200.000 !
...foi sensivelmente o número de pilulas abortivas, também conhecidas por pilulas do dia seguinte, adquiridas em Portugal no ano de 2004, não obstante os graves efeitos secundários que provocam às suas consumidoras.
Acresçamos a esta triste contabilidade o número de abortos (no sentido clássico do termo), não calculado, mas de certeza elevado, que todos os anos se fazem em Portugal e temos a dimensão da tragédia!
Face a esta realidade cabe perguntar ao nosso bispo, aos senhores bispos Portugueses:
Quando é que mudam de discurso quanto à admissibilidade dos meios (verdadeiramente) anticoncepcionais.
Eu gostava, enquanto Católico, de pregar a respectiva necessidade e importância.
É verdade que mantêm, relativamente a esta questão, um silêncio comprometido mas revelador do seu incómodo perante a teimosia do Vaticano...
Também é verdade que um mal maior não justifica um mal menor. Quando muito torna-o menos censurável...
Sucede, porém, que a utilização da maior parte dos meios anti-concepcionais (não abortivos) não importa mal algum na economia do amor conjugal, nem viola minimamente a dignidade do ser humano, que não existe enquanto não é efectivamente concebido.
Com efeito, todos os fundamentos que têm sido apontados para a respectiva condenação (dos meios anticoncepcionais não abortivos) são, a meu ver, frágeis e inconsistentes (pode ser que, a seu tempo, retome este ponto).
O evidente divórcio entre o clero e a grande maioria dos leigos é revelador de que algo está mal...
E não nos iludamos, a maioria dos Cristãos leigos em idade fértil tem uma de duas atitudes: ou não liga ao discurso oficial da Igreja quanto a este aspecto, ou, pior, afasta-se dela.
Bem sei que, desde há uns largos anos, tornou-se dominante a ideia segundo a qual o Espírito Santo só ilumina a Igreja na pessoa do Papa e da Cúria e, de vez em quando, na dos Bispos, numa perspectiva piramidal à boa e velha maneira Kelsiana...
E até mesmo em relação a estes assuntos, que em princípio não exprimentaram nem acham que devam vivenciar, esses clérigos têm ideias muito seguras acerca do que é a vontade de Deus, que lhes é revelada, presume-se, de forma mágica e totalmente desencarnada.
Mas mesmo aqueles que esqueceram ou sempre ignoraram o aggiornamento do Papa João XXIII e os ensinamentos do Concílio Vaticano II fariam bem em interrogar-se e deixar-se interpelar pela realidade, e pelo próprio Povo de Deus.
Ou julgar-se-ão Levitas?
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