Cristo Rei
«Disse-Lhe Pilatos: “Logo Tu és rei?” Jesus retorquiu: “Tu o dizes! Eu sou Rei! Para isto nasci, e para isto vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a Minha voz”» Jo, 19, 37
Encerrando mais um ano Litúrgico, eis que chega a festa de Cristo Rei.
Cristo, Rei, anuncia a Verdade, é a Verdade e o Seu Reino, que «…não é daqui.» Jo, 19, 36, é um..., é o Reino da Verdade.
Os dizeres que acintosamente encimaram a cruz – I N R I – só parcialmente correspondiam à verdade, mas acabaram proclamando a realeza de Cristo. Jesus não é, apenas, o Iesus Nazarenus Rex Iudaeorum, mas o que está escrito está escrito, e o que ficou escrito foi lido por todos.
É curioso, e simbólico, que a realeza de Cristo seja reconhecida e afirmada precisamente num julgamento, injusto, assente na mentira e na conveniência política.
Jesus, que no Sinédrio, perante o poder eminentemente religioso - Caifás, os anciãos do povo, príncipes dos sacerdotes e escribas -, reclama ser o Filho de Deus (p.e. Lc 22, 66-70), confirma a Sua Realeza perante Pilatos, representante do poder político.
Aquele(s) julgamento(s) e aquela condenação, simbolizam, para além do mais, este mundo e as suas regras. Naquele momento em que se concentram a mentira, a cobardia, a injustiça, a arrogância e a arbitrariedade, o tema central da alegação dos judeus e das questões de Pilatos é o de que Jesus se reclama rei.
E Jesus acaba mesmo sendo reconhecido Rei, proclamado Rei, tendo até sido coroado (e ataviado com os símbolos da realeza), embora com a única coroa possível que nós homens de um mundo de mentira tínhamos para lhe impor – uma coroa de espinhos. Mt 27, 27-31
«Quem é da verdade escuta minha voz.» (Jo 18, 37) Todos os que se encontram com o Senhor, escutam seu chamamento à Santidade e empreendem esse caminho – Ele é o Caminho - convertem-se em membros do Reino de Deus.
Jesus convoca-nos para construirmos desde já o seu Reino, e para isso envia-nos o Espírito Santo, que nos concede as graças para nos Santificarmos, transformando-nos e transformando o mundo no amor.
O Reino de Deus, fundado por Cristo, já está no mundo através da Igreja e somos nós, com a força do Espírito Santo, os seus construtores. «Por eles eu rogo; não rogo pelo mundo, mas pelos que me deste, porque são Teus, e tudo o que é Meu é Teu e tudo o que é Teu é Meu, e neles sou glorificado. Já não estou no mundo; mas eles permanecem no mundo e eu volto para Ti. Pai Santo guarda-os em Teu nome que me deste, para que sejam um como Nós. Não peço que os tires do mundo, mas que os guarde do maligno. Eles não são do mundo como Eu não sou do mundo. Santifica-os na verdade; a Tua palavra é verdade.» (Jo 17, 9-11.15-17)
Enfim, é com enorme satisfação que, por feliz coincidência, acabo sendo paroquiano de uma freguesia - Algés - dedicada à Realeza de Cristo, e não à excelência de um dos seus órgãos, ou à de um dos seus discípulos...
Celebremos, pois!
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