Fátima, acompanhadas pelas relíquias da Sta. Teresinha do Menino Jesus e da Santa Face.

Porém o Congresso para a Nova Evangelização é, felizmente, muito mais do que os infelizes actos simbólicos escolhidos para o assinalar.
cfr. em http://www.icne-lisboa.org/index.php?tem=1&cont_=100&lang=pt

1 Comments:

At 11 novembro, 2005 18:21, Anonymous Anónimo said...

Não sou crente e por isso nem devia estar aqui, mas concordo plenamente com o pedro Cruz, com tanta ladainha e idolatria ignorante que desvia cada vez mais do essencial, qualquer dia sacrificam um bode ou um borrego aos pés da figura da N.S..

 

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