terça-feira, janeiro 17, 2006

«Feiticeiro da palavra escrita»

...nas palavras de Jorge Amado.
Adolfo Correia Rocha - Miguel Torga - morreu a 17 de Janeiro de 1995, há 11 anos.
Foi recentemente homenageado em oportunista acção de campanha eleitoral pelo Alegre candidato, acção que rapidamente foi amesquinhada pelo seminarista de serviço, Louçã.
Nasceu em 12 de Agosto de 1907, em São Martinho de Anta. Deixou Trás-os-Montes aos 13 anos, para trabalhar numa fazenda, no Brasil, só regressando ao país cinco anos mais tarde, para estudar na Universidade de Coimbra, onde concluiu o curso de Medicina. Aí continuou a residir e a praticá-la.
Começou a escrever ainda estudante, mas foi na revista "Presença", de que foi co-fundador, que se revelou um dos autores de referência na revitalização da língua portuguesa. Desavindo com os restantes membros da publicação, fundou as revistas «Manifesto» e «Sinal».
Desde os poemas de «Ansiedade», em 1928, até aos 16 volumes do "Diários", evidenciou a portugalidade e o apego às raízes como matrizes centrais.
Denunciador, num estilo acutilante, das misérias de um país atrasado e desigual, não foi encarado com entusiasmo pelo regime do Estado Novo, que apreendeu com frequência as edições dos seus livros. Mesmo assim foi agraciado em 1969 com o Grande Prémio Nacional de Literatura, que recusou por se tratar de um prémio oficial, outorgado pelo regime.
Nas décadas seguintes consolidou a sua importância como nome fundamental da literatura, à qual, segundo alguns, terá faltado apenas a atribuição do Prémio Nobel da Literatura.
O autor do blogue questão-dos-universais, tem opinião diametralmente oposta e com interesse, mas não consegui localizar o texto que, em tempos, escreveu sobre o assunto.*
Para além das supra referidas são consideradas obras marcantes da sua produção literária: «Os Bichos», «Câmara ardente», «Contos da montanha», «O Senhor Ventura», «Pedras lavradas» e «A criação do mundo».

PS* Já encontrei e vale bem a pena conferir em http://questao-dos-universais.blogspot.com/2005/06/miguel-torga-o-grunho-um-longussimo.html